...

Pesquisar neste blog

10/11/2012

LIÇÃO 06 – JONAS – A MISERICÓRDIA DIVINA



 
INTRODUÇÃO

O Livro de Jonas é considerado como o “João 3.16” do AT e contém o relato do maior avivamento registrado na Bíblia onde toda a cidade de Nínive abandonou os seus caminhos iníquos e voltou-se para Deus (Jn 3.1-10). A lição de Jonas nos mostra as consequências que sobrevêm aos que deliberadamente desobedecem ao chamado de Deus. Estudaremos acerca deste profeta, considerado-o missionário do AT. Ele foi enviado a uma nação idólatra para anunciar o Deus Verdadeiro. Porém, esta lição também se torna uma advertência para nós, pois nos lembra que não podemos nos esconder diante dos olhos do SENHOR.

I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA JONAS

Identificado como “filho de Amitai” (2Rs 14.25; Jn 1.1), Jonas do hebraico “Yonah” era natural da pequena vila de Gate-Hefer que distava uns 4 Km ao norte de Nazaré, na Galiléia. A tradição judaica diz ser ele o filho da viúva de Sarepta que foi ressuscitado por Elias, mas isso nunca obteve uma sólida confirmação (ELLISEN, 2012, p. 350). Portanto, Jonas era galileu, bem como Naum e Malaquias. É mencionado como sendo um profeta de Israel durante o reinado de Jeroboão II no distrito da tribo de Zebulom atual Mashhad (2Rs 24.25; Js 9.1) […] Ao que parece, foi por meio de suas palavras de incentivo que Jeroboão II recuperou os territórios
perdidos anteriormente para os sírios (2Rs 10.32-33) e trouxe de volta um pouco da glória dos dias de Davi e Salomão (1Rs 8.65) [...] (GARDNER, 2005, p. 371). O livro narra dois grandes milagres: o primeiro é a experiência do profeta no ventre do grande peixe (Jn 2.1- 10), e o segundo é a conversão inteira de Nínive, uma cidade pagã (3.1-10).

1.1 Nome. Jonas, cujo nome significa pomba” era um nome muito comum em Israel […] era dado pelas mães aos seus filhos como um título afetuoso, pois a pomba é uma ave que demonstra muito carinho com os outros membros da sua espécie [...] (CHAMPLIN, 2001, p. 3547). Foi um profeta do Reino do Norte conhecido também como Samaria ou Efraim, e seu vaticínio aos ninivitas não foi o único de seu ministério. No período do rei Jeroboão II, quando era rei de Samaria, este restabeleceu os termos de Israel de acordo com
uma profecia do profeta Jonas (2Rs 14.23-25). Jonas foi chamado para pregar aos inimigos do povo de Deus, os assirios (Jn 1.1), que tinham um histórico de maldades e crueldades para com os povos dominados.

1.2 Livro. Este livro, diferentemente de qualquer outro do AT, contém de forma clara a mensagem da graça salvífica de Deus tanto para judeus como para gentios. Jonas de forma diferente dos outros profetas de Israel (Reino do Norte) e de Judá (Reino do Sul), foi chamado por Deus, para fazer algo que não estava em seu coração. Assim sendo, ele fugiu para escapar da desagradável tarefa de pregar à pagã cidade de Nínive que ficava cerca de 960 Km a nordeste da Galileia, viagem que durava em torno de três meses.
(SCHULTZ, 2009, p. 3553).

1.3 Período que profetizou. O período histórico do ministério de Jonas é narrado com detalhes em II Reis 14 e 15 e, nesses tempos, a Assíria exercia seu poderio no Oriente Médio. Era uma nação cruel e detestada por suas práticas desumanas. Jonas viveu na época de Jeroboão II, entre 793-753 a.C, quando o reino de Israel vivia sob pressão dos assírios (SOARES, 2003, p.209). O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nínive era a capital do império assírio –
inimigos declarados do povo de Israel.

1.4 Contemporâneos. O ministério de Jonas teve lugar pouco depois do profeta Elias (2Rs 13.14-19), que coincidiu parcialmente com o profeta Amós (Am 1.1) e foi seguido pelo profeta Oseias (Os 1.1) (STAMPS, 1997, p.1313).

II – A SITUAÇÃO DE ISRAEL E NÍNIVE

2.1 Situação política. A relação da Assíria com Israel (Reino do Norte) não era das melhores. Israel pagava tributos à Assíria até que Jeroboão II rebelou-se contra seus inimigos (2Rs 10.32-33; 1Rs 8.65). Independência política, expansão e prosperidade caracterizaram a nação de Israel durante o clímax do sucesso de Jeroboão II […] A dinastia de Jeú eventualmente conduziu o reino do Norte (Samaria ou Efraim) ao pico do prestígio econômico e político, durante a primeira metade do século VIII a.C. (SCHULTZ, 2009, p. 438).

2.2 Situação social. Israel sentia-se seguro e estava em ascensão, enquanto a Assíria achava-se em declínio político (ELLISEN, 2012, p. 353). As relações comerciais se expandiram e o comércio internacional floresceu acima de qualquer coisa que Israel conhecera desde os dias de Salomão. Nesta época de êxito comerciais e de expansão territorial, a cidade de Samaria (Reino do Norte) fortificouse diante da possibilidade de invasão estrangeira (SCHULTZ, 2009, p. 439).

2.3 Situação espiritual. Quando Israel (Reino do Norte) atingiu seu período culminante, apareceram dois profetas: Amós e Oseias.
Cada um deles, por sua vez, procurou despertar os cidadãos de Israel de sua letargia espiritual, mas nenhum deles conseguiu desviar o povo da apostasia (SCHULTZ, 2009, p. 440).

III – CONHECENDO UM POUCO A CIDADE DE NÍNIVE

Geograficamente, Nínive estava localizada a leste do rio Tigre e distante aproximadamente 960 Km de Israel, uma viagem de três meses nos tempos antigos. A Cidade de Nínive (atual Iraque) foi fundada por Ninrode, filho de Cam, neto de Noé, por volta de 4500 a.C. (Gn 10.11-12). Assíria é conhecida como o país de Ninrode (Mq 5.6), vindo Nínive a se tornar a capital do império assírio. Esta cidade é mencionada no tempo do rei caldeu Hamurabi como sendo a sede do culto de Istar. Em (2Rs 19.36) e em (Is 37.37) é ela, pela primeira vez, claramente indicada, como residência do monarca da Assíria. O rei assírio Senaqueribe reedificou-a, e foi morto ali quando estava em adoração no templo de Nisroque, seu deus. Nos dias do profeta Jonas era aquela capital uma cidade mui importante [...] e de três dias para percorrê-la” (Jn 1.2; 3.3). Os ninivitas era um povo de guerra, e eram conhecidos por sua crueldade. São indescritíveis as torturas que eles aplicavam aos seus prisioneiros. A arte bélica era a principal característica dos assírios. Os palácios de Nínive eram cobertos de esculturas em baixo-relevo, representando cenas de batalhas e da vida cotidiana dos assírios. Nos tempos de Jonas calcula-se que sua população era de 600.000 habitantes, incluindo 120.000 crianças e muitos animais.
O muro externo da cidade tinha 96 Km de extensão, 30 metros de altura e uma largura suficiente para três carroças conduzidas lado a lado. Havia 50 torres de 60 metros de altura para o serviço de vigilância realizado pelas sentinelas (ELLISEN, 2012, p. 352).

IV – A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DE JONAS

Este livro é um sério apelo para a ação evangelística e missionária da Igreja, que foi chamada para proclamar a Palavra (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Jo 20.21; At 1.8). Jonas é, com certeza, um profeta bem diferente dos demais chamados de “menores”. Ele teve um chamado missionário, e fez o que foi possível para fugir dessa vocação divina. O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e a sua soberania sobre TODAS as nações, ou seja, o Senhor está interessado em salvar TODAS as pessoas de TODAS as nacionalidades e de TODAS as tribos (Ap 7.9-10). Segundo Donald Stamps o comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal (1997,
pp.1312-1313), depreende-se neste livro uma tríplice mensagem: demonstrar a Israel (Reino do Norte) e às nações pagãs a magnitude e a ampliação da misericórdia divina através da pregação do arrependimento; demonstrar, através da experiência de Jonas, até que ponto Israel (Reino do Norte) decaía de sua vocação missionária original, de ser luz e redenção aos que habitam nas trevas (Gn 12.1-3; Is 42.6-7; 49.6) e lembrar ao Israel apóstata que Deus, em seu amor e misericórdia, enviaria à nação, não um único profeta, mas muitos
fiéis, que entregariam sua mensagem de arrependimento.

V – O PROFETA QUE FUGIU DE SUA MISSÃO

 Quando Deus mandou Jonas pregar àquela cidade, ele recusou-se a ir, por causa do ódio que sentia pelos assírios (Jn 4.1-4).
Os guerreiros assírios eram considerados os mais sanguinários e brutais e gostavam de inventar novas formas de torturar os prisioneiros. Frequentemente, obrigavam seus prisioneiros abrir a barriga das grávidas e arrancarem seus filhos e lançarem nas pedras, arrancavam a pele das pessoas, suas unhas, seus olhos, sua língua ou as erguiam no ar espetadas no peito por uma grande lança.
Talvez, pelo fato de conhecer a crueldade dos assírios, Jonas tenha relutado, pois seu próprio povo já tinha sofrido muito nas mãos deles e, naquele tempo, seus exércitos ameaçavam Israel. Seu livro mostra a resistência desse profeta ao propósito divino de evangelizar a raça mais cruel do mundo da época. E o que vamos verificar é que o inexplicável amor de Deus para com Nínive não encontra eco no coração de Jonas. Foram os preconceitos de Jonas que o levaram a fugir da Missão que Deus lhe havia ordenado.

Vejamos quais são:

Preconceitos políticos: Os ninivitas eram velhos inimigos de seu povo;
Preconceitos raciais: Os ninivitas eram gentios e não pertenciam ao povo escolhido (Israel);
Preconceitos religiosos: Os ninivitas eram um povo tão idólatra e pagão que nem devia ser perdoado.

Quantas vezes os nossos preconceitos nos impedem de sermos úteis a Deus. Os nossos preconceitos as vezes sufocam o amor às pessoas; aniquila nossa compaixão; obscurece nossa visão; seca as fontes da nossa espiritualidade e empobrece nossa mensagem. Jonas conhecia muito bem Nínive e a odiava porque sabia de suas crueldades, e também conhecia a Deus e seu amor, e sabia que Ele é misericordioso e grande em benignidade (Jn 4.2) e com certeza iria dar uma oportunidade de conversão aquele povo pagão. De acordo com a Revista Ensinador Cristão (2012, Ano 13, nº 52, p.39), não é demais chamá-lo de: egoísta: ele pensou em si mesmo com seu indiferentismo, e não na nação á qual Deus mandara ir; vingativo: ele desejava que os ninivitas fossem exterminados por Deus, por causa dos seus pecados e das atrocidades que cometeram e orgulhoso: seu senso nacionalista era muito forte, fazendo-o crer que ele estava acima da vontade de Deus.
Apesar da relutância em levar a mensagem, os ninivitas demonstraram a sua fé em Deus, humilhando-se perante Ele e jejuando, onde até mesmo a inclusão de animais no jejum é documentada em fontes extrabíblicas, tais como Heródoto, historiador grego, nascido no séc. V. a.C.

VI – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE JONAS PARA A IGREJA

Jonas era o típico judeu que nunca entenderia como seria possível que Deus viesse a amar os assírios. Ao contrário, ele esperava que o Deus Javé se voltasse contra eles e os destruísse. O registro da missão do profeta jonas é LITERAL, e portanto, HISTÓRICO e não ALEGÓRICO como alguns teólogos liberais afirmam. Assim, o livro foi interpretado pelo Senhor Jesus (Mt 12.38-42; 16.4; Lc 11.29-32). O relato de Jonas mostra que ninguém pode fugir de Deus, e que o amor de Deus excede todo entendimento humano (SOARES, 2003, p.210). Ao invés de ir para Nínive (atual Iraque), Jonas tomou um navio para Társis (considerada por muitos estudiosos, como sendo Tartessus, situada na costa sudoeste da atual Espanha), um lugar muito distante de onde Deus o havia enviado.
O registro de Jonas é uma ilustração veterotestamentária da verdade contida em João 3.16 “Porque Deus AMOU O MUNDO de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que TODO aquele que nele CRÊ não pereça, mas TENHA a vida eterna”.
Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se deleita em colocar sua graça à disposição de TODOS os homens sem acepção, e não apenas de Israel e Judá. O Senhor faz o profeta entender que tomou as  rovidências para que houvesse uma missão de misericórdia, com a finalidade de prover remédio para o pecado e para a degradação moral e espiritual de todo o mundo e demonstrar ainda que: Deus está interessado não somente em um povo seleto (Israel), mas também nos gentios (Gn 12.1-3; Is 42.6-7; 49.6). Se Deus teve
tanto interesse pelo futuro de Nínive uma nação pagã, então TODOS OS POVOS devem ser vistos como objetos de seu amor, graça e misericórdia. E assim Jonas aprendeu a lição:
• Que a salvação não é recebida por obras, mas pela graça mediante a fé demonstrada pelo arrependimento, como ocorreu com os ninivitas (Rm 10.9; 13; Ef 2.5; 8);
• Que o Deus dos hebreus, também expressava amor e interesse pelo mundo todo, e que oferecia o perdão e salvação até mesmo aqueles que Jonas preferia odiar (Jn 4.10-11);
• Que ele mesmo experimentou o perdão de Deus quando foi desobediente e recebeu uma nova oportunidade para obedecer, e esta mesma oportunidade foi dada aos ninivitas (Jn 2.1-10; 3.1);
• Que Deus julga a iniquidade em todas as esferas e, do mesmo modo, reage ao arrependimento de todas as nações (Ez 18.21).

CONCLUSÃO

Ao estudar o livro de Jonas, percebemos que fora escrito com o propósito de lembrar o alto valor da pregação missionária. Deus não quer que ninguém se perca, mas deseja que todos venham ao arrependimento (2Pe 3. 9). E que apesar das imperfeições do pregador, a mensagem de Deus alcançou o resultado desejado e sua imensa compaixão pelos homens foi demonstrada eficazmente.

REFERÊNCIAS
• GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
• SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD