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25/10/2014

LIÇÃO 04 – A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA - 4º TRIMESTRE 2014 (Dn 3.1-7,14)



 
INTRODUÇÃO

No capítulo 3 do livro de Daniel, Misael, Hananias e Azarias, se depararam com um culto idólatra promovido pelo rei que, por meio de um decreto, obrigou a todos que se curvassem diante de um ídolo. Contudo, eles demonstraram sua fidelidade mantendo-se de pé mesmo sob sentença de morte. Nesta lição, destacaremos algumas virtudes destes servos do Senhor e o que Deus pode realizar quando alguém se compromete com a sua Palavra, custe o que custar.

I – A PROPOSTA ARDILOSA DO REI NABUCODONOSOR

O registro do capítulo 3 do livro de Daniel sugere claramente que o propósito principal desta parte do livro é diretamente prático e não doutrinário. Como podemos ver, não há predições. A narrativa simplesmente fala do destino dos três amigos de Daniel na qualidade de firmes confessores da fé (Daniel não aparece no capítulo). “Por que Daniel não foi descoberto em desobediência civil como os três foram, explica-se melhor pela conjectura de que estivesse ausente da cidade em alguma obrigação oficial”.


A promoção da idolatria (Dn 3.1).
O paganismo fazia parte da cultura babilônica. Deuses como Aku, Bel, Nebo dentre outros eram adorados em Babilônia (Dn 1.7; 2.11; 3.12,14,18;5.4,23). A narrativa do capítulo 3 de Daniel elucida bem esta verdade, pois narra a construção de um ídolo (Dn 3). A descrição de quem a erigiu: Nabucodonosor; o material com que foi feito: ouro; o seu tamanho 30 metros de altura por 3 de largura; e as pessoas convidadas para prestigiar o evento nos mostra quão significativa era esta reunião e quão imponente era a estátua (Dn 3.1,2). Há três opiniões principais entre os estudiosos da Bíblia sobre que tipo de ídolo era esse que foi construído por Nabucodonosor:
(1ª) Talvez ele estivesse tentando reproduzir a estátua que vira em sonho (Dn 2.31-49); (2ª) podia estar homenageando seu padroeiro, Nebo, ou alguma outra divindade; e, (3ª) poderia ser uma imagem de si mesmo na tentativa de auto deificar-se, o que era uma prática pagã comum aos grandes conquistadores (Jz 8.27; II Sm 18.18; Dn 4.29,30). A Bíblia condena veemente a prática da idolatria (Êx 20.2-4,23; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3; I Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16; At 15.28,29; I Co 10.14; Cl 3.5; I Pe 4.3; I Jo 5.21).


A unificação da religião.
A política de Nabucodonosor após conquistar cidades era de torná-las colônias de exploração exigindo o pagamento de tributo (II Rs 24.1; 36.10), e conduzir cativos à elite do reino para que estes pudessem auxiliá-lo na administração do seu império (Dn 1.3-5; 3.4,5). Sabedor de que os seus conquistados eram de outras religiões, Nabucodonosor, intentou na construção dessa grande imagem de escultura fazer com que seu governo fosse supremo em tudo, tanto no aspecto civil quanto religioso, promovendo um grande culto ecumênico (Dn 3.3-5). “Inicialmente, o ecumenismo era a concretização do ideal apostólico de agregação de todos os que professam o nome de Cristo. Com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo religioso. Os que buscam semelhante universalidade, pregam a união indistinta entre protestantes, católicos, judeus, espíritas, budistas etc. Tal união é contrária ao espírito das Escrituras; tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são exclusivistas em matéria de fé e prática” (Lv 20.23-27; II Co 6.14-18) (ANDRADE, 2006, pp. 156,157).

ECUMENISMO:http://ebdestudosbiblicos.blogspot.com.br/2010/07/ecumenismo.html


Um decreto real nocivo (Dn 3.4-5,10).
Para forçar os convidados adorarem a estátua, o sagaz Nabucodonosor através do arauto anunciou que a homenagem aquele ídolo tinha a força de um decreto “Tu, ó rei, fizeste um decreto” (Dn 3.10- a). O Aurélio diz que um decreto é uma “determinação escrita, emanada do chefe do Estado, ou de outra autoridade superior” (FERREIRA, 2004, p. 608). Diante disto, não adorar a imagem era estar em desobediência civil a autoridade constituída. A Bíblia recomenda que o servo de Deus esteja sujeito a autoridade e a obedeça (Dn 3.12; 6.10,11; Lc 20.22- 25; Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.17). Todavia, quando a autoridade cria leis e decretos que contrariam a Palavra de Deus, que é a nossa regra de fé e prática, devemos preferir a vontade soberana do Senhor (Lc 12.31-33; At 5.27-29).


