INTRODUÇÃO
O oitavo
mandamento do Decálogo “não furtarás” visa orientar o homem a
tratar com respeito a propriedade alheia. No caso de furto de algum bem
material, a orientação divina como pena capital era a restituição. Nesta lição trataremos
de forma mais detalhada este mandamento; destacaremos alguns tipos de práticas
que podem ser consideradas como furto; quais as obras da carne que levam uma
pessoa a infringir esse mandamento; e, por fim, pontuaremos que aquele que
serve a Deus deve ter compromisso com a honestidade diante de Deus e dos
homens.
I – O OITAVO
MANDAMENTO DO DECÁLOGO
“Não
furtarás” é o
oitavo mandamento do Decálogo (Êx 20.15). Esse mandamento proíbe o furto, isto
é, tomar para si algo que pertença a outrem. Assim, ele aprova o direito de
propriedade. O homem pode possuir aquilo que é o resultado justo de seu
trabalho, ou um presente. “Furtar ou roubar são atos que provocam instabilidade
social. Aquele que furta demonstra desrespeito por outros ou inveja deles. Isso
se aplica tanto aqueles que se apropriam diretamente dos bens de alguém quanto
aqueles que usam de artifícios para obter ou reter consigo bens pertencentes a
outrem. Além de se preocupar com as questões espirituais, a Bíblia nos instrui
acerca da natureza dos relacionamentos interpessoais saudáveis. Assim, vários
textos bíblicos tratam de questões do cotidiano, como a relação entre os ricos
e os pobres ou entre os patrões e os funcionários. Muitas vezes, essas relações
são negativas, pois uma parte procura se beneficiar usando de métodos que podem
prejudicar a outra”.
A pena
capital para o roubo
Em Êxodo 22
encontramos nas leis civis Deus orientando o povo de Israel através de Moisés
como seria a pena capital para aquele que havia furtado algo do seu próximo. O
ladrão devia pagar cinco cabeças de gado para cada boi roubado e abatido e
quatro ovelhas para cada ovelha roubada e abatida (Êx 22.1). Se o animal fosse encontrado
com vida, o ladrão devia pagar em dobro, ou seja, dois bois ou duas ovelhas
para cada boi ou ovelha roubada (Êx 22.4). A multa servia para dissuadir o
criminoso em potencial e também levava em consideração o fato de que os danos
causados por esse tipo de crime não se limitam ao valor da propriedade roubada,
como no caso do sequestro onde o sequestrador era punido com a morte (Êx 21.16;
Dt 24.7).
II – O
PRINCÍPIO DO RESPEITO À PROPRIEDADE ALHEIA
O oitavo
mandamento do Decálogo está entre os que dizem respeito aos relacionamentos
interpessoais. O princípio nele contido - o respeito a propriedade alheia, é
destacado tanto no AT quanto no NT como veremos a seguir:
Antigo
Testamento
O mandamento
que proíbe o furto faz parte da legislação mosaica (Êx 20.15; Dt 5.19). “O Antigo
Testamento inclui proibições referentes ao furto, ao dano às propriedades e ao
mau uso das propriedades ou objetos pertencentes ao próximo (Êx 21.33,34;
22.5,6; 22.4,7,9; 20.15; Gn. 31.31; II Sm 23.21)”. Vejamos o que o AT diz sobre
o furto:
(a) o furto é uma abominação (Jr 7.9,10);
(b) não pagar salários justos é um furto (Lv
19.13);
(c) os ímpios são inclinados ao furto (Sl
119.61); a cobiça promove o furto (Am 3.10);
(d) aqueles que consentem com o furto também
tornam-se culpados (Jó 24.14; Ob 5);
(e) geralmente quem furta também mata (Jr
7.9; Os 4.2);
(f) paira uma maldição sobre o ladrão (Os
4.2,3; Ml 3.5); e,
(g) o furto provoca a ira de Deus (Ez
22.29,31). Eis alguns exemplos de homens honestos: José (Gn 39.2-4); Samuel (I
Sm 12.2-5); Daniel (Dn 6.1-4).
