INTRODUÇÃO
Não
são poucos os que não acreditam que Deus irá julgar e punir as
pessoas ímpias num dia específico. Afirmam que, se Deus é amor,
Ele jamais poderá sentenciar alguém para um castigo eterno. No
entanto, a doutrina do juízo final não é fictícia (imaginária),
mas real e verdadeira. Ela compõe uma das doutrinas que dizem
respeito a eventos futuros anunciados pela Bíblia, como podemos ver:
No AT. Encontramos
referências de que Deus haveria de trazer a juízo todos os ímpios
(Gn 18.25; I Sm 2.10; Sl 7.8; 9.8;
Sl
96.10,13; Sl 98.9; Ec 12.14);
No NT. Os
apóstolos, bem como o escritor aos hebreus também ensinaram que
haverá um Dia onde o Justo Juiz julgará os pecadores
(At 24.25; Rm 2.16; 3.6; II Tm 4.1; Hb 6.2; 9.27; Tg 2.13; Jd
1.6,15);
O Senhor Jesus Cristo. O
nosso Mestre, em muitos de seus discursos exortava os ouvintes que se
arrependessem, porque Deus traria juízo sobre os que não se
arrependessem (Mt 10.15; 11.22; 12.36; Mc 3.29).
O QUE NÃO É O JUÍZO FINAL
Muitos
intérpretes se confundem quanto ao juízo final, alegando que o
tribunal de Cristo, o julgamento das nações, o julgamento de
Satanás e o juízo do trono branco são um só julgamento e que
acontecerão simultaneamente. Todavia, é necessário entender que
não haverá apenas um julgamento, pois a Bíblia faz distinção
entre estes e o juízo do trono branco, afinal de contas, eles
acontecerão em tempos diferentes. Eis abaixo a definição dos
julgamentos e o tempo que ocorrerão:
Julgamento dos crentes. Este
será o julgamento a que serão submetidos os crentes salvos, logo
após o arrebatamento da Igreja,
para que cada um receba suas recompensas e galardões segundo ao seu
envolvimento, trabalho e esforço na proclamação do Evangelho e na
expansão do Reino de Deus (I Co 3.11-15; 2 Co 5.10). Biblicamente
ele é denominado de Tribunal de Cristo (Rm 14.10; II Co 5.10). Este
julgamento não tem como propósito condenar nenhum crente ao
inferno, mas recompensar os que procederam de forma firme, constante
e abundante na obra do Senhor (I Co 15.58; Hb 6.10).
Julgamento das nações. É
o julgamento a que serão sujeitas às nações da terra, logo
após a Grande Tribulação,
para que cada um receba a devida recompensa segundo o trato que
dispensaram a Israel (Jl 3.2; Zc 14.2, 16-20; Mt 25). Este julgamento
têm como objetivo disciplinar a comunidade internacional, levando-a
a aceitar a soberania de Deus na História e o Senhorio
pleno do Messias. Nesta ocasião, a besta e o falso profeta também
serão julgados e lançados vivos no ardente lago de
fogo e enxofre (Ap 19.20).
Julgamento de Satanás. Após o término do Milênio,
Satanás, que fora amarrado por mil anos, será solto (Ap 20.7). Ele sairá
com a finalidade de enganar as nações que experimentaram do Reino
de Cristo no Milênio a se insurgirem contra Cristo, porém,
evidentemente não obterão êxito (Ap 20.9). Em seguida, o diabo
será sentenciado a mesma sorte da Besta e do Falso Profeta,
o lago de fogo e enxofre, onde será atormentado para sempre (Ap
20.10).
O QUE É O JUÍZO FINAL
A
Bíblia diz que o juízo final é o juízo do trono branco (Ap
20.11,12), que acontecerá
logo após o diabo ser sentenciado e lançado no lago de fogo (Ap
20.10). Assim, João descreve o descreve: “E
vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de
cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para
eles” (Ap
20.11). Este Julgamento, é totalmente diferente dos que vimos acima,
pois a ele serão submetidos os mortos ressuscitados, na consumação
de todas as coisas. O juízo final têm como objetivo retribuir a
cada um segundo as suas obras (Ap 20.13).
“E vi um grande trono...”. A
palavra “trono”
(no grego hodierno, “thronos”),
é usado no Novo Testamento como sentido
de
“trono
real”
(Lc 1.32,52), ou com o sentido de “tribunal
judicial”
(cf. Mt 19.28 e Lc 22.30). Percebe-se aqui que o apóstolo usa a
figura da cena de um tribunal, para ensinar uma grande verdade
espiritual no que diz respeito ao juízo. Aquele que a princípio
veio para salvar os que nele cressem (Jo 3.16,17), viria agora para
condenar os que não creram (Jo 3.18).
“...um grande trono branco...”. A
expressão “branco” do grego “leukos”
significa:
luminoso, brilhante. Este trono resplandece de pureza e de santidade
divina, o que exige justiça, castigo, julgamento e retribuição.
Esta brancura aponta para a incorruptibilidade daquele que está
julgando (Ap 1.14; 19.11).
