INTRODUÇÃO
Viver uma vida irrepreensível diante da
sociedade e principalmente diante de Deus é algo que não é tão fácil diante da
sociedade contemporânea. Veremos nesta lição que é possível ser moralmente e
espiritualmente firme e íntegro diante de Deus baseados na vida do Profeta
Daniel. Estudaremos algumas características de seu caráter e analisaremos também
algumas de suas qualidades como um bom servo do Senhor.
I – DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS
INTEGRIDADE E CARÁTER
ü Pode-se definir integridade como “solidez de caráter”. Pode,
também, significar o estado de “ser inteiro”, “ser completo”. Deriva-se do
verbo “integrar”, que significa “tornar unido para formar um todo completo ou
perfeito” “retidão, perfeição”. Qualidade de alguém de conduta reta, pessoa de
honra, ética, educada, imparcial, pureza ou castidade, o que é justo. Já a
palavra caráter significa o aspecto dinâmico da nossa personalidade.
É aquilo que nos faz diferentes dos outros, conjunto dos traços particulares de
uma pessoa (FERREIRA, 2004, pp. 1116, 402).
II – CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE
DANIEL (Dn 1.3)
“E disse o rei a Aspenaz
chefe dos seus eunucos...” (Dn 1.3-a).
Eunuco do hebraico “sarís”, era um macho castrado.
Por motivos óbvios, os eunucos eram
frequentemente encarregados dos haréns reais. Às vezes a alavra, por metáfora, era usada simplesmente
com referência a um oficial. Há quem defenda que exista uma grande
possibilidade de que Daniel e seus amigos tenham sido desvirilizados
(castrados) baseados na profecia de II Rs 20.18 e Is 39.7. No entanto, essa informação
não significa a literalidade
da palavra, não há nada absolutamente que prove que
Daniel e seus três amigos foram castrados, mais sim, que tenham apenas se
afastado do contato com mulheres e preservado o seu estado de castidade por uma
livre escolha e devoção “Porque
há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais;
e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus..." (Mt 19.12).
“....que trouxesse alguns
dos filhos de Israel..” (Dn 1.3-b). Esses
eram originalmente descendentes de Jacó ou Israel. Tinham a reputação de serem
da linhagem de Davi. Esses quatro jovens de Judá, por intermédio dos seus
nomes, testemunhavam do único e verdadeiro Deus. Quaisquer que tivessem sido as
limitações do seu ambiente religioso em Judá, seus pais lhes deram nomes que
serviam de testemunho ao Deus que serviam. Daniel significava: “Deus é meu juiz”; Hananias significava: “O Senhor tem sido gracioso
ou bondoso”; Misael significava: “Quem é como é Deus?” e Azarias declarava: “O Senhor é meu Ajudador”.
“...e da linhagem real e dos
nobres ou príncipes” (Dn 1.3-c). A
palavra nobres no hebraico “partemím” é um termo aparentemente usado com
referência a pessoas importantes.
ü
Entre esses cativos da primeira leva estava os
melhores da nação judaica, inclusive membros da casa real, provavelmente
descendentes do rei Ezequias, conforme a profecia de Isaías 39.6,7. Também refere-se a ilustres famílias, e
não somente à casa real de Davi. O sentido dos três termos, “Israel, linhagem real e
nobres”, indica que a seleção tinha de ser
feita entre os hebreus, tanto da família real como de outras famílias da
nobreza.
III - TRÊS QUALIFICAÇÕES DE DANIEL
Poucas personagens no AT são tão
conhecidas quanto Daniel, desarraigado da sua terra natal, educado numa sociedade
estrangeira, que manteve a firmeza do
caráter moral e espiritual e uma lealdade inabalável ao Deus do seu povo. As suas habilidades e a integridade
inspirada pela sua fé o conduziu a altos escalões de governo. Vejamos algumas de
suas qualificações:
QUALIDADES FÍSICAS - “Jovens sem nenhum
defeito...” (Dn 1.4-a).
Esta é a primeira de uma série de qualificações
estipuladas para a seleção de homens a serem treinados na corte da Babilônia.
Jovens no hebraico “yeladím”, entre quatorze ou quinze anos de idade
ou um pouco mais é o que parece certo. Ausência de defeito “...formoso e de boa
aparência...” (Dn 1.4-b). A mesma combinação de
palavras se usou em relação à beleza de Raquel (Gn 24.16; 26.7), Bate-Seba
(IISm 11.3), da Rainha Vasti (Et 1.11) e de Ester (Et 2.2; 3,7). Daniel e seus
amigos nobres (ou reais) eram fisicamente “perfeitos”.
QUALIDADES INTELECTUAIS - “Instruídos em toda a
sabedoria, doutos em ciência, e versados no conhecimento” (Dn 1.4-c).
Essas três expressões cumulativas “sabedoria, ciência e
conhecimento” enfatizam a capacidade natural. A
redundância da expressão hebraica é para dar ênfase e não para estabelecer
distinções. Referia-se mais ao que os jovens já eram e não ao que iriam se
tornar. “O programa educacional que estes jovens iriam se submeter provavelmente
incluiu o estudo da agricultura, da arquitetura, da engenharia, da astrologia,
da astronomia, das leis civis, da matemática e da difícil língua
acádica” (CHAMPLIN, 2009, p. 3374).
QUALIDADES MORAIS - “Que fossem competentes para
assistirem no palácio do rei” (Dn 1.4-d).
Talentos naturais e adquiridos que
capacitassem esses homens a servirem um rei esplêndido em um edifício magnífico
é o que se quis dizer. Os rapazes deviam ser humildes mas não tímidos. “E lhes ensinasse a cultura
e a língua dos caldeus” (Dn
1.4-e). A frase “competentes para assistirem
no palácio”, indica claramente que deveriam ter
conhecimentos em diversas áreas mais também ser moralmente justos.
IV – A INTEGRIDADE DE DANIEL COMO
MODELO PARA NOSSO DIAS
A decisão de não comer das iguarias do
rei era muito mais do que uma questão de conveniência ou saúde (Dn 1.8). A
palavra traduzida por contaminar-se “gaal”,
pode significar contaminação física (Is 63.3), "mancha", contaminação
moral (Sf 3.1), ou, mais frequentemente, contaminação cerimonial (Ed 2.62; Ne
7.64). Vejamos algumas lições:
Daniel um modelo de EXCELÊNCIA.
Mesmo tendo sido levado muito jovem
para o exílio babilônico, Daniel conhecia a Deus e não o trocaria por iguaria
alguma que lhe fosse oferecida. É um modelo para os jovens (Ec 12.1), como também
foram outros jovens na história bíblica como Samuel (1Sm 3.1-11), José (Gn
39.2), Davi (1Sm 16.12),Timóteo (2Tm 3.15). Durante toda a sua vida, Daniel foi
um exemplo de fidelidade, integridade e de oração, pois orava três vezes ao
dia, continuamente (Dn 6.10).
Daniel modelo de INTEGRIDADE numa
sociedade corrupta (Dn 1.6,7).
Apesar de todo o esforço de seus exatores
que os trouxeram para uma terra estranha e pagã, com costumes e hábitos,
dedicados a outros deuses, Daniel soube, durante toda a sua vida, manter-se
íntegro moral e fisicamente. A mudança de nome não os fez esquecerem de sua fé
e seu Deus Vivo e Poderoso (Dn 1.6,7).
Daniel modelo de SUPERAÇÃO pela
fidelidade a Deus (Dn 1.20).
Neste versículo a poderosa mão de Deus
dirigiu todo o curso dos acontecimentos, bem como, a saúde física, o vigor
intelectual e a capacidade de superar inteligências comuns. O texto diz que “Deus lhes deu o
conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria...” (Dn 1.17), tudo aquilo que os outros
príncipes do palácio não tinham.
V - OS PERIGOS E RISCOS DA
ACULTURAÇÃO
Daniel era radical em sua posição e não
estava aberto a mudanças, se essas interferissem em sua fidelidade a Deus. Ele
e seus companheiros compreenderam que a “babilonização” era uma porta aberta
para a apostasia. Daniel não negociou seus valores, não se corrompeu e nem se
mundanizou. Também não satanizou a cultura, dizendo que “tudo era do diabo”,
mas percorreu com sabedoria os corredores da universidade e do palácio sem se
corromper. Analisemos:
NOTA.
ü BABILÔNIA – Também chamada Império
Neobabilônico, suplantou a supremacia da Assiria e dominou o mundo, entre 605 e
539 a.C. O império babilônico durou cerca de setenta anos, os mesmos setente
anos do cativeiro de Judá. Babilônia, por sua vez, foi conquistada pelo rei
Ciro da Persa (539 a.C.), o qual autorizou os judeus a voltarem à sua pátria
(2Cr 36.22,23; Ed 11-4).
O perigo da mudança dos valores
(Dn 1.7).
Assim que chegaram na Babilônia seus
nomes foram trocados. Com isso a Babilônia queria que eles esquecessem o
passado e seu Deus. A Babilônia quis remover os marcos e arrancar suas raízes.
