Fonte: PortalEBD
Iniciamos mais um
trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, triImestre “temático”, visto que
estaremos a analisar as aflições desta vida
terrena, que serve como que complemento para o tema do primeiro trimestre, em
que estivemos a verificar, como os amados irmãos se recordam, a falácia da
“teologia da prosperidade”.
Naquela ocasião,
vimos que o mote “pare de sofrer” que alguns têm adicionado ao Evangelho de
Jesus Cristo não corresponde à realidade bíblica. Muito pelo contrário, as
Escrituras mostram-nos, com absoluta clareza, que ao justo, ao salvo está
destinado viver
neste mundo sob o impacto de aflições e de sofrimentos, aflições e sofrimentos,
entretanto, que não são para comparar com a glória que será revelada a todos
quantos crerem em Jesus e permanecerem fiéis até o fim (Rm.8:18).
Por isso, aliás,
de forma muito feliz, escolheu-se como subtítulo do tema deste trimestre Salmo
34:19, onde Davi canta ao Senhor após ter passado por um dos momentos mais
angustiantes de sua vida, quando foi levado até Gate, a terra de Golias, até a
presença do rei Abimeleque, quando teve de se fazer de doido para não morrer.
Naquela
oportunidade, Davi aprendeu uma lição que lhe seria valiosíssima em todo o
restante de sua vida, qual seja, a de que o Senhor nem sempre livra o justo DA
aflição, mas que Se faz companheiro, amigo e protetor NA aflição. Por isso, não
podemos esperar que a salvação em Cristo Jesus nos livre dos problemas desta
vida, nem tampouco das dificuldades, mas, sim, que venha a estar conosco para
que, em tais situações, sejamos vencedores
e instrumentos para a glorificação do nome do Senhor.
A capa da
revista deste trimestre traz-nos
uma armadura típica dos soldados romanos dos dias apostólicos, armadura esta
que foi utilizada pelo apóstolo Paulo para figurar a verdadeira batalha
espiritual que se trava entre os salvos e as hostes espirituais da maldade.
Em Ef.6:10-18,
Paulo mostra a realidade de nossa peregrinação terrena, qual seja, a de uma
vida em que, apesar de estarmos em comunhão com o Senhor e, na verdade, por
causa disto, nos encontramos em intermitente conflito contra o diabo e
seus anjos, batalha esta que, inclusive, se estende tanto para o mundo, que se
encontra no maligno (I Jo.5:19), como para o nosso próprio interior, uma vez
que, enquanto não passarmos para a eternidade, livres ainda não estamos do
“corpo desta morte”, ou seja, da natureza pecaminosa, da carne, que quer nos
fazer pender para a morte (Rm.7:18-24; Gl.5:16,17).
LIÇÃO 1 – NO
MUNDO TEREIS AFLIÇÕES
Jesus só nos deu uma
certeza em nossa vida terrena: as aflições.
INTRODUÇÃO
- Neste
trimestre, estudaremos como vencer as aflições desta vida terrena.
- Jesus só
nos deixou uma certeza em nossa vida terrena: as aflições.
I – A SALVAÇÃO NÃO
ELIMINA AS AFLIÇÕES DA VIDA TERRENA
- Damos início a mais
um trimestre letivo, trimestre este em que estudaremos como vencer as aflições
desta vida, quase que um complemento do primeiro trimestre deste ano, quando
verificamos o que é a verdadeira prosperidade bíblica, prosperidade esta que
não significa, em absoluto, imunidade contra as dificuldades desta vida.
- Quando verificamos o
que o Senhor disse ao primeiro casal, por ocasião da sua queda, a respeito do
que significava a salvação, que Deus solenemente prometia providenciar ao
homem, bem percebemos que não se poderia, mesmo, conceber uma salvação que
livrasse o homem das agruras desta vida.
- O Senhor, no juízo
que fez sobre o primeiro casal, foi bem claro ao afirmar que a salvação
representaria o restabelecimento entre a amizade entre Deus e o homem,
impossibilitada por causa do pecado, o que representaria, “ipso facto”, a
inimizade com a serpente, ou seja, com o maligno (Gn.3:15).
- A salvação implicaria
em se pôr “inimizade entre o ser humano e a serpente”, ou seja, o homem
passaria a ser inimigo do diabo e, por conseguinte, inimigo do mundo, já que,
quem é amigo de Deus se torna inimigo do mundo (Tg.4:4). Por isso, o Senhor
Jesus disse que nada tinha com o príncipe deste mundo (Jo.14:30) e, se somos
participantes da natureza divina (I Pe.1:4), igualmente nada temos com ele, até
porque o mundo está no maligno (I Jo.5:19).
- Surge,
pois, em virtude da salvação na pessoa de Jesus Cristo, uma dissociação, um
conflito entre o salvo e o maligno, circunstância esta que, de pronto,
nos leva a uma vida de conflito, de embate espiritual, uma luta contínua,
intensa e incessante, o que, por si só, impede que tenhamos sossego,
tranquilidade ou uma situação de quietude enquanto peregrinarmos nesta Terra.
- Jesus, mesmo, disse
que, neste sentido, não tinha vindo para trazer paz para a terra, mas, bem ao
contrário, trouxera divisão e conflito, uma verdadeira guerra (Mt.10:34-36;
Lc.12:49-53), uma vez que a Sua vinda trouxe a possibilidade de salvação e
resgate do homem que, livre do maligno, passou a ser inimigo deste que, com
todas as suas hostes espirituais (Ef.6:12), tenta, de todas as formas, impedir
que o salvo persevere até o fim e alcance a glorificação.
- Este conflito,
trazido pela salvação em Cristo Jesus, começa em nós mesmos, uma vez que, com a
salvação, nosso espírito é vivificado e, assim, passamos a dominar sobre a
natureza pecaminosa, a carne, que continua em nosso interior. Passa a existir,
assim, uma luta entre a carne e o espírito em nosso interior (Gl.5:16,17), luta
incessante e que somente findará quando passarmos para a eternidade.
- Esta constante luta,
que se inicia no próprio interior do salvo em Cristo Jesus, é a própria origem
das aflições. “Aflição”, diz o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa, é “estado daquele que está aflito; sentimento de
persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia; profundo sofrimento”.
Vem da palavra latina “afflictio,onis”, cujo significado é “aflição,
inquietação, opressão”. A raiz da palavra é “-flig-”, que tem o
sentido primordial de “bater, chocar, golpear”, mostrando, assim, que toda
“aflição” é um golpe, um ataque, algo que abala a estabilidade de alguém.
- Na maior parte das
vezes, no Antigo Testamento, a palavra “aflição”, na
Versão Almeida Revista e Corrigida, é tradução da palavra hebraica “ ‘oniy”
(עני), cujo significado é “problema”, “pobreza”, “miséria”.
Já a palavra “aflições”, nas duas vezes em que aparece nesta versão no Antigo
Testamento, é tradução, em Sl.34:19 de “ra’” (רע), cujo significado é “mal,
maligno, adversidade” (também traduzida por “aflição” em outras
passagens,
como Sl.107:39) e em Sl.132:1, de “ ‘anah” (ענה), cujo significado é “aquilo
que abate, humilha, intimida, amedronta” (em Hc.3:7, há uma variação desta
palavra traduzida por “aflição”, a saber, “ ‘aven” – אןז).
- Notamos, pois, que,
no Antigo Testamento, a ideia de “aflição” está vinculada, precisamente à ideia
de um confronto, de uma oposição, de algo que se põe contra alguém e que lhe
traz abatimento, opressão e adversidade.
- Em o Novo Testamento,
a palavra “aflição” ou “aflições” é tradução de duas palavras
gregas. A primeira, usada, v.g., em Mt.24:21 e em Jo.16:33, é “thlipsis”
(θλιψις), cujo significado é de “tribulação”, “aquilo que mói, que tritura”; a
outra é “pathema” (πάθεμα), usada, v.g., em Rm.8:18, com
algumas variações, cujo significado é de “sofrimento”. Ambas as palavras
falam-nos, pois, de algo que se apresenta contra cada um de nós, que nos
constrange, que nos abate, que nos faz sofrer.