“...
e
o que estava assentado sobre ele..” Na
Bíblia, Deus é visto como Juiz. Ele pronunciou juízos nos tempos
antigos, e, no fim desta era, continuará sendo o justo Juiz, só que
esse juízo será realizado através do Filho (Jo 5.22). Disto nos
assegura o apóstolo Paulo quando discursava no Areópago sobre o
iminente juízo divino (At 17.31).
AS BASES DO JUÍZO FINAL
O
que temos no juízo final é um juízo inflexível e não um processo
de julgamento humano onde alguém poderá sair absolvido. Mas, de que
forma Deus julgará os homens? A Bíblia nos indica quais as bases do
seu julgamento.
Juízo. A
Bíblia deixa claro que Deus fará juízo a todos os homens ímpios
num Dia específico, como vimos anteriormente. Assim como ele
destruiu a terra com um grande dilúvio (Gn 6.11-13). Por
conseguinte, também castigou severamente as cidades de Sodoma e
Gomorra, com uma chuva de fogo de enxofre, retribuindo sua violência
e perversão (Gn 19.24; Ez 16.49). Por isso de forma veemente Jesus
usa estes dois exemplos do juízo de Deus no AT, para descrever o
juízo futuro aos homens de toda a terra, que procederam com rebeldia
a sua santidade (Mt 10.15; 24.37-39; 17.28-30). Ele os punirá com a
segunda morte, que não é a aniquilação, mas o castigo eterno (Ap
20.15).
Justiça. Esta
expressão no grego é “dike”
que
veio a denotar “o
que é direito”.
A justiça de Deus é, em última instância,a sua santidade em ação.
Portanto, Deus julgará os homens segundo a sua justiça que é
perfeita. Logo, devemos entender que ele não inocentará o culpado,
nem culpará o inocente (Na 1.3). Aos que pecaram sem Lei, estes
serão julgados pela lei da consciência. E aos que pecaram sob a
Lei, serão julgados por ela (Rm 2.12).
Verdade. O
apóstolo Paulo diz aos crentes que estavam em Roma que o juízo de
Deus seria segundo a verdade (Rm 2.2). Isto significa dizer que este
julgamento não será de acordo com as noções éticas dos homens,
pois elas variam e são relativas. Mas, serão segundo os princípios
de Deus que são absolutos e imutáveis (Mt 22.37-40).
QUEM E COMO SERÃO JULGADOS
Sem
dúvida alguma, o juízo de Deus é imparcial (Dt 10.17; II Cro
19.17). João nos diz assim da sua visão: “E
vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e
abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros,
segundo as suas obras” (Ap
20.12).
“E vi os mortos...”.
Está em foco aqui todos os mortos não salvos de todas as épocas.
Eles ressurgirão em corpo para serem julgados (Ap 20.13,14). Esta é
a segunda ressurreição que o profeta Daniel classifica como
ressurreição para vergonha (Dn 12.2-b).
“...e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da
vida...”.
Uma boa parte dos comentaristas dizem que “estes livros” de que
se refere o texto contém os registros dos feitos de todos os homens,
ou seja, seus atos, palavras e pensamentos (Ap 20.12; Mt 12.36; Rm
2.16). Mas, também nos diz o texto que o Livro da vida estará
aberto nessa ocasião, provavelmente como evidência de que seus
nomes não constam nele (Ap 20.15).
“...segundo as suas obras...”.
Como podemos ver os feitos dos homens serão submetidos ao olhar
daquele que é “como
chama de fogo”. Ele
julgará cada um segundo as suas obras, porque no inferno há também
grau elevado de sofrimento Ez 32.21-23; Hb 10.29); após uma acurada
investigação do Justo Juiz, nas obras, feitos, motivos, memória e
consciência, confrontando tudo com o que está escrito em cada livro
(Jo 12.48). Ali agora só há uma sentença: (Ap 20.15). Alguém se
estremecerá, mas ali não haverá margem para erro, para indecisão,
equivoco ou modificação.
“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado
no lago de fogo”. Quem
não for achado inscrito no Livro da Vida, receberá o mais severo
castigo: o lago de fogo. A Bíblia nos fala sobre a realidade desta
punição eterna. Jesus se refere a este lugar como Geena, o nome
aramaico do Vale de Hinom. Neste lugar os judeus apóstatas queimaram
seus filhos a Moloque (II Rs 23.10) e os judeus do Novo Testamento
fizeram dele um depósito de lixo municipal que ardia sob o fogo sem
cessar. Daí, nosso Senhor fez alusão figurada a ele como o lugar do
juízo final, o lago de fogo (Mt 5.22,29,30; 10.28).
CONCLUSÃO
Todo
o pensamento dos julgamentos futuros está apoiado sobre o direito
soberano de Deus de punir a desobediência e o direito pessoal do
indivíduo de pleitear sua causa no tribunal. Mas quem argumentará
ser inocente diante daquele cujos olhos todas as coisas estão nuas e
patentes (Hb 4.13)? Paulo diz que os homens são indesculpáveis, ou
seja, sem defesa (Rm 1.20). Portanto, a doutrina do julgamento final
e da recompensa dos ímpios, não pode ser desconsiderada, pois faz
parte da doutrina das últimas coisas. O Senhor a seu tempo, julgará
o Anticristo, o falso profeta e Satanás e todos aqueles que amaram
mais as trevas que a luz (Jo 3.19).
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