A pena capital (Dn 3.6,11).
Nabucodonosor parecia prever que alguns daqueles líderes que foram convidados para a cerimônia de consagração da estátua se opusesse a prostrar-se perante ela, por isso providenciou uma penalidade, um castigo severo para o que procedesse assim “E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente” (Dn 3.6). A fornalha de que se refere o texto “trata-se de um forno grande, com abertura no alto, usado para moldar coisas (Dn 3.22,23). Ao nível do chão havia uma porta, por onde o metal era extraído (Dn 3.26). Esse tipo de forno recebia o combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos quadro lados. Ele era usado para infligir punição capital por parte dos persas (Jr 29.22; Os 7.7). Usualmente tinha forma de cúpula”. Como podemos ver, o verdadeiro servo de Deus está disposto a sofrer o pior dos castigos que contrariar a vontade do Senhor (Dn 6.10-17; Hb 11.34-38).


II – A POSTURA FIRME DOS SERVOS DE DEUS

Após o anúncio do arauto e o toque dos instrumentos, os líderes que ali estavam dobraram-se diante da estátua de ouro (Dn 3.7). Todavia, o registro bíblico acrescenta que três judeus: Misael, Hananias e Azarias, mantiveram-se de pé. Por isso, foram acusados pelos caldeus de desrespeito ao rei “não fizeram caso de ti”, deslealdade “a teus deuses não servem” e desobediência “nem adoram a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.12). Com essa postura, eles revelaram possuir características que autenticam um verdadeiro servo de Deus. Destacaremos algumas:


Coragem (Dn 3.16-18).
O texto bíblico nos mostra que era necessário muita coragem por parte destes homens judeus de se contrapor a vontade do seu patrão Nabucodonosor, estando cientes de que não ficariam impunes por isso. O Aurélio define coragem como: “bravura em face do perigo. Intrepidez, ousadia” (FERREIRA, 2004, p. 549). “Um homem corajoso é aquele que não recua diante de consequências adversas, na realização do seu dever. A coragem é uma qualidade mental que leva o homem a enfrentar perigos ou oposição com intrepidez, calma, firmeza e propósito” (CHAMPLIN, p. 899, 2004). A Bíblia exorta-nos a sermos corajosos (Sl 31.24; Pv 24.10; Lc 12.4,5; I Pe 3.14).


Fidelidade (Dn 3.12,18).
A expressão “fidelidade” advém da palavra “fiel” que significa: “que cumpre aquilo a que se obriga; leal” (FERREIRA, 2004, p. 894). Esta virtude é fruto do Espírito (Gl 5.22), que por sua vez é característica fundamental na vida de todo aquele que serve a Deus (Nm 12.7; I Sm 12.24; Pv 12.22; I Tm 4.10,12; Ap 2.10). “Os três homens poderiam ter transigido com o rei e defendido sua desobediência com argumentos como: 'todos estão fazendo isso', ou 'é uma das obrigações de nosso cargo', ou ainda 'dobraremos nossos joelhos, mas não o nosso coração'. Poderiam ter dito: 'podemos ser mais úteis para nosso povo como oficiais à serviço do rei do que como cinzas na fornalha do rei'. Contudo, a verdadeira fé não procura brechas para escapar; simplesmente obedece a Deus e sabe que ele fará aquilo que for melhor. A fé baseia-se em ordens e em promessas, não em argumentos e explicações”(WIERSBE, 2008, p. 324).


Determinação (Dn 3.16,17).
Determinado é alguém “decidido, resolvido” (FERREIRA, 2004, p. 667). É o que estes homens de Deus mostraram ser diante da proposta de Nabucodonosor de se curvarem diante da imagem e pouparem suas vidas da morte “não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.18-b). Aquele que é determinado em agradar a Deus ele o faz em todo tempo. Estes homens assim que chegaram a Babilônia juntos com Daniel assentaram no seu coração de não se contaminar (Dn 1.8). Passado um tempo, eles serviam ao Senhor mantendo a mesma fidelidade. Essa virtude foi reconhecida pelo próprio Nabucodonosor (Dn 3.8).


Capacidade de renunciar (Dn 3.18-20).
Do que poderemos abrir mão a fim de comprovarmos nossa fidelidade a Deus e aos homens? Misael, Hananias e Azarias mostraram que estavam dispostos a renunciar a própria vida, se preciso fosse. O martírio é preferível à apostasia. O texto deixa claro que eles não sabiam se Deus iria livrá-los, mas mesmo assim permaneceriam fiéis até a morte (Dn 3.17,18). O verdadeiro servo do Senhor está disposto a abrir mão de qualquer coisa por amor ao seu Deus (Gn 12.1-3; 22; Fp 3.5-8; Hb 11.24-27).


III – A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA

Tanto os hebreus como o Deus deles foi afrontado por Nabucodonosor (Dn 3.15). Contudo, nesta ocasião o Senhor resolveu intervir trazendo três benefícios aos seus servos, a fim de mostrar a Nabucodonosor, aquela multidão, aos três judeus e a todos aqueles que lhe obedecem, que para Ele nada é impossível (Gn 18.14; Lc 1.37).


Livramento.
O rei furioso mandou lançar os judeus amarrados dentro de fornalha. Todavia, algo extraordinário aconteceu, aqueles hebreus não sofreram queimadura alguma, porque Deus estava com eles dentro do forno aniquilando o poder do fogo, livrando-os da morte conforme asseverou e viu o próprio Nabucodonosor (Dn 3.25).


Honra.
A Bíblia ensina que aquele que honra a Deus por ele será honrado (I Sm 2.30; Jo 12.26). “Diante do grandioso milagre operado por Deus, o monarca babilônico firma em seu coração um propósito pelo qual a soberania do verdadeiro Deus fosse reconhecida e aceita por todos os povos sob seu governo. Nabucodonosor reconhece isso e declara: “porquanto não ha outro Deus que possa livrar como este” (Dn 3.29-b)” (SILVA, 1986, p. 69).


Prosperidade.
Após o ocorrido, aqueles homens de Deus foram promovidos por Nabucodonosor “Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de Babilônia” (Dn.3.30). Deus recompensa tanto nesta vida quanto no porvir aqueles que lhe servem de forma agradável (Dn 12.13; II Tm 4.8).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, Deus glorificou o seu nome proporcionando livramento aos três judeus que se propuseram honrá-lo mesmo correndo risco de morte. Devemos agir de forma semelhante diante das atuais propostas do inimigo. Não devemos jamais abrir mãos de valores inegociáveis.


REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPA

17/10/2014

LIÇÃO 03 – O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA - 4º TRIMESTRE 2014 (Dn 2.12-23)


 INTRODUÇÃO

Uma das principais lições que aprendemos na Bíblia, principalmente no livro de Daniel, é que o Soberano Deus intervém na história da humanidade (Dn 2.20-22; 3.28; 4.24,37; 5.18,24; 6.22,26,27). Nesta lição, estudaremos sobre a intervenção de Deus na História e também sobre o sonho do rei Nabucodonosor, onde Deus revelou os reinos que sucederiam a Babilônia.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA INTERVENÇÃO

Segundo Aurélio, o termo intervenção, do latim, “interventione” significa “ato de intervir”, “interferência”. Existem
duas teorias acerca da intervenção de Deus na história. Vejamos:

Deísmo. “Doutrina que, apesar de admitir a existência do Supremo Ser, ensina não estar Ele interessado no curso que a história toma ou venha a tomar. Noutras palavras, de acordo com o deísmo, Deus limitou-se tão somente a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte” (ANDRADE, 2006, p. 133)

Teísmo. “Doutrina que admite a existência de um Deus pessoal, Criador e Preservador e tudo quanto existe, e que, em sua inquestionável sabedoria, intervém nos negócios humanos” (ANDRADE, 2006, p. 338).

