INTRODUÇÃO
Veremos
nesta lição, a definição
do termo graça;
a diferença entre graça
comum e graça especial ou salvadora. Também
analisaremos quais as advertências quanto aos inimigos da fé
que o apóstolo Paulo traz ao jovem Ministro Timóteo;
e, por fim, estudaremos quais as características
dos falsos mestres e as consequências de seus falsos ensinos.
I
–
DEFINIÇÃO
DO TERMO GRAÇA
A
graça de Deus é
a qualidade pela qual Ele dá favor aos que não
o merecem. A palavra graça vem do grego “charis” e
tem vários significados:
(
a) aquilo que dá deleite;
(
b) disposição da qual procede de um ato
benevolente especialmente com referência
ao favor divino.
A
graça de Deus é
o dom da salvação em Cristo, como dádiva
de Deus ao pecador, indigno e merecedor do justo juízo
de Deus (Tt 2.11). A graça do Senhor é
a dádiva das bênçãos
diárias que recebemos dEle, sem merecê-las
(Jo 1.16). E, ainda, a dádiva da capacitação
divina no crente, para este realizar a obra de Deus (I Co 15.10;
Hb 12.28; 1Co 3.10).
II
A GRAÇA
COMUM E A GRAÇA
ESPECIAL OU SALVADORA
·
A graça
comum ou universal (alcança
todos indiscriminadamente) (Sl 104.10-30).
É
extensiva a todos os homens: “Abres
a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes” (Sl 145.16). Diz respeito ao favor de
Deus dispensado bondosamente aos seres humanos, no sentido de prover os meios
de subsistência a todos, sem distinção
“Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e
a chuva desça sobre justos e injustos" (Mt
5.45). A graça comum de Deus e sua longanimidade são
evidentes no fato dEle dá ampla oportunidade para todos os
homens busca-lo, dando-lhes as bênçãos
da vida, apesar de serem rebeldes contra Ele (At 14.1617; Rm
9.22).
·
A graça
salvadora ou especial (alcança
alguns através
do seu livre arbítrio)
(Tt 2.11, 3.4,5).
Esta graça
está diretamente relacionada com a salvação
(Ef 2.8,9). É a atitude (ou provisão)
graciosa do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (Rm 3.926). Ela
resulta da parte de Deus para com o pecador em: misericórdia (1Tm
1.2; 2Tm 1.2;
Tt 1.4; 2 Jo v.3;
Jd v.2I); benevolência (Lc
2.14b); paz (resultado da misericórdia
de Deus no coração do homem);
gozo (que é mais interior), bem como alegria,
beleza e adorno espirituais que são
mais externos (Rm 12.6). A provisão
divina para com o indigno transgressor da lei existia desde o AT (Êx
33.13; Jr 3.12;
31.2). A passagem de Atos 15.10,11 não
deixa dúvidas quanto a isso. No NT, a graça
de Deus para salvar o pecador é mencionada de maneira mais direta (Ef
2.7,8; I Tm 1.13,16;
Rm 5.20; Jo 1.16,17).
III
CARACTERÍSTICAS
DOS HEREGES
Paulo
lembra Timóteo do propósito
do seu trabalho como evangelista em Éfeso:
a correção do erro. “Certas
pessoas” estavam deixando de ensinar a
doutrina de Cristo em favor de “outra doutrina”
e “fábulas
e genealogias sem fim”. Por causa destas coisas, alguns não
estavam crescendo no “serviço
de Deus”, mas estavam se perdendo em discussões
inúteis (1Tm 1.34). Timóteo
precisava exortar a igreja acerca de “amor...
de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1Tm 1.5). Onde não
há amor pela verdade de Deus e pelas
pessoas que precisam da salvação, a consciência
se engana, e ao seguir e ensinar com fervor as doutrinas de homens, a fé
e as obras se tornam vãs e hipócritas
(1Tm 1.67; veja 2Ts 2.912;
1Tm 4.12; 2Tm 4.14;
Mt 15.720).