Entre os hebreus, o nome era resultado de uma experiência com Deus. A
universidade da Babilônia queria tirar a convicção de Deus da mente de Daniel e
de seus amigos e implantar neles novas convicções, novas crenças, novos valores,
por isso mudaram seus nomes. A Babilônia mudou os nomes deles, porém, não
mudou seus corações. Daniel
e seus amigos não permitiram que o ambiente, as circunstâncias e as pressões
externas ditassem sua conduta.
NOTA.
ü
FATO HITÓRICO (2 Rs caps 24 e 25)
Nabucodonosor, rei de Babilônia – poderoso monarca
do império babilônico, reinou de 605 -562 a.C. Em 605 ele invadiu a Palestina e
levou consigo para Babilônia certo número de reféns de Judá. Aí começou o
cativeiro de Judá de setenta anos de duração predito por Jeremias (Jr 25.11,12).
Jeremias, Ezequiel e Daniel profetizaram durante o reinado de Nabucodonosor. O supremo
líder da Babilônia era temido em todo o mundo. Quando invadia um país, seu
triunfo era certo. Após uma vitória, os babilônicos normalmente levavam as
pessoas mais talentosas e hábeis para Babilônia e deixavam as pessoas pobres
para trás, permitindo que estes tomassem a terra que desejassem e ali vivessem
pacificamente (2Rs 24.14), tal sistema favorecia a lealdade dos que permaneciam
nas terras conquistadas, ao mesmo tempo que asseguravam um suprimento constante
d pessoas sábias e talentosas para o serviço civil.
A destruição e o cativeiro de Judá por Nabucodonosor
ocorreram em três fases, a saber:
1 - Em 605 a.C., o rei Joaquim foi
aprisionado, posto a ferros e conduzido a Babilônia, com os oficiais da corte e
também Daniel e seus três amigos hebreus. Os tesouros do templo foram também
levados (2Rs 24.1-7; Dn 1.1-7; 2Cr 366,7).
2 - Em 597 a.C., Jerusalém foi
novamente invadida e desta vez o rei Jeoaquim, juntamente com o restante dos
tesouros de templo, e 10.000 homens, foi transportado para Babilônia (2Rs
24.14-16). Estando entre eles o profeta Ezequiel.
3 - Em 586 a.C., os babilônios invadiram
Jerusalém pela ultima vez; quando então destruíram a cidade e o templo. O Zedequias,
com todos os seus súditos, exceto aluns dos mais pobres, foram deportados para
Babilônia (2Rs 25.1-12; Jr 52.29).
O perigo das iguarias do mundo (Dn
1.8-a).
Os jovens, além de ter a melhor
universidade do mundo de graça, ainda teriam comida de graça, e da melhor
qualidade. Os alimentos consumidos pelos pagãos continham coisas consideradas cerimonialmente
imundas para os judeus. A carne da mesa do rei era sem dúvida morta de acordo
com o ritual pagão e oferecida a um deus. Os judeus estavam proibidos de comer
carne sacrificada a um deus pagão (Êx 34.15). Os judeus sempre enfrentaram este
problema ao comer fora de sua terra (Lv 3.17; 6.26; 17.10-14; 19.26; Os 9:3, 4;
Ez 4:13, 14).
O perigo das ofertas vantajosas
(Dn 1.19).
Muitos judeus se dispuseram a aceitar
as ofertas generosas da Babilônia. Esqueceram de Sião e dos absolutos da
Palavra de Deus. A Lei já não servia mais para eles. Agora estavam num “estágio
mais avançado” estudando as ciências do mundo. Além do mais, a Babilônia
oferecia riquezas, prazeres e delícias. A lei de Deus, pensavam, é muito
rígida, tem muitos preceitos. E assim, muitos se esqueceram de Deus e de Sua
Palavra (2Rs 24.14). Para eles, tudo havia se tornado relativo e ultrapassado.
No entanto, Daniel era ortodoxo, ou seja, vivia em plena obediência a Palavra
do Senhor (Dn 1.8).
CONCLUSÃO
Daniel, um jovem fiel a Deus apesar de
um passado de dor é um farol a ensinar-nos o caminho certo no meio da escuridão
do relativismo. Seu testemunho rompeu a barreira do tempo e ainda encoraja
homens e mulheres e jovens em todo o mundo a viver com integridade e santidade
em nossos dias.
REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. Mundo
Cristão.
CABRAL, Elienai. Integridade Moral e Espiritual: O Legado
do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. CPAD CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Daniel. Editora
Batista Regular.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
NOVO DICIONÁRIO
BIBLICO, Editora Vida Nova
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