Novo
Testamento
Jesus citou
os mandamentos do Decálogo incluindo o oitavo: “não furtarás” (Mt
19.18; Mc 10.19; Lc 18.20). Paulo ensinou que quem ama ao próximo jamais irá
furtar, pois o amor é o cumprimento da Lei (Rm 13.9). Em Efésios 4.29 “Paulo
explicou que se uma pessoa que antes de ser convertido tinha o hábito de
furtar, assim que se tornasse um crente tinha que se livrar desse antigo estilo
de vida e fazer uma mudança, voltando-se para o trabalho honesto, a fim de
ganhar a vida. Roubo e ócio andam juntos; dessa maneira, a instrução de Paulo
não era somente para parar de roubar, mas também para começar um trabalho
honesto. Além disso, muitas vezes, os escravos tinham a propensão de roubar a
casa a que serviam; muitos escravos tornaram-se cristãos, e Paulo podia estar
falando a eles. Todo crente deveria trabalhar arduamente, fazer sua parte na
comunidade, sustentar-se, e não esperar que ninguém o mantivesse”. Do ponto de
vista bíblico não existe desculpa para considerar a corrupção algo inevitável,
e a justiça, um ideal inatingível. Honestidade e justiça são realidades que precisamos
defender e praticar, o apóstolo Pedro fala a cerca desta verdade (I Pe 2.12;
4.15). Por fim, o ensinamento neotestamentário é contundente quando diz que
aqueles que praticam furtos não entrarão no céu (I Co 6.10; Ap 21.27).
III - TIPOS
DE FURTO
O mandamento
de não furtar é amplíssimo, pois trata do respeito a propriedade alheia. A
falta de honestidade nos negócios e na vida social rompe os vínculos que mantém
a comunidade unida e resultam em injustiça e caos por toda parte. Abaixo
destacaremos os vários tipos de infrações que se constituí numa violação deste
mandamento:
IV – OBRAS DA
CARNE RELACIONADAS AO FURTO
À luz da
Bíblia, o furto é um pecado motivado por algumas obras da carne, como veremos a
seguir:
V – O CRISTÃO
DEVE TER COMPROMISSO COM A HONESTIDADE
“A palavra
honestidade vem do latim “honos” ou “honor”, que
significa “honra, honroso, distinção”. A forma adjetiva, honestus,
significa “honroso, de boa reputação, glorioso, excelente, digno de
ser honrado”. A palavra hebraica mais comum, traduzida por “honra”, nas
traduções, é “kabed”, que envolve o sentido básico de
“pesado”, “rico”, “honorável”. O Novo Testamento grego tem “kalos”,
“bom”, mas que é traduzido por “honesto” em trechos como Lc 8.15; Rm 12.7;
II Co 8.21; 13.7 e I Pd 2.12). Esse vocábulo grego significa “livre de
defeitos, belo, nobre”. Aquele que é honesto possui um bom e nobre
caráter, isento dos defeitos que enfeiariam o seu caráter. Um homem honesto é
aquele que é justo, cândido, veraz, equitativo, digno de confiança, não
fraudulento. Caracteriza-se pela franqueza, pelo respeito ao próximo, pela sua
veracidade”. Assim, a santidade deve se manifestar nos relacionamentos humanos
caracterizados por integridade, honestidade e amor, como veremos a seguir:
“Pois
zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos
homens” (II Co 8.21).
“O trecho de Pv 3.4, ao qual bem provavelmente Paulo aludia aqui, reconhece a
importância não somente da posse de um caráter piedoso, mas também de termos
boa reputação até mesmo entre os homens. É muito importante o que os homens pensam
a nosso respeito, porque aquilo que eles pensam a nosso respeito também
pensarão sobre Cristo, posto que somos os seus representantes na terra. Esse é
0 fato que Paulo reconhece no versículo que temos a frente. Comparemos isso com
o trecho de II Co 6.3, onde Paulo exorta que nenhum motivo de escândalo deem os
crentes em qualquer coisa, a fim de que 0 “ministério” cristão não seja vilipendiado.
Essa exortação ele faz apresentando o seu próprio exemplo, a fim de que, pelo
menos em seu caso pessoal, o ministério pudesse manter boa reputação, visto que
todas as atitudes por ele tomadas condiziam com os excelentes princípios
cristãos” (CHAMPLIN, 2002, vol. 4, p. 380). Honestidade total deve sempre ser a
marca do povo de Deus. Portanto, devemos nos esforçar para criar uma cultura de honestidade em
nosso âmbito de relacionamentos (I Tm 2.2; Tt 2.14).
CONCLUSÃO
O princípio
do respeito ao que é do próximo está explícito tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. Deus espera daquele que lhe serve que evite o mal “não
furtar” e pratique o bem “seja honesto”, cada um para com
o seu próximo, pois a verdadeira espiritualidade envolve todas as áreas da
nossa vida.
REFERÊNCIAS
ADEYEMO,
Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
CHAMPLIN, R.
N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
Comentário
do Novo Testamento.
Aplicação Pessoal. CPAD.
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