Comentário feito pelo Irmão Evangelista Caramuru Afonso Francisco da Assembleia de Deus
Min. Do Belém Sede / São Paulo
O final da história da humanidade é o instante em que o homem, constituído para
ser o mordomo sobre a criação na Terra, terá de prestar contas para o seu
Criador.
INTRODUÇÃO
- Deus fez o homem
dotado de livre-arbítrio, ou seja, o homem foi feito com poder de escolha, com
liberdade para fazer o bem ou o mal. Entretanto, a liberdade tem um outro lado:
a responsabilidade. Desta forma, todas as escolhas feitas pelo homem trazem
consequências, que devem ser suportadas pelo próprio homem. O homem,
queira ou não, é responsável pelos seus atos e deverá prestar contas ao seu
Criador.
- A
responsabilidade é, portanto, um traço da humanidade, uma
característica ínsita à natureza humana e, por isso, todos os homens, salvos ou
pecadores, têm de ser julgados diante d’Aquele que é o Senhor de todas as
coisas, do nosso Deus. O último destes julgamentos é o chamado
“julgamento final”, ou “juízo final” ou, ainda, “juízo do trono branco”,que
é, propriamente, o tema de nossa lição.
I – OS JULGAMENTOS
PREVISTOS PARA OS HOMENS
- Na continuidade
do terceiro e último bloco de nosso trimestre, em que estamos a ter uma visão
superficial e muito breve do livro do Apocalipse, a partir do capítulo 4, estudaremos
hoje o julgamento do mal, que se mostra a partir do capítulo 16 do livro do
Apocalipse.
- O homem
é livre e, portanto, responsável pelas suas escolhas. Isto é
consequência da sua natureza humana. Deus o fez assim e, portanto, cada ser
humano, independentemente de obedecer a Deus ou não, tem de responder pelos
seus atos. A prova disto é que a responsabilidade do homem lhe foi anunciada
antes mesmo que tivesse pecado. Ao colocar o homem no jardim que havia formado
no Éden, Deus disse ao homem que ele poderia comer de todas as árvores do jardim,
com exceção da árvore do conhecimento do bem e do mal, tendo, então,
estabelecido a responsabilidade: “…no dia em que dela comeres, certamente
morrerás” (Gn.2:17b). Quando julgou o primeiro casal, Deus invocou esta
responsabilidade (cfr. Gn.3:11) e, em virtude disto, sentenciou-os à expulsão
do Éden e à separação entre Deus e o homem.
- A partir de
então, Deus estabeleceu o primeiro julgamento a que deve se submeter
cada homem: o juízo após a morte física. Em virtude do pecado, Deus
ordenou que os homens morressem fisicamente, o que não lhes havia sido
determinado ao princípio: “…até que se tornes à terra, porque dela foste
tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn.3:19 “in fine”). A morte
física é o primeiro julgamento que é feito ao homem em virtude dos atos que
praticou durante a sua existência terrena. É o que vemos em Hb.9:27: “ e, como
aos homens, está ordenado morrerem uma vez, vinde depois disso o juízo.”
- A morte
física é o primeiro instante do processo de julgamento de cada ser humano.
Cada homem (ou seja, ser humano, homem ou mulher) foi constituído como mordomo
da criação na Terra, ou seja, foi constituído por Deus para dominar sobre a
Terra e sobre tudo o que nela existe, tendo de prestar contas ao Senhor após o
término de seu trabalho, assim como se ilustra na parábola dos talentos
(Mt.25:14-30) ou das minas (Lc.19:11-27). Com a morte física, temos o que, na
atualidade, denominaríamos de “juízo preliminar” ou “juízo provisório”.
- Neste
julgamento, é decidido onde o indivíduo aguardará o julgamento definitivo,
que se dará em momentos diferentes, conforme as opções feitas pelo homem
durante sua vida. Dois são os locais onde os homens, atualmente, aguardam o
julgamento: o Paraíso e o Hades. É oportuno observar que, enquanto os homens já
mortos não são submetidos a julgamento, mantêm-se plenamente conscientes, como
nos ensina Jesus na história do rico e Lázaro (Lc.16:19-31) ou nos mostra o
próprio livro do Apocalipse, ao falar das mártires na Grande Tribulação
(Ap.6:9-11).
- O
primeiro julgamento definitivo que ocorrerá será o julgamento da Igreja,
daqueles que creram em Jesus e Lhe foram fiéis até o fim, pois, como nos diz o
apóstolo Pedro, o julgamento começa pela casa de Deus (I Pe.4:17). Este
julgamento faz-se necessário porque a Igreja, embora tenha alcançado a salvação
pela fé em Jesus, é formada de seres humanos e todos os homens devem responder
pelo que fizeram em sua existência, independentemente da sua condição
espiritual, pois isto decorre da própria natureza humana e Deus não faz acepção
de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25).
- O
julgamento da Igreja é o chamado “tribunal de Cristo”, que ocorrerá
logo após o arrebatamento da Igreja, antes das bodas do Cordeiro. Neste
tribunal, os crentes serão julgados pelas obras que tiverem feito por meio do
corpo, ou bem, ou mal (Rm.14:10; II Co.5:10). Este julgamento não
envolve salvação ou perdição, pois todos os crentes que forem arrebatados
estarão salvos,porque lhes foi dada a “pedra branca da absolvição”
(Ap.2:17), mas serão julgadas as obras com vistas à entrega de recompensas, do
“galardão” (Ap.22:12).
- Nesta
oportunidade, muitos serão surpreendidos, pois Deus conhece o coração do homem
(I Sm.16:7) e sabe a qualidade de tudo o que está sendo feito em Sua obra, não
atentando para a aparência, como sói ocorrer conosco. Diante disto, muitos que,
aparentemente, terão feito muito pela obra do Senhor, nada receberão, porquanto
suas obras serão consideradas como palha, como madeira, sem condição de
resistir ao crivo divino e outros, que, aparentemente, nada teriam feito pelo
Senhor, receberão galardões, pois trabalharam em silêncio, sem alarde, mas com
dedicação e real devoção. Os critérios do julgamento e o seu tratamento são
descritos em I Co.3:12-15.
- O
segundo julgamento é o julgamento de Israel, o povo escolhido de Deus.
A Grande Tribulaçãoserá o instante em que Deus tratará com a
nação israelita e, ao término da Grande Tribulação, Deus terá provado este povo
e só o remanescente será salvo.
- Aqui, de
imediato, vemos uma diferença entre quem fez parte do arrebatamento e quem não
fez: enquanto que o julgamento da Igreja não envolve salvação ou condenação
eternas, os demais julgamentos têm em vista o destino eterno dos indivíduos. Na
casa de Deus, na Igreja vitoriosa e glorificada, os crentes não correm risco de
perder a vida eterna, conquistada pela fé em Cristo Jesus, mas, tanto em Israel
quanto entre os gentios, o julgamento divino envolve a possibilidade concreta e
bem provável de se viver eternamente sem Deus e sem salvação.
- Por isso,
aproveitemos enquanto é dia, enquanto o Senhor está perto, na atual
dispensação, para ouvirmos ao chamado do Senhor e O aceitarmos como nosso único
e suficiente Salvador! Estamos ainda no ano aceitável do Senhor e não percamos
esta oportunidade, a fim de fugirmos do dia da vingança do nosso Deus
(Is.61:2). Não desprezemos o refrigério que nos é oferecido pelo Senhor
(At.3:19).