II - A INTERVENSÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

A Bíblia nos mostra claramente que Deus intervém na história. Ele é o Deus vivo, que intervém na história da humanidade e faz tudo que lhe apraz (Dt 32.39; Jó 5.8-13,18; Sl 115.3; Ec 8.3; Dn 2.20-22).. Ele intervém, tanto de forma individual como de coletiva. Vejamos:
Individualmente: Muitos servos de Deus tiveram experiências que provam claramente a intervenção de Deus em suas vidas, tais como: Enoque, ao ser trasladado por Deus (Gn 5.24); quando concedeu um filho a Sara de forma milagrosa, pois além de estéril estava avançada em idade (Gn 21); no momento em que Deus livrou Daniel na cova dos leões (Dn 6); e tantos outros (Jz 13.3-5; I Sm 1.19; Jó 42.10; Is 6.6-8; Jr 1; Ez 1).
Coletivamente: Deus também interfere na história de forma coletiva, como podemos observar no juízo que ele trouxe sobre a terra por ocasião do dilúvio (Gn 6-8); na confusão das línguas (Gn 11.1-9); na destruição das cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 19.24-28); na formação e preservação da nação de Israel (Gn 12.1-3; Êx 19.5,6); na destruição dos cananeus, como está registrado no livro de Josué; no envio do profeta Jonas a cidade de Nínive (Jn 1-4); na destruição do exército de Senaqueribe (II Rs 19.32-35); nas experiências dos servos de Deus em Babilônia, registradas no livro do profeta Daniel (Dn 3).

III – A INTERVENÇÃO DIVINA REVELADA NO SONHO DE NABUCODONOSOR

A Bíblia nos mostra que Deus fala e também revela o futuro por intermédio de sonhos (Jó 33.15,16; Gn 37.5-10; 40.5-9; 41.1-32; Nm 12.6; Jz 7.13-15; Dn 4.5-19; 7.1; Mt 1.20; 2.12,13,19,22). No capítulo 2 de Daniel, encontramos uma das mais extraordinárias profecias acerca dos grandes impérios que surgiram após o babilônico, inclusive, o Reino Milenial de Cristo, que ainda terá seu cumprimento no futuro, e demonstra como o Soberano Deus intervém na história, como veremos a seguir:

O Sonho.
 No segundo ano do seu reinado, Nabucodonosor, rei de Babilônia, foi dormir pensando no que ocorreria depois do seu reino (Dn 2.29), e teve um sonho que lhe deixou perturbado. Ele sonhou com uma grande estátua, cuja cabeça era de ouro; o peito e os braços de prata; o ventre e as coxas de cobre; as pernas de ferro; e os pés, em parte de ferro e em parte de barro. Ele viu ainda quando uma pedra foi lançada, sem o auxílio de mãos, e feriu a estátua nos pés, e despedaçou o barro, o ferro, o bronze, a prata e o ouro. E, a pedra que feriu a estátua, tornou-se num grande monte, e encheu toda a terra (Dn 2.31-35).

O esquecimento do sonho e a perturbação do rei.
 Os caldeus acreditavam que os deuses se comunicavam com os homens por intermédio de sonhos. Por isso, Nabucodonosor julgou que seus deuses queriam comunicar-lhe algo acerca do seu reino (Dn 2.3). Mas, ele esqueceu só sonho, ficou perturbado e teve até insônia (Dn 2.1). O que o rei não sabia é que não se tratava de nenhum deus da Babilônia, e sim, do Deus de Israel, que Nabucodonosor veio a conhecê-lo posteriormente, depois de algumas experiências envolvendo Daniel e seus amigos na corte de Babilônia (Dn 2.46-48; 3.28,29; 4.37).

A incapacidade dos adivinhadores de Babilônia.
O rei mandou chamar, então, os magos, os astrólogos, os encantadores e os caldeus para lhe declarar o sonho e dar-lhe a sua interpretação (Dn 2.2). Eles eram conselheiros do rei, e eram peritos em astrologia, astronomia, adivinhações, artes mágicas, interpretação de sonhos e assuntos afins. As atividades desses servos do rei eram praticadas desde os tempos antigos no Egito (Êx 7.11,22; 8.7,18,19). Mas, nenhum deles puderam dizer o sonho e nem dar a sua interpretação (Dn 2.11), pois aquele sonho veio do próprio Deus, e somente Ele poderia revelar e dar-lhe a sua interpretação (Dn 2.29).

