No
capítulo 29 do livro do Êxodo, Moisés registra a cerimônia de
consagração de Arão e seus filhos para exercerem o ministério
sacerdotal em Israel. Veremos nesta lição a definição do termo
consagração, como ocorria esta cerimônia e a superioridade do
sacerdócio de Cristo.
I
– DEFINIÇÃO DE CONSAGRAÇÃO
A
palavra consagrar vem do latim “consecrare”,
formada por “com”,
que significa “inteiramente” e “sacer”,
que quer dizer “santo”. Portanto, consagrar significa “santificar
inteiramente”.
Os termos hebraicos usados no AT são qõdesh,
que pode ser traduzido por “consagração”,
“santidade”
e
incluem as ideias de “separação
de algum uso comum ou profano” e
de “separação
para o serviço divino”.
Pessoas e objetos eram separados para serviço divino, ou seja, eram
consagradas (Êx 29.35; 28.41; Lv 7.37; 21.10; Nm 3.3; 7.11; Js
6.19). Nessa separação há uma aceitação das coisas ou pessoas em
suas funções. Assim, Arão e seus filhos usavam vestes especiais em
suas funções sacerdotais, como sinal de sua aceitação e
consagração (Êx 29.29,33,35). Animais também eram consagrados,
conforme vemos em (Êx 29.22,31,34). Como crentes, somos convidados a
consagrar as nossas vidas a Cristo espiritual (Rm 12.1,2).
II
– A CERIMÔNIA DE CONSAGRAÇÃO SACERDOTAL
Três
coisas importantes ocorriam nesta consagração: sacrifícios de
animais, lavagem e unção dos sacerdotes, como veremos a seguir: Os
animais que deveriam ser sacrificados (Êx 29.1). Três
animais eram sacrificados durante a cerimônia de consagração: um
novilho e dois carneiros, sem mácula:
- O novilho - Arão e seus filhos deveriam colocar as mãos sobre a cabeça do novilho e depois ele seria degolado à porta da tenda, como oferta pelo pecado (Êx 29.10-14 Lv 8.14-17). Esse sacrifício purificava o sacerdote no caso de haver cometido algum pecado involuntário que poderia desqualificá-lo para representar o povo diante de Deus (Lv 4.3-12). Esta oferta já apontava para o sacrifício de Cristo (Is 53.5; Jo 1.29; Gl 3.13; Hb 13.11-13). A imposição de mãos apontava para a transferência dos pecados do sacerdote para o novilho (Lv 4.4,15,24,29,33; 16.21,22).
- O primeiro carneiro - Esta oferta simbolizava consagração total ao Senhor, e não um sacrifício pelo pecado (Êx 29.15-18; Lv 8.18-21). Arão e seus filhos deveriam impor as mãos sobre a cabeça do carneiro, não para transferência de pecado, pois já foi realizada na ocasião da morte do novilho (Êx 29.10-14), e sim, para oferecerem a si mesmo, como oferta agradável ao Senhor (Lv 8.21). Depois que o animal era degolado, seu sangue era espalhado sobre o altar, então ele deveria ser partido e suas entranhas e suas pernas deveriam ser lavadas (Êx 29.16,17; Lv 8.21). Esta lavagem apontava para a pureza daquele que estava sendo representado, ou seja, Arão e seus filhos.
- O segundo carneiro - Era chamado de “carneiro da consagração” (Êx 29.22; Lv 8.22). Neste sacrifício, também havia imposição de mãos sobre o carneiro (Êx 29.19). Depois que o carneiro era degolado, o sangue era colocado:(1) sobre a ponta da orelha direita de Arão e seus filhos, simbolizando que o sacerdote era alguém que deveria estar preparado para ouvir tudo que o Senhor ordenasse, afim de cumprir suas ordens;(2) sobre o dedo polegar da mão direita. Tendo em vista que as mãos são instrumentos de ação, simbolizava que o sacerdote deveria estar pronto a realizar tudo que Deus lhe ordenasse; e;(3) sobre o dedo polegar do pé direito, mostrando que o sacerdote deveria andar pelos caminhos que o Senhor lhe ordenasse. O resto do sangue era espalhado sobre o altar (Êx 29.19-23).
OS
SACERDOTES DEVERIAM SER LAVADOS COM ÁGUA
(Êx 29.4).
Esta
lavagem cerimonial dos sacerdotes com água simbolizava a pureza que
devia caracterizar o serviço sacerdotal, bem como a Palavra de Deus,
como fonte de purificação (Sl 119.9,11; Jo 13.10; 17.17). Como Deus
é santo (Lv 11.44,45; 19.2; 20.7; Is 48.17; I Pe 1.16) os sacerdotes
deveriam estar limpos tanto no ato da consagração como no exercício
do seu ofício (Êx 30.19-21). Caso contrário, eles estariam impuros
para cumprir suas obrigações diante do Senhor. Semelhantemente,
todos nós, como reino sacerdotal e nação santa (I Pe 2.9),
necessitamos estar limpos, para nos achegar a Deus (Jo 15.3; II Co
7.1; Ef 5.26). O escritor aos hebreus diz: “Cheguemo-nos
com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os
corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água
limpa” (Hb
10.22).
OS
SACERDOTES DEVERIAM SER UNGIDOS
(Êx 29.7).