- O
julgamento de Israel e das nações se dará ao final da Grande Tribulação.
Quem aceitar a Cristo e rejeitar a besta alcançará a salvação em Israel. É o
remanescente que será salvo (Rm.9:27), porque se arrependerão de seus pecados e
aclamarão a Jesus como o Messias (Zc.12:10). Os que, entretanto, se deixaram
levar pelas promessas do Anticristo e cerraram fileiras ao lado dele, estarão
irremediavelmente perdidos.
- Os mortos que
morreram pela causa de Cristo durante a Grande Tribulação ressuscitarão e
reinarão com Cristo durante o milênio, juntamente com a Igreja, após terem sido
julgados pelas suas obras, no juízo que se estabelecerá logo após a batalha do
Armagedom, o chamado “julgamento das nações” (Ap.20:4). Este julgamento terá
como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com
Cristo o reino milenial e quem não passará o milênio, ficando a aguardar o
julgamento final e definitivo. Neste julgamento, serão ressuscitados apenas
aqueles que desfrutarão o milênio com Cristo, os bem-aventurados que completam
o número daqueles que tomam parte da primeira ressurreição (Ap.20:6). Os demais
indivíduos, com exceção do Anticristo e do Falso Profeta, que já terão sido
lançados vivos no lago de fogo e de enxofre, que será inaugurado naquela
oportunidade (Ap.19:20), aguardarão o julgamento que ocorrerá somente ao
término do Milênio.
- O
terceiro e último julgamento previsto para a história da humanidade é o chamado
“julgamento final” ou “juízo final” ou, ainda, o “juízo do trono branco”,
que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo, em seguida ao
juízo que porá fim a esta dispensação. Logo após os rebeldes serem devorados
pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar o lugar
santo em Israel (Ap.20:7-10), terá findado a história humana. O tempo deixará
de existir (Ap.20:11) e Deus chamará à Sua presença todos os seres humanos que
foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todos os
homens que não pertencem nem à Igreja, nem ao Israel salvo nem ao grupo dos
mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados. Estes outros homens
são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.
II – O LANÇAMENTO
DO JUÍZO DIVINO SOBRE A HUMANIDADE NA GRANDE TRIBULAÇÃO; O JULGAMENTO DAS
NAÇÕES E A EXECUÇÃO DO JUÍZO SOBRE O DIABO E SEUS ANJOS
- Conforme vimos
na lição anterior, após ter sido dada a última oportunidade para a humanidade
se arrepender, através da pregação do evangelho eterno por três anjos
evangelistas, iniciar-se-á a “hora de segar”, o instante da colheita, o momento
de os homens receberem o que merecem por não terem aceitado a Cristo Jesus como
seu Senhor e Salvador (Ap.14:14,15).
- Sabemos todos
que, em virtude do pecado, o homem se encontra irremediavelmente perdido e
destituído foi da glória de Deus (Rm.3:23) e, sem Cristo, não lhe resta senão
sofrer a ira de Deus, que sobre ele permanece desde o momento em que pecou
(Jo.3:36).
- No entanto,
desde o instante em que Cristo veio ao mundo, iniciou-se o tempo da graça de
Deus, que, tendo trazido a salvação aos homens, não permitiu que o juízo fosse
lançado enquanto o homem vivesse sobre a Terra, dando-lhe oportunidade para que
se arrependesse dos seus pecados. Assim foi que, durante largo tempo na
história da humanidade, manteve aqui a Igreja, com a missão de pregar o
Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15), testificando de Cristo
até os confins da Terra (At.1:8), além de, por sinais, prodígios e maravilhas,
confirmar a palavra de salvação que fora pregada (Mc.16:20; Hb.2:3,4).
- Mesmo após o
arrebatamento da Igreja, consoante estudamos na lição passada, o Senhor, na Sua
infinita misericórdia, fez com que os 144.000 (cento e quarenta e quatro mil) e
as duas testemunhas pregassem o Evangelho do reino, que levou à conversão de
muitos, todos estes, como também vimos, inevitavelmente mortos pelo Anticristo.
- Mas, desde que a
Igreja foi arrebatada, o Senhor, também, ao lado da pregação do Evangelho do
reino, não deixou de demonstrar o Seu desagrado para com os impenitentes,
iniciando a demonstração do juízo divino, numa paulatina e longânima diminuição
do exercício da Sua misericórdia.
- Ao permitir a
ascensão do Anticristo, fez com que um rastro de destruição e morte
acompanhasse a falsa paz propalada pela besta, como se vê no tocante à abertura
dos seis primeiros selos(Ap.6), sendo que, no sexto selo (Ap.6:12-17), temos a
evidência da soberania divina, quando uma série de fatos da natureza revelam
aos homens, sem qualquer dúvida, de que o Anticristo não era um deus, nem
tampouco poderia ser adorado.
- Em seguida à
abertura do sexto selo, que é seguido pela proclamação do Anticristo como um
deus, no auge de seu reinado, o Senhor dá prosseguimento o derramamento de Sua
ira sobre o mundo, mas o faz ainda parcialmente, através das sete trombetas
(Ap.8,9 e 11:15-19), ainda abrindo a oportunidade para que os homens se
arrependam através da pregação angelical.
- Terminada esta
pregação, porém, chega o momento da ceifa, da colheita, pois
“…Deus não Se deixa escarnecer, porque tudo o que homem semear, isso também
ceifará” (Gl.6:7). Este tempo da colheita, aliás, foi anunciado tanto por João
Batista (Mt.3:12; Lc.3:17) como pelo próprio Jesus (Mt.13:40-42).
- Esta
ceifa será determinada pelo próprio Senhor Jesus(Ap.14:14-16), que,
aliás, desde o início do livro do Apocalipse, é apresentado, glorificado, não
só como sumo sacerdote mas, também, como o supremo juiz.
- Esta
ceifa começa com o lançamento das sete taçasque consumam a ira de Deus
sobre a humanidade impenitente (Ap.15:1), as sete últimas pragas em que o
Senhor completa o juízo iniciado com as sete trombetas. Eis um breve sumário
das sete taças:
a) primeira
taça– uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e
que adoravam a sua imagem (Ap.16:2);
b) segunda
taça– morte de todas as criaturas marinhas (Ap.16:3), terminando-se,
assim, o que havia sido iniciado com a segunda trombeta (Ap.8:8);
c) terceira
taça– as águas doces tornam-se em sangue, ou seja, deixam de ser
potáveis (Ap.16:4), completando-se, assim, o juízo da terceira trombeta
(Ap.8:10,11);
d) quarta
taça– os homens são abrasados com grandes calores, o verdadeiro “aquecimento
global” (Ap.16:9);
e) quinta
taça– o reino da besta torna-se tenebroso (Ap.16:10);
f) sexta
taça– secam-se as águas do rio Eufrates e espíritos de mentira
convencem os governantes do mundo a guerrear contra o remanescente de Israel
para destruí-lo totalmente (Ap.16:12-16);
g) sétima
taça– o maior terremoto de todos os tempos (Ap.16:17-21).
