...

Pesquisar neste blog

07/07/2023

LIÇÃO 02 – A DETURPAÇÃO DA DOUTRINA BÍBLICA DO PECADO 3º TRIMESTRE DE 2023 (Rm 3.9-20)



INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos sobre a realidade do pecado à luz das Escrituras; veremos também chamada teologia liberal tenta a todo custo se livrar desta questão inerente ao ser humano caído; pontuaremos o que o pecado trouxe para o ser humano e quais as consequências deste terrível ato contra Deus.


I – A ORIGEM DO PECADO À LUZ DA BÍBLIA

A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam respectivamente: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4).

Quanto a origem do pecado, vejamos:

Deus não é o autor do pecado.

Precisamos destacar que de modo algum Deus pode ser responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a Deus, torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois afirma Tiago: “[…] Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13 - ARA).

O pecado no mundo espiritual.

De acordo com a Bíblia um número incontável de anjos foi criado por Deus (Hb 12.22); estes eram bons por natureza, assim como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos em alguns textos, podemos concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com que Lúcifer (nome tradicional dado a este anjo tirado de Is 14.12, da expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina) fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19; Lc 10.18; Ap 12.9). Como alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se Satanás” (CHAVES, 2015, p. 133).

O pecado no mundo físico.

No que diz respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado, perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois, como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém nessa direção. Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois, o tentador fez somente aquilo que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu lugar […] Deus criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é o mal-uso da liberdade” (2010, pp. 70,75). A resposta real é que Adão pecou porque escolheu pecar.

II – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O PECADO NA NATUREZA HUMANA

Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou consequências do pecado no homem, podemos destacar:

O pecado herdado.

Uma controvérsia gerada no século V (pelagianismo), foi a que a raça humana não teria sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem não herda o pecado original de seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia afirmar é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a raça humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa forma todos somos por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças apesar de nascerem com natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm 9.11) (SOARES, 2017, p. 92).

O pecado afetou todo o ser do homem.

O pecado no homem não é meramente um hábito adquirido, ele é uma herança natural do ser humano, ninguém precisa ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além de trazer a morte física, espiritual e eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3; Ap 20.14,15). A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: espírito (2 Co 7.1), alma (Rm 2.9) e corpo (Rm 8.10). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto (Is 1.3), emoção (Jr 17.9), vontade (Ef 4.18), consciência (1 Co 8.7), razão (Tt 1.15) e liberdade (Tt 3.3)”.

O pecado não destruiu totalmente a imagem de Deus.

Embora o homem tenha sido afetado extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a representação do próprio Deus (Gn 9.6; Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125).

O pecado não anulou a capacidade de escolha.

Embora tenha pecado e se tornado espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio permanece, ainda que desfigurada nos seres humanos (Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17). As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem tendo sua volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js 24.15; Rm 1.18-20; 2.14,15) (DECLARAÇÃO DE FÉ DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS, 2017, p. 101).

III – AS TEOLOGIAS MODERNAS E SUAS DETURPAÇÕES SOBRE O PECADO

Os padrões da ética humana baseadas no pensamento liberal mudam conforme as tendências dos valores morais da sociedade. Com o passar do tempo tem havido uma verdadeira “involução” no que diz respeito a ética, a moral e os bons costumes. Segundo Grenz (2016, p. 12) “há um consenso entre muitos observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às transformações. Na verdade, tudo indica que estamos fazendo a travessia da era moderna para a pós-moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). “Da expressão 'tempos trabalhosos', no grego, temos o adjetivo 'chapelos', que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral” (CHAMPLIN, 2014, p 502).

Vejamos algumas características da pós-modernidade e o posicionamento bíblico quanto a elas:

A negação dos absolutos.

Segundo Grenz (2016, p. 28), “os pós-modernos questionam o conceito de verdade universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de conhecimento, dando às emoções […] uma posição privilegiada”. Nancy (2000, p. 44) acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada se faz tão necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).

A relativização dos valores.

Há quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar, cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada pode ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade (2006, p. 318) diz que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada é definitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste, os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1Pd 1.16).

A inversão de valores.

Entende-se por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is 5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[…] mudaram a verdade de Deus em mentira […]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pelos formadores de opinião que utilizam a escrita, televisiva e a internet para disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua Palavra (Jo 16.13; 17.15).

CONCLUSÃO

Como pudemos ver nesta lição, o pecado só trouxe ruína e destruição. A queda nos fala do patamar que tínhamos, de uma comunhão quebrada e que o homem em si nunca poderá restaurar. O pecado foi um ato deliberado contra a santidade de Deus, como consequência a morte nos âmbitos e físicos e espirituais foram o salário recebido por tamanho mal. Louvamos a Deus por Jesus Cristo, que tem poder sobre o pecado como também para nos restaurar.

REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

CHAVES, Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.

GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

GRENZ, Stanley, J. Pós-Modernismo: uma guia para entender filosofia do nosso tempo. VIDA NOVA.

SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Nenhum comentário: