INTRODUÇÃO
Nesta
lição, obteremos informações sobre o personagem bíblico Nabote e sua vinha.
Veremos que este homem foi vítima
da cobiça do ímpio rei Acabe que desejou ardentemente possuir a sua
propriedade. Definiremos a palavra “cobiça” e destacaremos quais
asconsequências que podem sobrevir aquele que permite ser inflamado por esse
sentimento. Abordaremos ainda a maneira como Deus se pronunciou ante a
estratégia de Jezabel com o consentimento de Acabe de apoderar-se do bem
alheio, levando o proprietário e sua família a morte. E, por fim, analisaremos
como Deus age ante as injustiças cometidas pelos homens.
I –
QUEM ERA NABOTE E COMO ERA A SUA VINHA
A
Bíblia nos dá poucas informações a respeito de Nabote, apenas nos diz que ele
era um israelita temente a Deus e nos mostra o seu lugar de origem que era
Jezreel. Portanto, ele era um jezreelita (I Rs 21.1). O nome próprio de Nabote
deriva-se do árabe e quer dizer “rebento” ou “fruto”. A Bíblia
nos informa que ele era proprietário de uma vinha. O Aurélio diz que “vinha” é
a quantidade mais ou menos considerável de videiras (planta que dá uvas)
dispostas aproximadamente entre si. A palavra hebraica para vinha é “kerem”,
ela está distribuída ao longo do Antigo Testamento pelo menos 92 vezes. A
primeira ocorrência está em (Gn 9.20). Em Israel era comum as pessoas plantarem
vinhas, no entanto, a vinha de Nabote tinha características que conforme o
relato bíblico a tornavam diferente das demais, vejamos alguns informações
detalhadas sobre isso:
Estava
junto ao palácio. Segundo a narrativa bíblica a vinha de Nabote estava localizada num
lugar privilegiado, perto do palácio de campo de Acabe, pois o outro palácio
ficava em Samaria “E sucedeu depois destas coisas que, Nabote, o
jezreelita, tinha uma vinha em Jezreel junto ao palácio de Acabe, rei de
Samaria” (I Re 21.1).
Estava
pronta. Para se cultivar uma vinha era necessário bastante esforço. O
profeta Isaías fez uma descrição vívida do trabalho envolvido no preparo,
plantio e cultivo de uma vinha (Is 5.1-7). A “vinha” estava localizada nas
rampas de uma colina (Is 5.1). A terra era limpa de pedras antes que as mais
tenras vinhas fossem plantadas (Is 5.2). Uma torre de vigia provia visibilidade
sobre a “vinha” (Is 5.2) e um lagar que é um local para esmagar as uvas que
eram talhados de uma pedra (Is 5.2).
Quanto
todos os preparativos haviam sido feitos, a “vinha” estava pronta e em alguns
anos esperava-se que produzisse frutos.
Enquanto
isso, a vinha exigia poda regular (Lv 25.3,4). As “vinhas” se localizavam
principalmente na região montanhosa e nos montes mais baixos. A Bíblia menciona
a “vinha” em Timna (Jz 14.5), Jezreel (I Rs 21.1) e até em En-Gedi (Ct 1.14).
Tinha
valor. Para Nabote sua vinha tinha um valor significativo, que
ultrapassava o dinheiro e até mesmo a troca por outra vinha melhor (I Rs 21.2),
visto que a recebera como herança dos seus pais, como ele mesmo professa “Porém
Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus
pais” (I Re 21.3). O Aurélio diz que herança é “bem, direito ou
obrigação transmitidos por via de sucessão ou por disposição testamentária”. A
vinha, no entanto, não era propriedade (herança) particular de Nabote, mas de
sua parentela. É possível que Nabote fosse o homem mais velho da família ou
aquele que cultivava a terra, mas nem por isso, podia tomar sozinho a decisão
de trocar ou vender a propriedade. Ademais, a lei de Israel estabelecia que a
herança não podia ser vendida, pois era considerado um dever manter em família
a terra de seus ancestrais (Lv 25.25-28; Nm 27.1-11; Nm 36.7-9). Em casos de
pobreza extrema, as propriedades podiam ser arrendadas, mas deviam ser
devolvidas ao proprietário no ano do Jubileu (Lv 25.10,13,28).
II –
A COBIÇA E OS MALES QUE A ACOMPANHAM
A
Bíblia nos mostra que os pecados de Acabe não se resumiram ao casamento pagão e
a idolatria. Este rei perverso também cometia injustiças sociais. Acabe cobiçou
a vinha de Nabote e intentou adquiri-la. A palavra “cobiçar” no
hebraico “epithumeõ” significa, “fixar o desejo em” (formado
de epi, “sobre”, usado intensivamente, e thumos,
“paixão”), quer de coisas boas ou ruins, por conseguinte, “almejar,
desejar ardentemente, ambicionar”, é usado em (At 20.33) com o
significado de “desejar mal”, acerca de “desejar dinheiro e
vestuário”.
A
cobiça a luz do Antigo Testamento. A Lei de Moisés condenava esse
pecado, que aparece descrito no Decálogo (Dez mandamentos) “Não
cobiçarás” (Êx 20.17). O texto deixa claro que coisa alguma pertencente
a outrem, deve ser desejado. Foi motivado pela cobiça, que Acabe tentou
adquirir as terras de Nabote a dinheiro ou em troca de um vinhedo melhor (I Rs
21.2).
Mas,
como já vimos, Nabote recusou-se negociar, sob a alegação de que aquelas terras
faziam parte da herança da sua família (I Rs 21.3). Acabe, embora com
relutância e tristeza, já se dispunha a aceitar a decisão de Nabote (I Rs
21.4). No entanto, Jezabel sua ímpia esposa, não concordou com isso (I Rs
21.5-7). Por isso dispôs-se junto ao seu marido, realizar uma estratégia
diabólica para apropriar-se da vinha de Nabote. A cerca da influência de
Jezabel sobre Acabe o escritor sagrado nos diz:
“Porém
ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do
SENHOR; porque Jezabel, sua mulher, o incitava” (I Rs
21.25).
A
cobiça e seus males. Quase sempre, o desejo desordenado da cobiça provoca alguma ação
para que o cobiçoso adquira o que quer, ou para que persiga o possuidor do
objeto ou da pessoa cobiçados. O ímpio rei Acabe, é um exemplo clássico da
cobiça e seus males. Para resolver a sua frustração de não ter conseguido
possuir a vinha de Nabote, a rainha Jezabel escreveu uma carta com o selo do
rei (para parecer que a correspondência fosse enviada por ele) aos anciãos e
nobres daquela cidade onde Nabote morava. Nesta carta, Jezabel pediu que
forjassem acusações contra Nabote (I Rs 21.8-10). Os anciãos transgrediram a
lei (Êx 23.1-3), pois arranjaram dois indivíduos de mau caráter, possivelmente
comprados pela rainha, acusaram Nabote de blasfêmia, o que seria suficiente
para a execução dele (Lv 24.15,16). O terrível plano foi cumprido sem nenhum impedimento.
Para que não houvesse dificuldades futuras com a herança de Nabote, ele e seus
filhos foram apedrejados (II Rs 9.26). Perceba quais os males que seguiram a
cobiça deste casal:
MENTIRA.
Os anciãos resolveram atender aos intentos de Jezabel. Como podemos
ver sempre há homens prontos a venderem seu testemunho por dinheiro a fim de
que sirva aos maus propósitos daqueles que os alugam. “E os homens da sua
cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como
Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara” (I
Rs 21.11).
FALSO
TESTEMUNHO. O veredito de morte já estava predeterminado, por Jezabel. Mas, era
necessário elaborar um
falso julgamento com um simples aspecto de justiça, para que, à vista do povo,
desse a impressão de ser um julgamento
leal, arranjou-se duas testemunhas, conforme pedia a Lei (Dt 17.6,7); mas eram
falsas. “E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem
contra ele” (I Rs 21.10-a).
ASSASSINATO.
Por fim, a trama culminou na execução de Nabote, pois o levaram
para fora da cidade e o apedrejaram. A injustiça estava claramente executada,
pois Nabote foi executado por um crime que jamais cometeu “Então mandaram
dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado, e morreu” (I Rs 21.14).