- Por ocasião do
grande terremoto, quando as nações da Terra já estarão reunidas no vale de
Josafá (Jl.3:2), também chamado de vale do Armagedom (Ap.16:16), sob o comando
do Anticristo, para a destruição do remanescente fiel de Israel, que, tendo
rompido com o Anticristo logo após ter ele se declarado deus e profanado no
templo, fugiu para esta região da Judeia (Mt.24:15-22), terá início a
destruição do sistema gentílico rebelde contra Deus, a “Babilônia” de que fala
o texto do livro do Apocalipse (Ap.17,18).
- Na batalha
do Armagedom, o próprio Jesus, acompanhado da Igreja, aparecerá em
glória nas nuvens dos céus e será reconhecido como o Messias pelos judeus que
estarão na iminência de serem destruídos (Is.63:1-6; Ap.1:7; 19:11-19) e,
mediante o reconhecimento dos judeus de que Jesus é o Messias, serão eles
salvos e sobre eles se derramará o Espírito Santo, tornando-os o reino
sacerdotal para o Milênio (Zc.12, 14; Jl.3).
- O Senhor
vencerá o Anticristo e o Falso Profeta, como também os seus exércitos,
e as duas bestas serão lançadas vivas no lago de fogo e enxofre(Ap.19:20),
inaugurando este terrível local, que foi preparado para o diabo e seus anjos
(Mt.25:41).
- Após o
lançamento das bestas no lago de fogo e enxofre, o Senhor Jesus fará o
julgamento das nações, ou seja, determinará quem participará
do milênio e quem não o fará, separando, assim, os bodes das ovelhas
(Mt.25:31-46). Todos que se levantaram contra Israel e creram nos espíritos de
mentira que saíram da boca da trindade satânica, congregando-se contra o povo
de Deus no vale do Armagedom (Ap.16:13,14), serão mortos (Ap.19:14).
- Somente serão
poupados, para participar do reino milenial de Cristo o remanescente de Israel
e as nações que não se aliaram ao Anticristo, que não aceitaram pôr o sinal da
besta em suas testas e mãos, que creram na mensagem da pregação angelical do
evangelho eterno.
- Em seguida a
esta seleção, um anjo descerá do céu e aprisionará o diabo,
que já terá sido precipitado na Terra por ocasião do início da manifestação da
ira de Deus (Ap.12:7-9), lançando-o no abismo, lugar temido por todos os
demônios (Lc.8:31; Jd.6), para que fique mil anos sem poder tentar a humanidade
(Ap.20:1-3). “…O Senhor Jesus Cristo, o supremo juiz, já sentenciou Satanás a
mil anos de prisão no abismo e não há advogado deste ou de qualquer outro mundo
que possa anular ou mesmo atenuar esta sentença. Este abismo não é o inferno, o
lago de fogo. O lago de fogo será inaugurado pela besta e pelo falso profeta
(Ap.19:20). A prisão de Satanás terá duração de mil anos.…” (OLIVEIRA, José
Serafim de. Desvendando o Apocalipse: o livro da revelação, p.128).
- Ao
término do milênio, o diabo será solto e voltará a enganar as nações,
levando-as a se rebelar, uma vez mais, contra o Senhor. Os rebeldes se reunirão
e cercarão Jerusalém, mas a rebelião será desfeita mediante a descida de fogo
do céu que a todos devorará (Ap.20:7-10), ocasião em que o diabo,
então, será, juntamente com seus anjos, lançado no lago de fogo e enxofre,
onde já terão estado, há mil anos, as bestas.
- “…A queda de
Satanás nesta secção [Ap.20, observação nossa] alude, profeticamente, à queda
de todos os poderes do mal, conforme se depreende da secção seguinte. Ele tinha
já passado mil anos no abismo, mas isso foi uma ação intermediária. Agora,
entretanto, ele sofrerá a sua derrota final e irá para seu destino. Finalmente,
a cabeça da serpente é ferida para sempre (Gn.3:15). A vitória conseguida sobre
o diabo no Calvário agora recebe operação completa. Sua queda será gradual. Ele
será expulso dos ares para a terra e o mar no período da Grande Tribulação
(Apo.12:9 e s.). Será aprisionado por mil anos (Ap.20:2 e s). E então, no texto
em foco, derrotado completamente pela ação poderosa e imediata de Deus,
mesclada de ira. Este capítulo do Apocalipse é a consolidação no que diz
respeito a toda e qualquer revolta ou rebelião do ser humano ou de hostes
espirituais do mal. O bem triunfará e o Cordeiro de Deus tirará definitivamente
‘…o pecado do mundo’ (Jo.1:29) e só existirá no Universo a semente do bem…”
(SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed.,
p.258).
- Temos, então, a
execução do julgamento de Satanás e de seus anjos. Falamos em execução, pois o
diabo e seus anjos já foram julgados no instante mesmo em que pecaram contra
Deus. O próprio Jesus, em Seu ministério terreno, já afirmara que o príncipe
deste mundo já estava julgado (Jo.16:11). Aqui haverá a execução, o cumprimento
deste julgado.
III – O JUÍZO DO
TRONO BRANCO
- Como temos
visto, Deus dotou o homem de liberdade e, portanto, o homem deve responder
pelos seus atos. Esta responsabilidade exige um julgamento e Deus, como é
justo, determina que todos os seres humanos sejam julgados pelos seus atos. Se
entre os homens, tão falhos e imperfeitos, há a ideia de que é necessário fazer
justiça, que podemos dizer de Deus, cujo caráter e natureza são em muito
superiores aos dos homens?
- Deus, então, não
poderia, mesmo, em vista de Seu caráter, encerrar a história da humanidade sem
que chamasse à responsabilidade cada ser humano pelos atos que tenha praticado
durante a sua existência, a fim de definir se, na eternidade que se seguirá à
história, poderá, ou não, desfrutar da convivência eterna com o seu Criador,
que é o objetivo precípuo de todo o plano estabelecido por Deus ao homem
(Ap.21:3).
- O
julgamento final é chamado de “juízo do trono branco”porque a
narrativa bíblica se inicia com a visão de um “grande trono branco”, seguida da
fuga da presença da terra e do céu (Ap.20:11). Ocorrerá depois do término do
reino milenial de Cristo e, na Bíblia, este julgamento é explicitamente
mencionado, pela primeira vez, por Daniel (Dn.7:9,10), sendo algo que era de
pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, quando se
dirigiu ao Senhor quando Este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Seu
amigo (Jo.11:24).
- Antes mesmo da
profecia de Daniel, a ideia de que Deus julgará os homens não era desconhecida
dos judeus. O Antigo Testamento já nos permite vislumbrar esta realidade de um
julgamento divino em relação ao homem, como se vê, por exemplo, em alguns
salmos, como os de número.50, 75 e 94.
- O juízo do trono
branco é o “último dia” da crença dos judeus, o dia em que todos irão
ressuscitar e comparecer perante o Senhor para prestar contas do que tenham
feito, entendido que não serão julgados nesta oportunidade nem a Igreja, nem os
mártires da Grande Tribulação, nem o Israel salvo, que já terão sido julgados
anteriormente, pois se constituem na “casa de Deus” (I Pe.4:17).
OBS: “…no
último dia…se referia à noção judaica acerca do fim do mundo, isto é, do
presente sistema mundano, quando o Messias chegasse a fim de estabelecer uma
nova ordem neste mundo, restaurando a glória ao reino de Israel, ocasião em que
haveria uma ressurreição geral dos justos, porquanto, segundo as ideias que os
judeus faziam a respeito, os injustos ordinariamente não eram considerados
dignos de fazer parte da ressurreição. O cristianismo, por outro lado inclui
uma ressurreição geral para toda a humanidade, segundo se pode ver nos trechos
de João 5:28,29 e Apo.20:4-6.…” ( CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento
interpretado, com. Jo.11:24, v.2, p.468).
- Jesus também
menciona este julgamento, quando profere o Seu sermão escatológico, como vemos
em Mt.25:31-46, onde, explicitando o que já havia sido predito em Dn.7:13, ou
seja, de que Ele próprio, o Filho do homem, haveria de efetuar o julgamento,
diz que este julgamento se iniciará logo após a Sua vinda triunfal em glória (o
“julgamento das nações” mencionado supra) e terminará com o “juízo do trono
branco”, quando, então, serão separados definitivamente aqueles que irão para o
gozo eterno e os que padecerão o tormento eterno para todo o sempre (Mt.26:46).
Este processo, iniciado no “julgamento das nações”, somente se findará no
“juízo do trono branco”.
- Este ensino de
Jesus foi, depois, confirmado pelos apóstolos e pelos escritores do Novo
Testamento. Paulo afirma que Jesus há de julgar os vivos e os mortos (II
Tm.4:1), assim como Pedro (I Pe.4:5). Tiago, também, alerta para o fato de que
todos serão submetidos ao julgamento divino (Tg.2:12,13; 3:1;4:12), assim como
João (II Jo.8) e Judas (Jd.15).
- A ideia de que
Deus julgará os homens, aliás, é uma ideia que perpassa por todos os povos e
civilizações, sendo uma demonstração de que se trata de um conhecimento dado ao
homem desde as mais priscas eras, algo que o inimigo não conseguiu apagar da
memória do ser humano, pois há certos aspectos da divindade que não podem ser
eliminados, até porque os homens comparecerão diante de Deus sem condição
alguma de se desculpar (Rm.1:18-20). Já entre os egípcios, havia uma crença a
respeito do julgamento a que são submetidos os mortos, crença esta que alguns
estudiosos entendem tenha até influenciado a concepção judaica a respeito do
tema. De qualquer maneira, é uma daquelas noções que se encontram em todos os
povos, a mostrar, claramente, que não há como alguém escapar do juízo divino.
- Aliás, pelo que
vemos nas Escrituras Sagradas, desde Enoque (Jd.14), o mundo tem sido
confrontado com o julgamento divino, não tendo sido outro, aliás, o teor da
mensagem de grandes homens de Deus ao longo da história da humanidade, como Noé
(“o pregoeiro da justiça” – II Pe.2:5), Jonas (Jn.3:4 “in fine”) e João Batista
(Lc.3:7-9).
IV – OBJETIVOS DO
JULGAMENTO FINAL
- Deus terá
encerrado a história humana. Com o devorar dos últimos rebeldes com fogo
descido do céu e a execução da sentença lançada sobre o diabo quando de sua
rebelião contra Deus, dizem-nos as Escrituras que a terra e o céu fugirão da
presença do Senhor (Ap.20:11), ou seja, chega-se ao clímax, ao término da
existência do Universo relativo, da criação que o Senhor havia feito e posto
sob o domínio do ser humano.
- Assim, deixando
de ter razão de ser a existência de todas as coisas que haviam sido criadas em
função do homem, é chegado o instante de todos os seres humanos que já
existiram e que ainda não foram julgados serem levados à presença do Criador, a
fim de que prestem contas da mordomia de que foram investidos. Sem que isto
ocorra, não é possível que sejam criados novos céus e nova terra, pois nosso
Deus não é injusto nem Deus de confusão e a criação de novos céus e terra
exigem a resolução de todas as questões morais pendentes na atual criação. Uma
das finalidades do juízo final, portanto, é a de eliminar as pendências ainda
existentes e, deste modo, ultimar e concluir a dimensão física hoje presente no
Universo relativo.
- Com o julgamento
final, Deus, também, mostrará que é o Senhor de todas as coisas. Todo
julgamento, nos nossos dias, é uma expressão de soberania, ou seja, de domínio
e de poder. Toda vez que alguém é julgado por um tribunal, este tribunal está
dizendo que o governo ou a organização a que ele pertence tem poder, tem
supremacia, é superior a quem está sendo julgado, que, assim, lhe deve
obediência. Não é por outro motivo, por exemplo, que os Estados Unidos têm se
recusado a assinar o Tratado de Roma que criou o Tribunal Penal Internacional,
uma corte que julga os crimes contra a humanidade, ligado à Organização das
Nações Unidas, porque não aceitam a ideia de que a ONU possa lhes dizer o que
devem fazer ou deixar de fazer com relação à segurança das nações.
- No
julgamento final, portanto, Deus irá mostrar que é o Senhor
dos céus e da terra, que a terra Lhe pertence (Sl.24:1). É sintomático
observar que a Bíblia diz que, ao se estabelecer a Corte Divina, terra e céu
fogem da presença de Deus, porque “não se achou lugar para eles” (Ap.20:11), ou
seja, não há quem possa sequer ter posição, lugar ou existência diante deste
Deus, que é o Senhor de todas as coisas, o Eterno, Aquele que deu existência a
tudo o mais.
- Também é
importante verificar que Deus Se instala como Soberano para julgar já tendo
sentenciado o diabo e seus dois principais agentes (o Anticristo e o Falso
Profeta), para nos ensinar, a nós que ainda estamos na dispensação da graça, de
que só Ele é Soberano e que ninguém, nem mesmo o diabo, pôde, em algum momento,
competir com Ele a respeito do controle e do domínio do mundo. O diabo nada
governa nem nada tem, sendo apenas um ser atrevido e que tem agido única e
exclusivamente por permissão divina, porque sua ação serve aos sublimes
propósitos do Senhor. Assim sendo, não aceitemos os pensamentos, doutrinas e
ensinos que procuram criar um falso dualismo entre Deus e o diabo no universo,
pois “nosso Deus é Soberano, Ele reina desde a fundação do mundo”.
- Mas, além da
prova da Sua soberania sobre tudo e todos, o julgamento final também
tem por finalidade fazer justiça. Deus tem exercido a Sua misericórdia
e a Sua bondade desde o momento em que o homem pecou. Com efeito, expulsou o
homem do jardim do Éden, mas não permitiu que ele tomasse do fruto da árvore da
vida, impedindo-o de ter um destino eterno irremediável, como ocorreu com o
diabo e seus anjos. Mas, apesar de ser bom e de Sua misericórdia alcançar todas
as gerações (Ex.20:6; Dt.5:10), chegará o momento em que deverá executar a Sua
justiça, pois Deus, além de ser amor, também é justo (Sl.11:7) e a justiça é a
base do Seu trono (Sl.89:14; 97:2). Assim, se o julgamento final serve para
mostrar a Soberania de Deus, também serve para mostrar a Sua justiça, pois,
como indagou o próprio amigo de Deus, Abraão: “…não faria justiça o Juiz de
toda a terra ?” (Gn.18:25).