Vejamos
algumas advertências:
·
Falsos mestres contradizem a sã
doutrina (1Tm 6.3).
Um falso mestre é
qualquer um de dentro da igreja que se oponha ao que a Bíblia
ensina (2 Jo 9). “Guardai-vos dos cães” (Fp
3.2a). Os cães eram considerados animais imundos
na sociedade oriental. Eles não eram domesticados como hoje, pois
eram selvagens e viviam soltos como os lobos. Paulo faz uso dessa comparação,
para dizer que a igreja deveria ter cuidado com os judaizantes afim de que suas
doutrinas e práticas não
viessem macular a pureza da igreja. Semelhantemente, a Igreja necessita estar
vigilante quanto às heresias, ou seja, falsos ensinos e
doutrinas, que podem surgir, inclusive, no meio do povo de Deus (Gl 5.20;
I Tm 4.1; II Pe 2.13).
·
Falsos mestres promovem
imoralidade (2 Tm 3.5,6).
Paulo se referiu aos falsos obreiros,
como em (II Co 11.13) onde ele chama de obreiros fraudulentos. Pedro diz que
tais mestres negam o Senhor Jesus ao perseguirem “suas práticas
libertinas” (II Pe 2.2). Com certeza, estes eram
homens que não tinham o chamado divino para o
ministério e nem as qualidades, tais como:
fidelidade e zelo pela doutrina, como Timóteo
e Epafrodito (Fp 2.19, 25). Tal qual nos dias de Paulo, muitos falsos mestres têm
se levantado no meio do povo de Deus, principalmente na mídia
televisiva, pregando um evangelho distorcido, sem cruz e sem renúncia
(Mc 8.34; Lc 9.23), conduzindo as massas a uma
falsa espiritualidade, onde os valores monetários
são mais importantes do que as virtudes
da vida cristã (II Pe 2.3;
I Co 13.13).
·
Falsos mestres diminuem a
gravidade do pecado e do juízo
(2Tm 4.34).
Os falsos mestres se desviaram daquilo
que Paulo chama de “ a fé” (1Tm
1.2,19; 3.9;
4.1,6,21); “a
verdade” (1Tm 2.4,7;
3.15; 4.3;
6.3,5); “a sã doutrina” (1Tm
1.10; 6.3) e “o que te foi confiado” (1Tm 6.20). A preocupação
de Paulo era manter a sã doutrina livre das contaminações
de doutrinas falsas, deixando claro que existe uma doutrina que é
a correta, enquanto as demais são falsas. A palavra “heterodidaskaleô” (I Tm 1.3;
6.3) enfatiza o caráter objetivo da fé
cristã, que não
pode ser misturado ou igualado a outras doutrinas religiosas ou filosóficas
de nosso tempo e que dela os falsos mestres haviam se desviado.
·
Falsos mestres são
motivados por ganância
e ganho egoísta
(1Tm 6.5).
Paulo diz que os falsos mestres supõe
“que a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5). São
mercenários, não
seguindo o chamado de Deus. Transformam o ministério
em fonte de lucro, motivados por ganância.
Da mesma forma Pedro diz que, em sua “avareza”,
falsos mestres se aproveitam do povo de Deus com “palavras fictícias” (2Pd 2.3). De fato, o coração
deles é “exercitado
na avareza” (2 Pd 2.14).
·
Falsos mestres causam divisão
(1Tm 1.1819).
Timóteo
precisava ficar firme na luta contra falsa doutrina. Falsos mestres irão
tentar convencer o rebanho que a sã
doutrina causa divisão. Mas isso é
uma mentira (Jd 3,4; 1821). Esse é,
na verdade, o falso ensinamento que busca dividir e conquistar o povo de Deus.