A
cobiça a luz do Novo Testamento. A cobiça é alistada entre os
pecados destacados por Paulo (Ef 4.19). Aparece na lista dos vícios dos povos
pagãos (Rm 1.29). Apesar de não ser especificamente alistada entre as obras da
carne (Gl 5.19-21), a cobiça é uma das causas de várias obras carnais, como o
adultério, o ódio, as dissensões, etc., devendo ser incluída entre as “tais coisas”
que Paulo mencionou, e que não permitem que uma pessoa chegue ao reino de Deus “...que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5.21).
III –
A MENSAGEM DE JUSTIÇA DO PROFETA ELIAS
Em
vez de se contrapor a Jezabel que havia utilizado de sua autoridade,
transgredindo a lei e ordenando a execução do de Nabote e sua família, o rei
Acabe consentiu com os injustos atos de sua perversa esposa, a fim de
apossar-se do objeto da sua cobiça, a vinha de Nabote, o que fez logo em
seguida “E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era morto,
levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jezreelita, para tomar posse
dela” (I Rs 21.16). Todavia o que o casal tramara em oculto, o Deus de
Israel estava para revelar. A Bíblia diz que o Senhor enviou o profeta Elias
novamente para confrontar Acabe, dessa
vez na vinha de Nabote (I Rs 21.17,18). O rei já havia recebido uma palavra de
sentença de morte de um profeta desconhecido “a tua vida será em lugar da
sua vida” (I Rs 20.42); também do profeta Micaías “...se tu
voltares em paz, o Senhor não tem falado por mim” (I Rs 22.28); e por
conseguinte por meio do profeta Elias que anunciou que Acabe morreria e que
aconteceria com o seu corpo o mesmo que aconteceu com o de Nabote “No
lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote lamberão também o teu próprio
sangue” (I Rs 21.19-b) e ainda acrescentou o castigo a cerca da sua
mulher e da sua descendência (I Rs 21.23,24). O que aconteceu a seu tempo como
fora predito (I Rs 22.34-38; II Rs 9.34-36; II Rs 10.1-10).
IV –
COMO DEUS AGE ANTE AS INJUSTIÇAS
A
partir da história de Nabote, podemos concluir que Deus não fecha os olhos as
injustiças cometidas pelos homens,pois Ele é justo (Rm 1.17; 10.3; Jo 17.25; Sl
116.5; 2 Tm 4.8). A justiça é a santidade de Deus em ação, relativamente aos homens.
Na sua justiça, Ele zela pelo cumprimento das suas leis e normas dadas aos
homens. Na sua santidade e verdade, Deus não pode revogar a sua própria
Palavra, nem a sentença imposta aos transgressores, porque elas são imutáveis
como Ele o é, a menos que estes se arrependam e abandonem suas práticas pecaminosas.
A justiça de Deus leva o homem, que vive deliberadamente em pecado, ao juízo
divino (Dt 1.17). Quanto as injustiças Ele age com: IMPARCIALIDADE (sem
fazer acepção de pessoas) (Dt 10.17; II Cr 19.7; Rm 2.11; Ap 20.12); JUSTIÇA
(Êx 34.7; Nm 14.18; Na 1.3) e MISERICÓRDIA para aqueles
que se arrependem, livrando-os da condenação (Jr 18.7,8; Jn 3.4-10; Jl 2.12-14;
At 3.19; 17.31).
CONCLUSÃO
Concluímos
dizendo que esta lição nos alerta a termos cuidado com a cobiça. Esse terrível
sentimento não pode encontrar
guarida no coração do salvo, do contrário poderá conduzi-lo a perdição. Aqueles
que enveredam por esse caminho,receberão a devida recompensa, pois Deus julgará
os segredos dos homens naquele Dia (Rm 2.16; I Co 14.25).
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R.N. Enciclopedia
de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário
Bíblico Africano. MC
BERGSTEN, Eurico. Teologia
Sistemática. CPAD.
VINE, W.E et al. Dicionário
Vine. CPAD.
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