No
AT, reis e sacerdotes recebiam a unção com óleo antes de exercerem
suas respectivas funções (Êx 28.41; Lv 8.12; Nm 35.25; I Sm 10.1;
12.3,5; II Sm 1.14,16; I Rs 1.39,46; 19.16). A unção de um
sacerdote lhe conferia um ofício vitalício (Lv 7.3; 4.3; 8.12-30;
10.7). Além dos sacerdotes, o tabernáculo e seus utensílios também
foram ungidos (Êx 30.26-29; 40.9; Lv 8.10). O azeite simboliza o
Espírito Santo; pois, ninguém pode realizar um serviço espiritual
sem a unção do Espírito. O próprio Jesus foi ungido pelo Espírito
(Is 60.1-3; Lc 4.18,19; Hb 1.9). Em sua totalidade, a cerimônia de
consagração dos sacerdotes durava sete dias (Êx 29.35-37).
III
– O SACERDÓCIO DE CRISTO
Existe
notável diferença entre o sacerdócio da Antiga Aliança e o
sacerdócio de Cristo. Isto por que, no Antigo Pacto, o sumo
sacerdote era imperfeito e oferecia sacrifício pelos seus próprios
pecados. Mas, quanto ao sacerdócio de Cristo, o escritor aos Hebreus
diz: “Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado
dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; Que não
necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia
sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois
pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si
mesmo” (Hb
7.26,27).
Base
Bíblica do Sacerdócio de Cristo. O
Senhor Jesus Cristo é o ministro de Deus para nós. Ele é o nosso
sacerdote para sempre. O salmista disse: “Jurou
o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo
a ordem de Melquisedeque” (Sl
110.4; Hb 5.6).
A
PERFEIÇÃO
DO SACERDÓCIO DE CRISTO.
Os
sacerdotes do Antigo Pacto intercediam pelos homens a Deus, mas não
podiam salvá-los. Jesus, porém, nosso sumo Sacerdote, não só vive
para interceder por nós (Hb 7.25) como nos assegurou uma perfeita
salvação (Jo 5.24; Rm 8.34).
A
SUPERIORIDADE
DO SACERDÓCIO DE CRISTO.
O
sacerdócio de Cristo nos proporciona uma superior esperança, e
constitui o fundamento de toda a certeza que temos quanto a salvação
e a vida eterna. Vejamos porque ele é superior:
O
SACERDÓCIO
DE CRISTO É ETERNO.
Por
ser sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.21), antecedeu,
em centenas de anos, ao de Arão (Êx 28.1-11); e é, portanto, autor
da salvação eterna. “E,
sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para
todos os que lhe obedecem” (Hb
5.9).
O
SACERDÓCIO
DE CRISTO ESTÁ BASEADO EM UMA SUPERIOR ALIANÇA.
As
Escrituras deixam bem claro que a Antiga Aliança era apenas sombra
dos bens futuros (Hb 10.1), demonstrando assim a superioridade da
Nova Aliança. O escritor aos Hebreus diz: “De
tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador” (Hb
7.22).
O
SACERDÓCIO
DE CRISTO É DETENTOR DE SUPERIORES PROMESSAS.
Sem
dúvidas, o sacerdócio de Cristo nos proporcionou gloriosas
promessas, tais como: ser templo do Espírito Santo (Jo 14.17,23); do
Batismo com o Espírito Santo (Lc 24.49; At 2.38,39); a adoção de
filhos (Jo 1.12; II Co 6.18; I Jo 3.1,2). “Mas
agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é
mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores
promessas” (Hb
8.6).
O
SACERDÓCIO
DE CRISTO INSPIRA SUPERIOR ESPERANÇA.
Diferente
dos sacrifícios do Antigo Pacto, que apenas cobriam temporariamente
o pecado, mas não transformava o pecador; o sacrifício de Cristo
aperfeiçoou para sempre os que são santificados; realizando o que a
Lei não podia fazer: santificar os pecadores. “Pois
a lei nenhuma coisa aperfeiçoou e desta sorte é introduzida uma
melhor esperança, pela qual chegamos a Deus” (Hb
7.19).
O
SACERDÓCIO
DE CRISTO OFERECE SACRIFÍCIO SUPERIOR.
Enquanto
que, no Antigo Pacto os sacrifícios eram de animais, no Novo Pacto,
Cristo ofereceu-se a si mesmo. Como nosso Sumo Sacerdote, Ele
penetrou no céu (Hb 9.11,12), onde apresenta ao Pai a eficácia
expiatória do seu sangue, e intercede por nós. “De
sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no
céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com
sacrifícios melhores do que estes... Porque é impossível que o
sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb
9.23; 10.4).
CONCLUSÃO
No
Antigo Pacto, Arão e seus filhos foram lavados e ungidos para
exercerem o ministério sacerdotal. Além disso, três animais eram
sacrificados, representando a expiação, oferta e consagração. Na
Nova Aliança, esta cerimônia torna-se desnecessária, tendo em
vista que Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote, perfeito, eterno e
superior aos sacerdotes do Antigo Testamento.
REFERÊNCIAS
ADEYMO,
Tokunboh. Comentário
Bíblico Africano. MUNDO
CRISTÃO.
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
_______________
.
O
Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
STAMPS,
Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD
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