Hoje há muitos que têm
“rejeitado a boa consciência” e
ensinam como doutrina coisas que não
fazem parte do evangelho do Senhor (1Tm 1.19;
4.13; 2 Jo 89). Devemos manter a fé
assim como Timóteo, pregando fielmente a Palavra do
Senhor para corrigir os que “blasfemam” com doutrinas falsas (1Tm 1.20).
·
Falsos mestres enganam o rebanho
( 2 Tm 3.5).
O falso mestre nunca aparece com uma
placa pendurada no pescoço onde se lê “sou
um falso mestre”. O pseudo mestre aparece disfarçado
de cristã. Ele possui a forma da piedade, mas
nega seu poder (Mt 7.15,16). Paulo sabia que Timóteo
precisava da Palavra de Deus para fazer o trabalho. Ele não
ordenava que Timóteo se apoiasse na sua “experiência”.
Em vez disso Paulo mandou: "tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina... porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes" (1Tm
4.16).
IV
–
ADVERTÊNCIAS
PAULINAS QUANTO AOS INIMIGOS DA FÉ
Uma
das marcas de identificação de um falso mestre é
que eles se recusam a aderir ao ensino religioso bíblico
(1Tm 6.3). A tarefa de Timóteo
na cidade de Éfeso não
era pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir “certas pessoas” que estavam promovendo erro doutrinário
(1Tm 1.3). Na primeira carta, para ajudá-lo
a combater estes falsos mestres, Paulo ensina a Timóteo
“como se deve proceder na casa de Deus” (1Tm 3.15). Embora que Timóteo
fosse ainda jovem (1Tm 4.12), ele teria que ensinar e ordenar estes mandamentos
de Deus aos irmãos de Éfeso
(1Tm 4.6,11,16). Vejamos:
·
Paulo iniciou esta carta a Timóteo
com alertas sobre falsos mestres (1Tm 1.3).
Ele também
refutou alguns dos ensinamentos perigosos (1Tm 4.1;
Fp 3.18a). Segundo Paulo, eram muitos
aqueles que procuravam perverter o evangelho. Deve-se ressaltar
também que esses “inimigos da cruz” eram crentes professos que viviam no
seio da igreja. A Bíblia na versão
ARA (Almeida Revista e Atualizada) traduz (Fp 3.18a) da seguinte forma: “Pois muitos andam entre nós”. Pelas
palavras do apóstolo, percebemos que ele já
havia advertido os crentes a respeito desses homens que propagavam heresias “dos quais muitas vezes vos disse” (Fp 3.18b).
·
“Que
são
inimigos da cruz de Cristo”
(Fp 3.18).
Dois grupos de pessoas se destacam
aqui como os “inimigos da cruz de Cristo”:
os gnósticos e os judaizantes. Paulo
encorajou Timóteo a continuar pregando a palavra,
corrigindo e repreendendo “com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2), mesmo no meio de muitas
perseguições pelas mãos
dos infiéis (2 Tm 1.8;
2.3; 3.1213; 4.5).
A ênfase de Paulo nestas duas cartas está
sempre voltada à Palavra de Deus. Tudo o que Timóteo
precisava, tanto para corrigir erros doutrinários
como para ficar firme no meio de tribulação,
ele poderia achar na Palavra do Senhor (1Tm 4.13;
2Tm 2.15).
CONCLUSÃO
Ao
término desta lição,
podemos concluir que Deus, o autor da nossa salvação,
nos providenciou sua maravilhosa graça,
tanto a comum como a salvadora, a fim de nos garantir a vida eterna. No
entanto, devemos ter muito cuidado, pois, o inimigo de nossa fé,
tem levantado muitos falsos mestres, para nos desviar do plano redentor e nos
conduzir a perdição eterna.
REFERÊNCIAS
● ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário
Bíblico
Pentecostal . CPAD.
● BOYER, Orlando. Espada Cortante .
CPAD.
● CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia,
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
● HENDRIKSEN, William. Comentário
do Novo Testamento . CULTURA CRISTÃ.
● STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
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