- A propósito, o
filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) demonstrou a existência de Deus
precisamente pela necessidade de que haja um julgamento que restabeleça a ordem
moral no universo. Como todos os homens são responsáveis, diz o filósofo, e,
nesta vida, perduram situações de injustiça, em que as pessoas não respondem
pelos danos e males cometidos, é evidente que tenha de haver um outro mundo em
que se faça justiça e, naturalmente, que exista um Juiz, superior aos demais,
que execute esta justiça. Vemos, portanto, que o julgamento final cumpre o
propósito de demonstrar não só a existência divina, mas o Seu caráter justo,
que nem sempre ficou evidenciado ao longo da história humana.
- Ao fazer
justiça, Deus irá mostrar a cada ser humano que há, sim, diferença entre o
homem que serve a Deus e o que não O serve. Muitas vezes, no mundo, somos
levados a ilusões e nos embaraçamos com as aparências, achando, como Asafe, que
não há qualquer vantagem em se servir a Deus e se chega, mesmo, a invejar os
ímpios (cfr. Sl.73). Entretanto, o julgamento final, de forma pública, notória
e diante de todos os seres humanos que já existiram sobre a face da Terra, será
mostrada a verdade patente, nua e crua de que vale a pena servir a Deus. Nesse
dia, como profetizou Malaquias, “…vereis outra vez a diferença entre o justo e
o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não O serve.” (Ml.3:18).
- O
julgamento final também tem o propósito de encerrar o cumprimento das promessas
de Deus. Após ter restaurado todas as coisas, mostrando o Seu poder
sobre o mal e o pecado, que é o objetivo precípuo do reino milenar de Cristo, o
Senhor promoverá o cumprimento de tudo aquilo que prometeu e disse a cada ser
humano que existiu: promessa de salvação àqueles que Lhe serviram e de
condenação àqueles que não Lhe deram crédito, que contra Ele se rebelaram. É o
momento do acerto de contas, da chamada à responsabilidade de todos os homens
que, tendo recebido de Deus o livre-arbítrio, a liberdade, dela usaram como
quiseram. Deus estará, então, finalizando o cumprimento da Sua Palavra para
esta dimensão histórica.
- O
julgamento final é o triunfo do bem sobre o mal, a determinação da
vida eterna para quem creu em Deus e O serviu e da morte eterna, a chamada
“segunda morte” (Ap.20:14), para quem rejeitou a Deus e contra Ele se rebelou.
Todos aqueles que se rebelaram contra Deus serão definitivamente julgados e
lançados no lago de fogo e de enxofre, onde já estarão o diabo, o Anticristo e
o Falso Profeta e os anjos caídos que, nesta oportunidade, terão, também, sido
julgados (Jd.6), num julgamento que deverá ocorrer pouco antes da execução da
sentença já lançada sobre Satanás e do qual participarão os santos do Altíssimo
(cfr. I Co.6:9). O mal será extirpado e, então, terra e céus serão substituídos
por nova terra e novos céus onde habitará a justiça (II Pe.3:13). Somente
depois que a iniquidade, o pecado, a injustiça for retirada é que se poderá ter
novos céus e nova terra, como nos ensina a Bíblia Sagrada e esta retirada se
fará mediante o julgamento final.
V – OS FUNDAMENTOS
DO JULGAMENTO FINAL
- Todo julgamento
tem de se basear em normas e regras que sejam claras e conhecidas de todos.
Ninguém pode ser julgado sem que haja uma lei que sirva de critério e de base
para este julgamento. É por isso que, na ciência jurídica, é sempre dito que a
função de julgar nada mais é que “a atuação da vontade concreta da lei”, ou
seja, a aplicação do que diz a lei para um caso concreto.
- Os julgamentos
divinos não fogem a este princípio, até porque este princípio adotado e
acolhido pelos juristas é decorrência do que o próprio Deus estabeleceu para o
homem, ao criá-lo e ao mundo onde ele vive.
- O
primeiro fundamento dos julgamentos divinos é a própria racionalidade humana,
ou seja, a capacidade de entendimento de que o homem foi dotado por Deus, para
ter consciência de si mesmo e do próprio Deus. Deus fez o homem um ser
pensante, um ser racional precisamente para que ele pudesse saber que é um ser,
que, enquanto ser, ocupa uma posição de inferioridade em relação a Deus e de
superioridade em relação à criação na Terra, bem como que tem o poder de
escolher entre obedecer a este Deus ou não. Consciência de si, de Deus, de sua
posição na ordem universal e de sua liberdade, são os pontos da racionalidade
humana e que são a primeira base para os julgamentos divinos.
- Esta
racionalidade e consciência geram uma liberdade que, como já vimos supra,
traduz-se numa responsabilidade. Por mais que os homens possam ludibriar e
enganar os seus semelhantes, conseguindo escapar aos julgamentos humanos, seja
porque os homens não conseguiram obter provas suficientes para responsabilizar
alguém, seja porque não houve interesse ou empenho dos julgadores em promover a
responsabilização, o fato é que sempre o réu culpado sabe que está errado e que
agiu contra a lei. Assim, ainda que seja absolvido, isto é, não seja
responsabilizado num julgamento humano, o réu sabe muito bem que a solução
correta e justa não seria esta, mas a sua condenação. Por quê? Porque a
consciência recebida de Deus lhe mostra que ele está errado e que deveria ser
condenado.
- Vemos, portanto,
o primeiro fundamento dos julgamentos divinos: o homem é livre e consciente e,
portanto, responsável pelos seus atos. Sabe Deus, pois foi quem criou todos os
homens, que não há um homem igual a outro em toda a história da humanidade. O
Senhor conhece a estrutura de cada um (Sl.103:14) e, por isso, determinou que
os julgamentos divinos sejam individuais. É importante observar que todos os
julgamentos divinos são individuais: tribunal de Cristo – cada crente será
julgado pelas suas obras; julgamento das nações – cada indivíduo de Israel e
das nações gentílicas será julgado pelas obras apresentadas durante o período
da Grande Tribulação para que se veja se é, ou não, digno de ingressar no
milênio; julgamento final – cada um dos seres humanos não incluídos nos
julgamentos anteriores será julgado segundo as suas obras. Os julgamentos são
individuais porque Deus avaliará o grau de consciência e de responsabilidade de
cada um, a fim de que os julgamentos sejam justos.
- Mas, além da
consciência e da responsabilidade de cada indivíduo, Deus, também,
usará a Sua revelação como fundamento para o julgamento. Vimos que
todo julgamento tem de se basear em uma lei e, além da consciência e
responsabilidade, que são regras, normas inseridas por Deus em cada ser humano,
há, também, a revelação do próprio Deus ao homem ao longo de toda a história da
humanidade.
