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14/12/2012

LIÇÃO 11 – AGEU – O COMPROMISSO DO POVO DA ALIANÇA



INTRODUÇÃO
Ageu é o primeiro de três livros pós-exílicos do AT (os outros dois são Zacarias e Malaquias). Ele é chamado de “o profeta”(Ag 1.1; 2.1,10; Ed 6.14) e embaixador do Senhor (Ag 1.13). A profecia de Ageu tinha por objetivo encorajar os desanimados judeus que retornaram do exílio a reconstruir o templo, depois dos setenta anos do cativeiro babilônico.

I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA AGEU

Nome. Do hebraico Haggai significa “festividade” ou “festivo”. Provavelmente ele recebeu este nome porque o seu nascimento coincidiu com uma das festas judaicas. Seu nome está ligado ao maior objetivo de sua profecia, que era completar o templo para reiniciar as festividades religiosas. A tradição judaica sustenta que ele nasceu na Babilônia e estudou sob a orientação do profeta Ezequiel.
Evidentemente veio para Jerusalém após o retorno do primeiro grupo de exilados em 537 a.C., pois o seu nome não consta da lista dos que retornaram (Ed 2.2) (ELISSEN, 2004, p.329).

Livro. O livro de Ageu contém dois capítulos e quatro mensagens, cada uma delas introduzida pela frase “a Palavra do Senhor” como veremos a seguir: (1ª) Ageu repreende os judeus por estarem tão interessados em suas próprias casas, revestidas de cedro por dentro, enquanto a Casa de Deus permanecia em desolação (Ag 1.4). (2ª) Poucas semanas depois, a reação dos judeus, que haviam visto a glória do primeiro templo e que consideravam como nada o segundo, começava a desanimar o povo (Ag 2.3). Ageu, então, exorta os líderes a se mostrarem corajosos, porque seus esforços faziam parte de um quadro profético mais amplo (Ag 2.4-7); e “a glória desta última casa será maior do que a da primeira” (Ag 2.9). (3ª) A terceira mensagem de Ageu conclama o povo a viver uma vida de santa obediência (Ag 2.10-19); e (4ª) A última mensagem prediz que Zorobabel representaria a continuação da linhagem e da promessa messiânica (Ag 2.20-23).

Contemporâneos. Zacarias, um profeta mais jovem, foi contemporâneo de Ageu. Os dois tornaram-se os principais incentivadores dos trabalhos de restauração, ao apressarem o povo recém-chegado do exílio a reiniciar a construção do Templo (ELISSEN, 2004, p.329).

Contexto histórico e político do livro. Em 538 a.C., Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus exilados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel (Dn 9). O primeiro grupo de judeus a voltar a Jerusalém, havia lançado os alicerces do novo templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10). No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra acabou por ser interrompida em 534 a.C. A indiferença espiritual generalizou-se, induzindo o povo a voltar à reconstrução de suas próprias casas. Em 520 a.C., Ageu, acompanhado pelo profeta Zacarias, conclama Zorobabel e o povo a retornar a construção da casa de Deus. Quatro anos mais tarde, o Templo foi completado e dedicado ao Senhor (Ed cap. 4-6). Elissen (2004, p.330), nos relata as datas e os acontecimentos relativos ao contexto do livro:

DATA ACONTECIMENTO

538 a.C. Decreto de Ciro para o retorno dos judeus a fim de reconstruírem o Templo (Ed 1.1).
537 a.C. Retorno dos primeiros cativos sob governo de Sesbazar (Ed 2.1); o altar foi erguido e as ofertas foram reiniciadas em Jerusalém (Ed 3.6).
536 a.C. Começa a reconstrução das fundações do Templo (Ed 3.10).
534 a.C. Reconstrução interrompida devido a ameça dos samaritanos (Ed 4.4-5).
530 a.C. Interrupção oficial da reconstrução por ordem de Artaxerxes (Ed 4.6, 21).
521 a.C. Ascensão de Dario Histaspes ao trono persa (Ed 4.5).
520 a.C. Retomada da construção do Templo após a insistência de Ageu e Zacarias (Ed 5.1,2; Ag 1.14,15); Decreto de Dario I para recomeçar a construção do Templo, com garantia de subsidio e proteção a fim de assegurar o seu término (Ed 4.24; 6.8).
516 a.C. Templo terminado em 3 de março (Adar), possibilitando a observância da Páscoa em 14 de abril (Ed 6.19).
Contexto religioso. Em 537 a.C. começou uma grande era para os judeus com a volta do cativeiro e o reinício das ofertas da aliança em Jerusalém. Mas a pausa na reconstrução esfriou o entusiasmo de todos, e eles se voltaram para interesses pessoais. Todavia, essas atividades resultaram em um castigo por não terem tido em alto apreço a fundação do novo Templo (Ed 3.12-13; Ag 2.3). Após aproximadamente 14 anos de negligência na reconstrução do templo, o Senhor mandou seca e má colheita ao povo a fim de alertá-lo.
Mandou depois os profetas Ageu e Zacarias mostrar-lhes a causa do problema econômico e sugerir que todos cuidassem da sua
responsabilidade mais importante, a reconstrução do templo do Senhor (ELISSEN, 2004, pp.330,331).