- Nas Suas últimas
instruções, o Senhor Jesus foi claríssimo ao dizer que, neste mundo, nós
teríamos aflições (Jo.16:33). O Senhor poderia ter dito que, neste mundo, os
salvos seriam abençoados, curados, batizados com o Espírito Santo, mas, como
Ele é a verdade, a única coisa que nos garantiu, com absoluta certeza e de modo
geral, é que os salvos teriam aflições. Nem todos são curados, nem todos são
batizados com o Espírito Santo, mas, certamente, desde o instante em que
recebemos a Cristo como nosso único e suficiente Senhor e Salvador, passaremos
a ter aflições neste mundo, visto que nos tornamos inimigos do mundo e amigos
de Deus.
- Por isso, o próprio
Senhor Jesus disse que quando tudo estivesse bem em nossas vidas, quando todos
estivessem a dizer bem de nós, seria um momento para pararmos e refletirmos
sobre a nossa vida espiritual, pois isto será um sinal de que as coisas não
andam bem, visto que estaremos sendo tratados como os falsos profetas
(Lc.6:26).
- Não estamos aqui a
dizer que os salvos em Cristo Jesus devem ser masoquistas, ou seja, desejarem
sofrer, quererem o sofrimento. Jesus disse-nos que as aflições são inevitáveis,
não que devem ser desejáveis. Nenhum crente gosta de sofrer, nenhum crente tem
prazer na aflição, na angústia ou no sofrimento, mas não deve se esquecer que,
enquanto estiver neste mundo, não podemos esperar senão aflições, angústias e
sofrimentos. É uma realidade da qual não podemos escapar.
- Dizer
que a salvação nos faz imunes a todo e qualquer sofrimento é uma mentira e,
como toda mentira, algo proveniente diretamente as hostes espirituais da
maldade, cujo chefe é o próprio pai da mentira (Jo.8:44). Somente haveremos de
ficar livres das aflições deste tempo presente quando nos encontrarmos com o
Senhor nos ares, quando, então, na glorificação, não mais teremos de sofrer.
- Não bastasse esta
realidade de que a salvação não elimina as aflições desta vida terrena, temos,
também, de compreender que, com o pecado, toda a terra se tornou maldita
(Gn.3:17-19), maldição esta que a criação geme, aguardando a sua redenção
(Rm.8:19-22), redenção esta, entretanto, que somente advirá no reino milenial
de Cristo.
- Deste modo, não há
como esperarmos que se construa um “paraíso terrestre”, pois a terra se
encontra maldita pelo pecado e, deste modo, não pode nos trazer benesses nem
estar ao nosso lado em nosso embate espiritual. Pelo contrário, o próprio Deus
a pôs a terra como um adversário a se contrapor aos interesses humanos.
- A salvação não nos
tira deste mundo. Apesar de salvos, disse-nos o Senhor Jesus, continuamos neste
mundo (Jo.17:11) e, inclusive, o Senhor não pede para que dele sejamos tirados
(Jo.17:15), sinal de que teremos de enfrentar todas as adversidades existentes por
causa da entrada do pecado.
- Embora resgatados do
pecado, somos mantidos nesta terra que, para os salvos, passa a ser, de modo
consciente, “a terra de aflição e de angústia, donde vem a leoa, o leão, o
basilisco e a áspide ardente voadora”, cujos tesouros não nos pode aproveitar
em coisa alguma (Is.30:6). Mas é necessário que, para nosso próprio bem, aqui
continuemos, para que alcancemos a varão perfeito, a medida da estatura
completa de Cristo (Ef.4:13).