- Deus, conhecendo
a fragilidade do homem, mormente depois que caiu e se apartou do seu Criador,
sempre teve interesse e desejo de Se revelar ao homem, fazendo-o seja pela
natureza, seja por Israel, seja pela Sua Palavra, seja pelo Seu Filho (em
carne, pela Igreja, pelos pregadores da Grande Tribulação, pelos anjos do evangelho
eterno). Deus não quis deixar apenas sob um aspecto subjetivo, interno, pessoal
de cada indivíduo o critério para alicerçar uma responsabilização, um
julgamento, mas, por meio de elementos puramente objetivos, externos a cada ser
humano, mostrou-Se ao homem, a fim de que ele pudesse conhecer qual era o
caráter de Deus e ao que deveria se assemelhar. Esta revelação divina,
portanto, será o critério e um dos fundamentos dos julgamentos divinos.
- Aqui, também, se
explica porque cada julgamento será individual. Deus irá
tratar a cada indivíduo conforme a revelação divina que teve. É, aliás, este o
sentido da expressão de Rm.2:12, onde Paulo diz que os que sem lei pecaram, sem
lei serão julgados e os que conheceram a lei, pela lei serão julgados. Nesta
passagem, Paulo nos mostra, com a clareza que lhe era peculiar, que Deus levará
em conta, no julgamento, o tipo de revelação que a pessoa teve de Deus, a fim
de que, segundo esta revelação, seja verificado se houve, ou não, observância e
obediência ao Senhor. Lembremos, desde já, embora venhamos a tratar do assunto
amiúde mais abaixo, que nenhum homem poderá se desculpar e dizer que não teve
como perceber a revelação de Deus a si (cfr. Rm.1:18-20).
- Mas, um
julgamento justo não se baseia apenas nas normas e regras abstratas, mas, como
deve ser a aplicação da lei ao caso concreto, é preciso que se apresentem,
também, fatos, provas que demonstrem ter ocorrido a observância, ou não, da
lei. É por isso que os julgamentos divinos não têm apenas a consciência, a responsabilidade
do indivíduo que está sendo julgado ou a revelação divina a este indivíduo, mas
também os registros de tudo aquilo que ele fez enquanto existiu sobre a face da
Terra. É este o sentido dos “livros” mencionados em Ap.20:12 “in fine”. Não
pensemos que haja um cartório no céu, com livros e mais livros, como os nossos
cartórios judiciais e extrajudiciais, onde fisicamente haja registros das obras
de cada indivíduo que já viveu sobre a face da Terra. Trata-se, evidentemente,
de uma figura, de um símbolo, mas, sem dúvida alguma, estão registrados diante
de Deus todos os atos praticados por todos os indivíduos e estes atos serão
apresentados no momento do julgamento, diante de cada réu. O justo juiz
mostrará a justiça julgando sempre com provas.
- Abrimos aqui um
parêntese no assunto da lição apenas para lembrar a todos nós que, sendo servos
do Senhor e tendo de ser a Sua imagem e semelhança, de modo algum podemos
proceder de forma diversa da que procede o nosso Deus. Se Deus que é
onisciente, ou seja, sabe de todas as coisas; onipresente, ou seja, está em
todos os lugares ao mesmo tempo e onipotente, pode todas as coisas, não
dispensa a existência de provas para julgar alguém, por que eu e você, muitas
vezes, aceitamos e julgamos as pessoas sem que tenhamos qualquer prova ou o
menor indício? Por que confiar no “ouvir dizer” ou nas aparências, muitas vezes
vindas de meios de comunicação altamente comprometidos e sem qualquer
compromisso com Deus e, portanto, com a verdade? Pensemos nisso e mudemos nosso
comportamento o quanto antes, porque, se continuarmos a agir erradamente, isto,
sim, estará devidamente provado naquele dia…
- Outro
fundamento dos julgamentos divinos e, portanto, do julgamento final é o direito
de defesa. Todos os julgamentos somente se justificam por causa do
direito de defesa. Deus irá julgar um por um dos indivíduos que existiram sobre
a face da Terra (e isto literalmente, se considerarmos os três julgamentos),
única e exclusivamente para dar oportunidade aos julgados para se manifestar e
ter acesso às provas e à aplicação das normas ao caso concreto. Não fosse este
o motivo, o Senhor teria lançado os ímpios, de imediato, no lago de fogo e de
enxofre, assim como fez com o Anticristo e o Falso Profeta, que assim serão
tratados porque desafiaram abertamente a Deus e se deixaram dominar pelo diabo,
num nível de rebeldia igual ao de Satanás, de plena consciência e rejeição ao
senhorio divino. Com relação aos outros homens, porém, Deus lhes mostrará a Sua
justiça, permitindo-lhes que se manifestem, assim como fez com os nossos
primeiros pais (Gn.3:8-11). Tanto assim é que vemos os julgados, mesmo
condenados, manifestando-se no julgamento final, como, por exemplo, em Mt.7:22
e Mt.25:44. Teremos um efetivo direito de defesa, inclusive com direito ao uso
de palavra. Que Deus justo é o nosso Deus!
- Não é por outro
motivo que os juristas costumam chamar o direito de defesa de sagrado, já que o
primeiro registro de sua criação e exercício remonta ao próprio Deus, neste
episódio do Jardim do Éden. Aqui, aliás, abrimos um outro parêntese: se Deus
que é Deus dá a cada ser humano na face da Terra a oportunidade de defesa, por
que nós, muitas vezes, queremos suprimi-lo de nosso semelhante? Seríamos mais
justos do que o Senhor, do que o Juiz de toda a Terra?
- Outro
fundamento dos julgamentos divinos é a sua publicidade. Todos os
julgamentos divinos são públicos, são feitos à vista de todos os envolvidos. O
tribunal de Cristo é feito diante de toda a Igreja arrebatada; o julgamento das
nações e o julgamento final são vistos diante de tronos, numa típica cerimônia
pública, onde todos os homens de todos os tempos estarão reunidos para se
submeter ao Senhor dos senhores e Rei dos reis. Tanto assim é que Paulo afirma
que, nesta oportunidade, ocorrerá a suprema exaltação de Cristo e todo o joelho
se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11).
- Se Deus faz as
coisas publicamente, à vista de todos, por que muitos insistem, inclusive na
Igreja, que é o corpo de Cristo, em promover julgamentos às ocultas, às
escondidas? Não devemos agir assim, até porque, se os membros da igreja local
não veem, saibam todos que tudo o que se passa é visto pelo Senhor e, como diz
o escritor aos Hebreus, “não há criatura alguma encoberta diante d’Ele, antes
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de
tratar.”(Hb.9:13). Abramos nossos olhos e sigamos a publicidade demonstrada
pelo caráter justo do Senhor, porque “…nada há encoberto que não haja de
revelar-se, nem oculto, que não haja de saber-se” (Mt.10:26b), a fim de que não
recebamos o mesmo juízo lançado sobre Davi, a saber: “porque tu o fizeste em
oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol” (II
Sm.12:12).
- Logicamente que,
quando dizemos que os julgamentos nossos devem ser públicos, a exemplo dos
julgamentos divinos, devemos manter a mesma sobriedade e dignidade que o Senhor
manterá nestes julgamentos. Em momento algum, mesmo quando vemos o Senhor
condenando os homens, vemo-l’O humilhando ou retirando a dignidade humana de
qualquer julgado. A própria sentença de condenação do Senhor não tem sequer uma
palavra de injúria ou de ofensa aos condenados. Diz o Senhor tão somente o
necessário, sem humilhar quem quer que seja. “Nunca vos conheci, apartai-vos de
Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt.7:23). “Apartai-vos de Mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos, porque tive fome, e
não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro,
não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e enfermo e na prisão, não Me
visitastes.” (Mt.25:41b-43). Qual diferente é o Senhor de certos indivíduos
que, por se acharem autoridades eclesiásticas, sob a desculpa da publicidade,
ao invés de darem a sentença, preferem ofender e injuriar as pessoas!