II – A MENSAGEM DO PROFETA AGEU PARA O POVO DE JUDÁ

Após o retorno do cativeiro babilônico, os judeus tinham uma importantíssima tarefa: reconstruir o Templo e restaurar o culto a
Jeová. Mas, além das dificuldades, a obra foi embargada por determinação do rei Artaxerxes, da Pérsia, por causa de uma denúncia acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24). Por causa disso, a obra arrastou-se, o povo perdeu ânimo e tornou-se egoísta cuidando apenas de suas moradias (Ag 1.4). Foi nesta ocasião que Deus levantou o profeta Ageu. Vejamos o resumo de
sua mensagem:

Mensagem de repreensão (Ag 1.1-11). Por causa do descaso do povo judeu para com o Templo, Deus os castigou e lhes sobreveio colheitas escassas, secas e miséria (Ag 1.6). Eles trabalhavam intensamente, mas não sentiam real alegria e motivação (Ag 1.6, 9-11).
Mais do que qualquer outra pessoa, Ageu foi o responsável por conseguir que a reconstrução recomeçasse e fosse concluída. Ele insistiu com os líderes e o povo para atender a essa prioridade, para que Deus pudesse derramar bençãos sobre todos os empreendimentos do povo: “Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso, retêm os céus o seu orvalho, e a terra retém os seus frutos” (Ag 1.9,10).

Mensagem de ânimo (Ag 2.1-9). Enquanto o povo edificava, novo desânimo apoderou-se deles. Os mais velhos, lembrando-se do esplendor do Templo de Salomão, mostravam-se decepcionados com o novo Templo, pois era inferior no tamanho e na suntuosidade da alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores em extensão e os recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra de ânimo, dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria no meio do novo templo: “E encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos” (2.7). “A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (2.9).

Mensagem de esperança (Ag 2.10-23). Esta mensagem de purificação e benção foi proclamada três meses depois que o templo foi iniciado. Por meio de perguntas e respostas, Ageu mostrou ao povo a sua impureza e pecaminosidade (Ag 2.11-14). Mostrou-lhes que as suas orações não eram respondidas porque tinham protelado por tanto tempo o término do templo. Por sua culpa haviam arruinado tudo quanto tinham feito (Ag 2.15-19). Mas, se renovassem o seu zelo, descobririam que Deus os abençoaria: Há ainda semente no celeiro? Nem a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei” (Ag 2.19).

III – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE AGEU PARA A IGREJA

Apesar de Ageu haver profetizado há cerca de 2.500 anos atrás, sua mensagem é atual e contemporânea. Vejamos:

“É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta? Ora, pois, assim diz o Senhor do Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos” (Ag 1.4,5). Os judeus que haviam retornado do cativeiro estavam tão ocupados com suas próprias casas que haviam se esquecido da Casa de Deus. O Senhor perguntou-lhes, então, como eles podiam viver com tanto luxo, enquanto o templo estava em ruínas. Semelhantemente, muitos cristãos estão tão ocupados com as coisas transitórias desta vida, que acabam esquecendo de investir no Reino de Deus. Não esqueçamos, pois, do mandamento divino, através do profeta Malaquias: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa...” (Ml 3.10a).

“Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado” (Ag 1.6). Pelo fato de o povo não dar a Deus o primeiro lugar em suas vidas, seu trabalho não era frutífero, nem produtivo, e suas posses materiais não eram satisfatórias, ou seja, a bênção de Deus foi retida. De igual modo, podemos enfrentar um declínio de bênçãos materiais e espirituais, quando não priorizamos a obra de Deus. Como disse o Senhor Jesus: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

“Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.4). Por intermédio do profeta Ageu, Deus animou não só o povo (Ag 1.7,8), mas, também, a liderança política e religiosa – Josué, o governador; e Josadaque, o sumo sacerdote – para trabalhar (Ag 2.4). Ele prometeu estar com eles, mas, exigiu esforço, trabalho e dedicação. Aprendemos que Deus age, quando nos dispomos a trabalhar para Ele (Js 1.6-9; Mt 28.19,20; Mc 16.20).

CONCLUSÃO

Ageu foi um dos profetas mais bem-sucedidos em termos de resultados imediatos. Suas palavras foram ouvidas, o povo reanimado, e o Templo foi reconstruído, mesmo diante de grandes dificuldades e oposições. Mas, não apenas isto. Ele profetizou que "A glória desta última casa será maior que a da primeira" (2:9). E, como a glória deste Templo foi inferior a do Templo de Salomão, em termos de tamanho e suntuosidade, cremos que esta glória não estava baseada em termos de prata e o ouro, mas, a presença do Senhor Jesus nele (Mt 21.12,14; Mc 11.11,15; Lc 19.45; 20.1; Jo 8.2,20,59).

REFERÊNCIAS

• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• MEARS, Henrieta. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA.
• CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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