II – O PAPEL DAS
AFLIÇÕES DESTE TEMPO PRESENTE EM NOSSA VIDA ESPIRITUAL
- Diante da realidade
de que, neste mundo, teremos aflições, precisamos verificar como elas são
apresentadas nas Escrituras Sagradas, a fim de que possamos enfrentá-las
corretamente, vez que o Senhor nos garante a vitória sobre elas, garantia esta
que está bem demonstrada na Sua própria vitória sobre este mundo (Jo.16:33).
- A
primeira vez que a Versão Almeida Revista e Corrigida fala em “aflições” é no
Sl.34:19, quando Davi afirma que “muitas são as aflições do justo, mas
o Senhor o livra de todas”. Devemos entender, nesta passagem que, como já dito
na introdução supra, foi proferida pelo salmista num momento extremamente
angustiante de sua vida, não há como fugirmos de muitas aflições.
- A vida
do justo sobre a face da Terra é uma sucessão de aflições. Como
costumava dizer o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), “depois de
uma tempestade, vem outra tempestade” na vida do cristão. O apóstolo Paulo
disse que a vida do crente é “de fé em fé” (Rm.1:17), algo que somente é
possível precisamente porque, a cada instante de nossas vidas, temos de confiar
em Deus para superar as dificuldades e obstáculos que diuturnamente se
apresentam em nossa caminhada rumo ao céu.
- As
aflições não são poucas. Diz a Bíblia que são muitas. Por isso, ainda
mais quando estamos a atravessar o período que Jesus denomina de “princípio de
dores” (Mt.24:8), ou seja, o tempo que já prenuncia o pior período da história
humana, não é para estarmos atrás de “sombra e água fresca”, mas, sim, tempo de
termos consciência de que atravessamos um período extremamente difícil, em que
servir a Deus será cada dia mais difícil e angustiante.
- No entanto, o Senhor
também inspirou Davi para dizer que, apesar de serem muitas as aflições do
justo, o Senhor o livra de todas. Aleluia! Deus está conosco para nos garantir
o livramento. Jamais teremos de suportar sofrimentos, angústias ou adversidades
maiores que as que podemos suportar. O Senhor está conosco e tem condições de
nos manter libertos do pecado e do mal, garantindo que todas as dificuldades
sempre contribuirão para o nosso bem espiritual (Rm.8:28).
- Desta realidade,
aliás, dá-nos testemunho o apóstolo Paulo, que, ao falar de todas as suas
aflições para o seu filho na fé, Timóteo, disse, sem qualquer dúvida, que o
Senhor o havia livrado de todas elas (II Tm.3:11) e, por isso mesmo, concitava
aquele jovem obreiro a não ter medo, mas, antes, assumir que, como evangelista
que era, deveria igualmente sofrer aflições em sua peregrinação terrena (II
Tm.2:3; 4:5).
- O justo não fica
imune às aflições, mas, se se mantiver justo, ou seja, se se mantiver obediente
ao Senhor, temente a Deus e guardador da Sua Palavra, certamente será liberto
das dificuldades, será vencedor nos embates contra o maligno, porque o Senhor
assim o prometeu. Por isso, o salmista podia dizer: “Olha para a minha aflição
e livra-me, pois não me esqueci da tua lei” (Sl.119:153). Crê nisto, amado(a)
irmão(ã)? Se sua fé não é suficiente para crer nesta promessa, ore como os discípulos
do Senhor: “Acrescenta-nos a fé” (Lc.17:5 “in fine”). E, muitas vezes, a fé é
aumentada através da aflição, como vemos no caso de Israel (Ex.4:31).
- No Sl.132:1,
o salmista, na vinda da arca para Jerusalém, num momento de júbilo e de
alegria, inicia seu cântico com uma assertiva até certo ponto intrigante:
“Lembra-Te, Senhor, de Davi e de todas as suas aflições”. Mesmo num instante
grandioso em que o rei Davi levava a arca para Jerusalém, voltando a fazer o
povo de Israel a pôr no centro de sua vida o culto ao Senhor, depois de tantos
anos de menosprezo, o salmista (que bem pode ter sido o próprio Davi), pede ao
Senhor que Se lembrasse de Davi e de todas as suas aflições.
- As
aflições, como se percebe, têm um caráter pedagógico
importantíssimo, qual seja, o de impedir que o homem, nos momentos
felizes de sua vida sobre a face da Terra, entenda que é um deus, que é dotado
de poderes extraordinários, que independe de Deus. Este sentimento, insuflado
no gênero humano pelo próprio Satanás (Gn.3:4,5), é uma das grandes armadilhas
que fazem com o que o homem venha a se perder eternamente.
- No momento de júbilo
e glória, Davi é lembrado, no salmo que era entoado enquanto se levava a arca a
Jerusalém, que tinha passado por muitas aflições, mas que estava naquela
situação favorável por causa exclusivamente da mão do Senhor. As aflições
permitem-nos revigorar a memória e lembrar quem somos e que, sem o Senhor, nada
podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”). É precisamente o que diz o salmista no
Sl.119, quando afirma que foi bom ter sido afligido, pois isto fez com que ele
guardasse a Palavra e aprendesse os Seus estatutos (Sl.119:67,71). Não é por
outra razão, também, que o escritor aos hebreus rememora àqueles crentes, que
estavam titubeantes quanto ao prosseguimento na jornada da fé, do seu passado
de grande combate de aflições (Hb.10:32).
- Por isso, aliás, o
Senhor mandou que Israel celebrasse anualmente a páscoa com ervas amargas e
pães asmos, símbolo da aflição que passaram no Egito (Nm.9:11; Dt.16:3), para
que, na Terra Prometida, jamais viessem a se esquecer que tinham sido escravos
no Egito (Dt.24:18,22), lembrança, inclusive, que os levaria a ter um
tratamento digno ao órfão, à viúva e ao estrangeiro. Na nova aliança, não é
diferente, pois temos sempre de comemorar a morte do Senhor, para nos
lembrarmos das Suas aflições, aflições estas que nos deram a salvação
(Lc.22:19; I Co.11:24,25).
- A
aflição, muitas vezes, é o remédio usado por Deus para levar os homens ao
arrependimento de seus pecados e à conversão(I Rs.8:35; Sl.25:18). Por
intermédio da aflição, o Senhor faz-nos lembrar dos compromissos que com Ele
assumimos e, deste modo, afigura-se como uma oportunidade que temos de nos
arrepender e de voltarmos aos Seus pés (Sl.38:18).
- Esta é a razão pela
qual Moisés, em seu salmo, pede ao Senhor que nos alegre pelos dias em que
fomos afligidos (Sal.90:15), pois as aflições revelam a fidelidade do Senhor,
ou seja, o Seu compromisso de nos fazer o melhor (Sl.119:75). Que jamais
caiamos na mesma situação dos ninivitas que, por sua grande impiedade, não
seriam mais afligidos pelo Senhor (Na.1:12) e, por causa disto, foram
inteiramente destruídos. Que Deus nos guarde, amados irmãos!
- As aflições
apresentam-se, também, como uma forma de nos levar nossa mente e coração ao
exemplo de Jesus. Quando o Senhor nos disse que, no mundo, teríamos aflições,
também disse que para que tivéssemos bom ânimo porque Ele havia vencido o mundo
(Jo.16:33).
- Através das aflições
desta vida, somos levados a observar, com mais cuidado, o exemplo de Jesus e
isto só nos faz bem em nossa vida espiritual, visto que devemos, neste mundo,
olhar para Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2). As aflições não
permitem que nos distraiamos e percamos o foco de nossa vida espiritual, o que
é uma grande bênção para todos os que estão caminhando para o céu.
- Quando somos
afligidos, a fim de ganharmos forças para vencermos, temos de olhar para o
Senhor Jesus e, assim, lembrando que Ele venceu o mundo, adquirimos o
necessário bom ânimo para também enfrentarmos as dificuldades e, por
conseguinte, pela graça de Deus, vencê-las em nome do Senhor.