- Por fim, outro
fundamento dos julgamentos divinos é a imparcialidade e retidão do julgador.
Dizem as leis humanas que um julgamento, para que seja justo, deve ser exercido
por um juiz que seja imparcial, ou seja, não tenha qualquer inclinação para uma
parte ou outra, como também que seja um juiz correto, uma pessoa de que tenha
ilibada reputação. Nestes dois requisitos, vemos que os julgamentos divinos
trazem o que de mais excelente há nesta matéria. Deus é imparcial, é a própria
imparcialidade personificada, pois, para Ele, não há acepção de pessoas
(Dt.10:17; Cl.3:25). Deus estará tratando a todos os homens igualmente, pois o
julgamento final, inclusive, é para que prevaleça esta regra da imparcialidade,
pois, com este episódio, todos os indivíduos terão tido a oportunidade de
defesa antes de terem selado o seu destino eterno. Com respeito à reputação do
Senhor, Ele é santo (Lv.11:45; I Pe.1:15) e terá demonstrado todo o Seu poder e
fidelidade ao longo da história humana. Por isso, até, o julgamento final se
realizará no final da história, para que o Senhor demonstre, cabalmente, a Sua
dignidade para julgar os vivos e os mortos.
- Vemos, portanto,
que os julgamentos divinos têm como fundamentos os princípios mais límpidos e
seguros de toda a justiça, possuindo todos os requisitos que, há séculos, os
próprios homens tentam, sem êxito, impor aos seus próprios julgamentos.
Indubitavelmente, todos aqueles que se submeterem ao julgamento final estarão
sendo justa e retamente julgados.
VI – COMO SE DARÁ
O JULGAMENTO FINAL
- Lançado o diabo
no lago de fogo e de enxofre, cessará o tempo histórico e será instalado o
grande tribunal, a ser presidido por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o
Filho do homem que se apresenta ao ancião de dias na visão do profeta Daniel
(Dn.7:13).
- Instalado
o tribunal, ante o grande trono branco, onde estará assentado Aquele
que julgará os vivos e os mortos, ou seja, Jesus Cristo, serão chamados
os réus, que são todos os homens e mulheres que ainda não tiverem sido
julgados até então, ou seja, aqueles que não tomaram parte na primeira
ressurreição e os que não foram submetidos ao julgamento das nações antes do
início do Milênio (os que ficaram vivos no início do Milênio, sobreviventes da
Grande Tribulação).
- Neste instante
da chamada dos acusados, haverá a ressurreição geral dos mortos,
ou seja, a chamada “ressurreição do último dia”, mencionada por Marta quando
abordada por Jesus no dia da ressurreição de Lázaro em Betânia e que é a
ressurreição que é sempre mencionada nos rituais católicos romanos. Esta
ressurreição será uma ressurreição em carne, ou seja, Deus promoverá a reunião
da matéria e restabelecerá os corpos daqueles que, durante toda a história da
humanidade, viveram sobre a face da Terra. Esta é uma das provas bíblicas de
que ressurreição não se confunde com reencarnação, pois se Deus irá retomar
toda a matéria de que foram criados os homens que viveram durante toda a
história da humanidade dos locais em que eles morreram (Ap.20:13), isto é uma
demonstração de que se morre apenas uma vez sobre a face da Terra, ao contrário
do que afirmam os reencarnacionistas. Ainda mais, não há notícia de que venha a
ser ressuscitado qualquer corpo que venha de outro planeta, a comprovar,
também, que a teoria reencarnacionista, que sustenta a vida em outros planetas
para justificar o crescimento populacional, não tem qualquer fundamento
bíblico.
- Esta
ressurreição difere da primeira ressurreição, porquanto, nesta, como
se vê em Ap.20:6, há uma bem-aventurança, enquanto naquela, o texto sagrado
silencia, a indicar que sua ocorrência não traz, a princípio, qualquer
benefício. Na primeira ressurreição, os que ressurgem, é verdade, não escapam
do julgamento divino, mas escapam da condenação, estão salvos e ressurgem para
reinar com Cristo. Os que ressurgem por conta do julgamento final, porém, além
de não escapar do julgamento divino, não têm, por força da ressurreição,
qualquer garantia de salvação. Por fim, na primeira ressurreição, o Paraíso,
onde ficavam os que morriam no Senhor, será esvaziado, pois, depois do
arrebatamento da Igreja e da complementação da primeira ressurreição, não
haverá mais qualquer alma naquele local; já na outra ressurreição, promover-se-á
o esvaziamento do Hades, onde estarão aqueles que não dormiram no Senhor e que
estarão, por isso, esperando o julgamento definitivo sem ter a certeza da
salvação.
- É importante
observar que a Bíblia diz que Jesus julgará os vivos e os mortos (II Tm.4:1; I
Pe.4:5), pois, além dos mortos de todas as épocas que serão ressuscitados nesta
oportunidade, também serão levados a julgamento as pessoas que estiverem vivas
e assim se mantiverem por ocasião do término do Milênio, pois não serão todos
os homens que se rebelarão contra o Senhor e contra Israel na rebelião final.
Estas pessoas não terão morrido e compõem os vivos mencionados nos textos
sagrados referidos.
- Operada a
ressurreição e a eles congregados os que estiverem vivos naquela oportunidade e
não tiverem sido ainda julgados, que é a chamada dos acusados, o Juiz passa,
então, a julgar um a um os indivíduos. Este julgamento terá, como já vimos, a
apresentação das normas e regras aplicáveis a cada caso, a apresentação das
provas, ou seja, dos atos cometidos pelo acusado, a oportunidade para a sua
manifestação e a sentença final, que não terá recurso, vez que se trata da mais
alta autoridade do Universo que está proferindo o julgamento e isto à vista de
toda a humanidade e, quando dizemos toda a humanidade, não estaremos usando
qualquer força de expressão, pois ali estarão presentes não só os acusados, mas
também todo o povo dos santos do Altíssimo (cfr.Dn,7:27: Igreja, os que tomaram
parte na primeira ressurreição e o Israel salvo).
- Neste momento, é
importante salientar que, ao contrário do que muitos afirmam, este
julgamento não terá apenas condenação. Muitos entendem que o juízo do
trono branco será apenas para condenação, mas não podemos extrair isto das
Escrituras Sagradas. O texto bíblico afirma que, na análise das normas e das
provas, isto é, da abertura dos livros, inclusive do livro da vida (Ap.20:12),
os mortos são julgados segundo as suas obras, não diz, portanto, que são
condenados segundo as suas obras, o que nos permite inferir legitimamente que
não haverá sempre condenação, como muitos advogam por aí. A Bíblia diz apenas
que aquele que não foi achado no livro da vida será condenado (Ap.20:15), livro
da vida este que não é o mesmo livro da vida do Cordeiro que é mencionado em
Ap.21:27.