- Neste passo, aliás,
as aflições fazem-nos sentir que, realmente, vivemos, já neste mundo, em
comunhão com o Senhor, pois passamos a participar, inclusive, das Suas aflições
(Fp.3:10; Cl.1:24). Ao sofrermos como Ele sofreu, temos mais um alento: a de
que também seremos glorificados, como Ele foi glorificado (Rm.8:17). Por isso,
os apóstolos se regozijaram quando se viram dignos de sofrer afronta pelo nome
de Jesus (At.5:41), algo que também ocorreu com Paulo (Cl.1:24) e que deve
também ocorrer conosco, como nos ensina o apóstolo Pedro (I Pe.4:13).
- As
aflições, ainda, promovem o desencantamento do mundo e introduzem o anelo pelo
lar celestial. O apóstolo Paulo diz que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada
(Rm.8:18). Assim, quando sofremos neste mundo, deixamos de tê-lo como algo
atraente, algo desejável e começamos a entender que, neste mundo, nada há de
tão bom que nos permita trocá-lo por aquilo que o Senhor Jesus tem nos
prometido.
- Diante de um colorido
cada vez mais intenso do mundo, com suas atrações, as aflições permitem-nos
lembrar que tudo aqui é ilusão, que este mundo é um mundo de ilusões e que a
verdade está reservada para nós no lar celestial para onde estamos caminhando.
Não fossem as aflições desta vida, certamente seríamos seduzidos por este mundo
e perderíamos a nossa salvação.
- Um exemplo disso
temos na vida de José. O Senhor fê-lo passar por muitas aflições no Egito para
que, quando se tornasse governador daquela terra, não a desejasse. Assim é que,
ao ter seu segundo filho, José deu-lhe o nome de “Efraim”, que significa
“aumento”, “crescimento”, porque reconheceu que Deus o fizera crescer na terra
da sua aflição (Gn.41:52), mas agora governador do Egito, nem por isso passou a
desejar aquele lar, a ponto de ter feito seus irmãos jurarem que levariam seus
restos mortais para a terra de Canaã (Gn.50:25). As aflições têm o condão de
nos fazer desprender das coisas desta vida e foi esta uma das razões pelas
quais sobreveio a aflição sobre Israel no Egito, para que os israelitas
tivessem o mesmo sentimento que José tivera (Ex.3:17).
- Mas as
aflições também nos permitem desfrutar do consolo divino. Assim como
nós sofremos as aflições, também, por causa delas, temos acesso à consolação
divina (II Co.1:5-7). São as aflições que nos permitem sentir a companhia de
Deus, a Sua presença em nós através d’Aquele que sempre está ao nosso lado, o
Espírito Santo. São as aflições que nos permitem experimentar que Jesus cumpriu
a Sua promessa de não nos deixar órfãos (Jo.14:18).
- As aflições
permitem-nos, também, lembrar da humanidade de Cristo Jesus e, deste modo,
fazer-nos com que nos aproximemos mais ainda d’Ele, compreendendo que tudo que
passamos, Ele também passou, com o fim de ser o Príncipe da nossa salvação
(Hb.2:10).
- Ao passarmos pelas
aflições desta vida, temos a oportunidade de olhar para Cristo e vê-l’O não só
como autor e consumador da nossa fé, mas como alguém que também participou de
todas as aflições deste mundo e foi vencedor e que, portanto, nos entende, nos
compreende e nos ajuda a superar todas as dificuldades. Esta experiência da
companhia e da presença do Senhor junto a nós nesta peregrinação terrena é
sentida, ainda na antiga aliança, pelo salmista (Sl.22:24; 31:7; 106:44).
- As aflições
permitem-nos sentir a humanidade de Cristo, o que nos é fundamental pois é como
homem que o Senhor Jesus é nosso mediador diante do Pai (I Tm.2:5). Pelas
aflições, desfrutamos daquela comunhão direta com o Senhor e a experimentar a
Sua intercessão diante do Pai. Por isso, aliás, não têm razão alguma os
romanistas quando dizem que é preciso requerer a intercessão de santos ou de
Maria, como “ajuda” a chegarmos a Cristo, visto que as aflições nos fazem
conformes à morte do Senhor, nos aproximam d’Ele, pois Ele não é um inacessível
e alguém que não nos pode entender, visto que, nas aflições, Ele é
coparticipante de tudo quanto estamos a sofrer, pois Ele tudo padeceu para este
mesmo fim. Aleluia!
- As
aflições, ainda, fornecem autoridade aos ministros na casa do Senhor.
Pedro identificou o presbítero como aquele que era “testemunha das aflições de
Cristo e participante da glória que se há de revelar” (I Pe.5:1). Um obreiro é,
antes de mais nada, alguém que foi devidamente experimentado nas aflições,
para, através delas, mostrar o seu testemunho, que se constituirá em sinal de
sua autoridade diante dos irmãos.
- Um dos grandes
problemas que encontramos nas igrejas locais, na atualidade, é a presença de
obreiros que ainda não experimentaram as aflições deste mundo, que não foram
devidamente provados para, então, ser aprovados para o ministério, como, aliás,
exige a Palavra de Deus (I Tm.3:10). Hoje em dia, há um sem número de neófitos,
ou seja, pessoas que são espiritualmente imaturas, novatos, que ainda não foram
devidamente provados pelas aflições deste mundo, a fim de que demonstrem o seu
testemunho e, desta maneira, tenham condições de estar à frente do rebanho do
Senhor. É preciso sermos purificados e provados na fornalha da aflição
(Is.48:10)!
- As
aflições, por fim, também permitem o desenvolvimento da nossa vigilância
espiritual. São elas que nos permitem perceber que o maligno está a
nos enfrentar, que estamos numa batalha espiritual e que, portanto, não podemos
pestanejar, não podemos dormir, pois corremos risco de sermos mortos se assim
agirmos.
- Por esta razão, o
apóstolo Pedro disse que, ao percebermos a aproximação do diabo que, como leão,
vem bramando buscando a quem possa tragar, devemos resistir-lhe firmes na fé,
sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os irmãos no mundo (II Pe.5:9).
- Esta vigilância não
só nos faz ficar alerta com relação ao inimigo, como também nos traz a
consciência de que somos o corpo de Cristo e que, portanto, tudo que estamos a
passar é também algo que os demais irmãos estão a sofrer. As aflições, desta
maneira, produzem em nós um sentimento de fraternidade, de amor fraternal, que
é um sentimento fundamental para que tenhamos crescimento espiritual, visto que
só há como crescermos espiritualmente quando os crentes mutuamente se ajudam e
se relacionam.
- Este crescimento
espiritual, inclusive, decorre da própria aflição do irmão, pois, quando o
vemos suportar todas as adversidades com fidelidade e paciência, isto também
nos encoraja a seguirmos um tal exemplo, temos um fortificante espiritual para
as nossas próprias vidas, como, aliás, os tessalonicenses produziram no
apóstolo Paulo (II Ts.1:4).
III – AS AFLIÇÕES DESTE
TEMPO PRESENTE
- Assim que o homem
ingressa neste mundo, passa ele por aflições, uma vez que o pecado entrou neste
mundo (Rm.5:12) e o homem não foi feito para pecar. Antes mesmo que o ser
humano venha a respirar o ar deste planeta, ele já sente “o cheiro de morte”
exalado pelo sistema maligno que acorrenta a humanidade(II Co.2:16) e passa por
aflições e dificuldades em virtude do pecado. Basta vermos a escalada satânica
em prol do assassinato de seres humanos antes mesmo de seu nascimento, como a
destruição de ovos (por meio das “pílulas do dia seguinte”), de embriões
humanos (através da permissão de pesquisas com células-tronco embrionárias) ou
de fetos (através do aborto), sem falar nas más formações a que todos estamos
sujeitos uma vez concebidos.
- O primeiro drama,
pois, que se apresenta ao ser humano é o que poderíamos chamar de “dramas
biológicos”. Feitos para viver eternamente e ter saúde perfeita, por causa do
pecado, nosso tempo de vida torna-se “tempo que falta para morrer”, pois somos
destinados ao pó de onde fomos tirados (Gn.3:19). Destarte, vivemos sempre sob
o problema existencial da morte, que nos causa, à evidência, aflição, já que
não foi para morrermos que fomos criados. É tanta esta angústia trazida que
houve filósofos, inclusive, que entenderam que a este problema existencial se
circunscrevia toda a humanidade (os filósofos chamados “existencialistas”, como
Martin Heidegger e Jean Paul Sartre).
- Ao lado desta aflição
que é a certeza da morte física, temos, também, a dura realidade das enfermidades,
que nos acometem ao longo de nossa existência, tanto a justos como a injustos.
A enfermidade, que nos faz sentir a proximidade da morte física, apresenta-se,
pois, como outro drama biológico, que nos traz aflições.
- Não é, entretanto, a
morte física a única consequência que temos em virtude do pecado. O próprio
Deus disse ao primeiro casal que haveria um relacionamento nada fraterno entre
os seres humanos, visto que eles estavam alijados do amor, que é o próprio Deus
(I Jo.4:8).
- Por isso, em razão do
pecado, os homens odeiam-se mutuamente, pensam somente em si próprios, são
egoístas e, como se verificou logo no limiar da história da humanidade decaída,
não pensam duas vezes em eliminar o seu irmão (Gn.4:8). Por isso, logo o homem
se vê afligido, também, pela violência social, pelo conflituoso relacionamento
com o próximo, que faz gerar um sem número de barbaridades, como inimizades,
porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, homicídios, parte das chamadas
“obras da carne”, descritas exemplificativamente pelo apóstolo Paulo em
Gl.5:19-21.
- Ao lado desta
violência social, que causa traumas, cada vez mais intensos e frequentes, eis
que estamos no “princípio de dores”, onde esta violência aumenta
consideravelmente (Mt.10:35,36; 24:5,6; II Tm.3:1-4), temos, também, como
resultado a desigualdade social, a injustiça na distribuição da riqueza
produzida, gerando a exclusão social, a extrema carência de recursos materiais
para a própria sobrevivência, fazendo com que muitos se aflijam grandemente apenas
para conseguir sobreviver a cada dia, excluídos estes que são apresentados, na
lei de Moisés, na figura das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros.
- Nesta mesma linha, há
de se acrescentar a estes fatores criadores de aflições a angústia decorrente das
dívidas, que já eram fator de desestabilização das pessoas na antiguidade,
quando elas, inclusive, perdiam a liberdade por causa do inadimplemento de suas
obrigações civis, como também a perda dos bens terrenos, notadamente quando se
coloca nestes bens a sua esperança e confiança.
- O pecado, também,
ingressa como uma motoniveladora de alta capacidade de destruição sobre a
família, esta obra-prima de Deus, que, por ser uma criação divina, é alvo
especial das hostes espirituais da maldade que comandam o sistema maligno
mundano. Assim, às aflições já existentes se somam a questão da divisão
espiritual no lar e a rebeldia dos filhos.
- Como se isto fosse
pouco, em decorrência deste egocentrismo decorrente do pecado, ainda se tem o
problema terrível da inveja, que causou, aliás, o primeiro homicídio da
humanidade e cujo efeito deletério é tanto que a própria Bíblia diz que se
trata de “podridão dos ossos” (Pv.14:30).
- Cada uma destas
aflições sempre estudadas durante este trimestre letivo, dificuldades grandes
que temos de enfrentar a cada dia mas que, estando em Cristo, venceremos pela
Sua graça.
COLABORAÇÃO
PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
Um comentário:
Paz do Senhor! Parabéns pelo seu blog, pois ele é muito edificante. Que nosso Deus continue te iluminando através de postagens que faz toda a diferença! Já estou seguindo seu blog e aguardo sua honrosa visita, comentário e seguimento em meu blog, o endereço é: http://adjardimpaulistaalto2.blogspot.com.br
Em Cristo!
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