- O livro da vida
do Cordeiro é o livro onde estão escritos os nomes daqueles que vão ingressar
na Nova Jerusalém, ou seja, na cidade santa que descerá aos novos céus e terra
no Estado Eterno e que será o objeto de nosso estudo na próxima lição (Ap.21:27).
É uma espécie de passaporte, de visto, de “green card” para a cidade santa.
Sendo assim, neste livro estarão tanto o povo dos santos do Altíssimo quanto
aqueles que serão absolvidos e declarados salvos no julgamento final. Este
livro só será aberto por ocasião do julgamento final e, mesmo não conhecendo
seu teor até lá, sabemos que, deste livro, já estão fora, de antemão,
todos aqueles que adorarem a besta na Grande Tribulação, porque esta adoração
importará numa consciente e deliberada rejeição de Jesus (Ap.13:8 e 17:8).
- O livro da vida
mencionado em Ap.20:12, porém, é um outro livro, onde estarão apenas aqueles
que serão julgados e absolvidos no julgamento final. Do livro da vida não
consta o povo dos santos do Altíssimo, porque eles já terão sido julgados e não
o serão novamente por ocasião do julgamento final e, o que é relevante, segundo
muitos estudiosos, já terão, inclusive, entrado na Nova Jerusalém. Desta
maneira, não sendo réus no julgamento final, não há como serem vistos no livro
da vida, mas, por estarem ou terem direito de estar na Nova Jerusalém, terão
seus nomes inscritos no livro da vida do Cordeiro, o que prova que se trata de
dois livros diferentes, que não podem ser confundidos.
- Daí temos a
convicção de que, no julgamento final, haverá, sim, pessoas que se salvarão do
lago de fogo e de enxofre e que ingressarão na nova Jerusalém. É precisamente
aqui se resolvem muitas dúvidas a respeito da salvação de pessoas que não
tiveram qualquer oportunidade de ouvir falar de Jesus (como os índios que
moravam no Brasil até a época do descobrimento) ou das pessoas que viveram
antes de Jesus e não tiveram como aceitá-l’O nem de chegar ao conhecimento da
promessa messiânica (como os chineses do tempo de Confúcio ou Lao-tsé e os
indianos do tempo de Buda). A Bíblia é clara ao afirmar que estas pessoas serão
julgadas segundo as suas obras e estas obras terão de mostrar se, à luz da
revelação que tiveram de Deus, foram, ou não, capazes de Lhe obedecer. Caso
tenham sido obedientes a Deus, diante da revelação que tiveram de Deus, suas
obras o demonstrarão e, assim, seus nomes estarão escritos no livro da vida e,
portanto, serão achados dignos de ingressar na nova Jerusalém. Se, porém, não
tiverem sido obedientes a Deus conforme a revelação que tiveram, seus nomes não
estarão inscritos no livro da vida e, assim, serão condenados e lançados no
lago de fogo (Ap.20:15).
- É importante
ressaltar, aqui, que Deus tem várias formas de revelação, mas que todo e
qualquer ser humano terá tido a oportunidade clara de conhecer a Deus e à Sua
vontade. Escrevendo aos Romanos, Paulo é bem categórico ao dizer que nenhum
homem poderá se desculpar diante de Deus, dizendo não ter podido perceber a
revelação do Senhor. A própria natureza, diz o apóstolo, é uma manifestação
divina para que os homens fiquem inescusáveis, isto é, sem desculpa
(Rm.1:18-20). A combinação das normas a serem utilizadas no julgamento
(consciência, responsabilidade, formas de revelação divina) bem como os fatos
registrados, ou seja, os atos praticados devidamente registrados, não deixam
qualquer margem para que se tenha qualquer injustiça.
OBS: “…Existe uma
pergunta no meio da cristandade e até fora dela baseada nos versículos 11-15
que temos nesta seção [Ap.20:11-15, observação nossa]: ‘ como serão julgados
aqueles que morreram sem ouvir o Evangelho ?’. Essa pergunta, quando dentro da
lógica da visualização do homem, pode ultrapassar qualquer possibilidade de
entendimento da mente humana. Mas é evidente que Deus tem falado e vem falando
ao homem de ‘muitas maneiras’ (Hb.1:1). Paulo diz que o Evangelho foi ‘pregado
a toda criatura que há debaixo do céu’ (Cl.1.23). Deus pode alcançar, através
de seus métodos, a todos os homens. Vejamos alguns dos métodos de Deus: (a)
Deus fala através do Universo(…) Sl.19.1-4; (b) Deus fala através da
percepção(…) Rm.1.19-20; (c) Deus fala través da consciência(…) Rm.2:14-16; (d)
Deus fala através da vida dos animais(…) Jó 12:7-9; (e) Deus fala através dos
meios geográficos (…)At.17.30-31(f) Deus fala através de sonhos (…) Jó 33.14-18;
(g) Deus fala através dos anjos (…) Ap.14.6; (h) Deus fala través de Seu Filho
(…) Hb.1.1; (i) Deus fala através de sinais e milagres (…) Hb.2.4a.(…)
Perguntamos agora: havendo Deus falado tanto e de tantas maneiras, chegará
alguém inocente diante do Grande Trono Branco?…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse
versículo por versículo.2.ed., p.260-1).
- Feito o
julgamento, proceder-se-á à imediata execução, pois não se estará mais
no instante da misericórdia divina ou da Sua longanimidade, manifestada ao
longo de toda a história, mas no instante final da execução, da retirada dos
obstáculos morais para a instalação dos novos céus e nova terra. Assim,
terminado o julgamento, segue-se à imediata execução dos julgados, com o
lançamento no lago de fogo de enxofre dos condenados (Ap.20:15).
- Além dos
condenados, a Bíblia também diz que, no lago de fogo, serão lançados tanto a
morte quanto o Hades (Ap.20:14). Aqui temos, evidentemente, uma figura de
linguagem, pois nem a morte nem o Hades são pessoas e, portanto, não se
equiparam a elas para ser julgadas e sentenciadas. O fato é que, com o
julgamento definitivo de todos os seres humanos, a morte física e o Hades,
lugar onde ficavam os mortos aguardando o julgamento definitivo (lembremos que,
desde o arrebatamento da Igreja e a primeira ressurreição, o Paraíso, onde eram
colocados os que dormiam no Senhor, esvaziara-se), perdem completamente a sua
razão de ser. Com efeito, os homens já foram definitivamente julgados e ninguém
mais nascerá ou morrerá a partir de então, de modo que a morte física deixará
de cumprir o seu papel, pois terá findado a dimensão surgida com o pecado do
primeiro casal e, de igual modo, o Hades não terá porque existir. Por isso,
dizem as Escrituras, eles serão lançados no lago de fogo, ou seja, serão
simplesmente eliminados, não mais existirão.
- Deus terá,
então, cumprido plenamente o Seu plano para o homem neste Universo relativo,
pendência alguma terá ficado e, assim, poderá instituir os novos céus e nova
terra onde habitam a justiça e trazer, para eles, a cidade já há muito
preparada para conviver eternamente com a sua criação: a Jerusalém celestial.
COLABORAÇÃO
PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
http://www.portalebd.org.br/
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