A ordem para matar os sábios de Babilônia.
Diante da frustração, o rei ficou enfurecido e decidiu mandar matar todos os sábios, inclusive Daniel e seus amigos: “Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos” (Dn 2.13). Mas, Daniel, sabiamente, numa atitude de fé, pediu ao rei, por intermédio de Arioque, que lhe desse tempo para ele dar a interpretação do sonho, e chamou seus companheiros para buscarem a Deus em oração, para que Deus lhe revelasse o sonho, para que eles não fossem mortos também (Dn 2.16-18).
Deus revelou o sonho a Daniel. Não podemos dizer, ao certo, por quanto tempo Daniel e seus companheiros oraram por esta causa; mas, no momento oportuno, Deus revelou o sonho a Daniel numa visão durante a noite (Dn 2.19). Então, Daniel louvou a Deus, dizendo: “Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz” (Dn 2.20-23).

A cabeça de ouro.
O profeta Daniel disse ao rei Nabucodonosor: “... tu és a cabeça de ouro” (Dn 2.38). Logo, a cabeça de ouro representa, tanto o império babilônico como o próprio rei. O império babilônico recebeu na Bíblia Sagrada o título de “o ornamento dos reino”, “a glória e a soberba dos caldeus”, e a sua capital foi chamada de “cidade dourada” (Is 13.19; 14.4).

O peito e os braços de prata.
Este segundo império está simbolizado na estátua pelo peito e braços de prata, diz respeito ao império que foi formado pela união de dois povos: Os Medos e os Persas. “Ciro, o Persa derrotou os medos em 550 a.C., e empreendeu as conquistas que deram como resultado a fundação do Império Persa que dominou o mundo de 539 a 331 a.C.

O ventre e as coxas de cobre.
Simbolizam o terceiro Império Mundial, a Grécia, que tornou-se conhecida no mundo inteiro devido as conquistas do seu líder, Alexandre, que conquistou o mundo conhecido da sua época. O Império grego perdurou de 331 a 146 a.C.

As pernas de ferro.
Refere-se ao Império Romano que cumpriu cabalmente tudo o que dele se acha escrito nas profecias (Dt 28.50-53; Dn 2.40,7.7). Este foi o mais longo de todos os Impérios, que durou por mais de seis séculos (de 146a.C. a 476 d.C.).

Pés de ferro com barro.
Os reinos anteriores já se cumpriram no passado. Este é futuro e diz respeito a restauração do Império Romano, que se dará pelo governo do Anticristo na terra durante os sete anos de Tribulação (Dn 9.27; 11.31-45; II Ts 2.3-8; Ap 13.1-10).

A pedra atirada sem o auxílio de mãos.
De acordo com o sonho de Nabucodonosor, a pedra atingiu a estátua, não na cabeça de ouro (Império Babilônico); nem no peito e braços de prata (Império Medo-persa); nem no ventre e coxas de bronze (Império Grego); nem nas pernas de ferro (Império Romano); mas, sim nos pés e nos dedos em parte de ferro e barro (O Império Romano restaurado). Será o Reino de Cristo na terra por mil anos (Is 2.3; 60.3; 66.2; Je 3.17; Ap 20.1-6).

CONCLUSÃO

Como pudemos ver, o Soberano Deus intervém na História dos homens, e faz tudo o que lhe apraz. O sonho de
Nabucodonosor não foi um sonho comum; mas, uma profecia acerca dos Reinos que sucederiam a Babilônia (Medo-Persa, Grego, Romano), inclusive do Reino Milenial de Cristo, quando “... o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, e será estabelecido para sempre” (Dn 2.44).

BIBLIOGRAFIA
• ALMEIDA, Abraão de. Uma profecia para Hoje. BEREIA.
• __________________. As Visões Proféticas de Daniel. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário teológico. CPAD.
• GILBERTO, Antonio. Daniel & Apocalipse. CPAD.
• SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

10/10/2014

LIÇÃO 02 – A FIRMEZA DO CARÁTER MORAL E ESPIRITUAL DE DANIEL - 4º TRIM/ 2014 (Dn 1.1-8;17,20)

INTRODUÇÃO

Viver uma vida irrepreensível diante da sociedade e principalmente diante de Deus é algo que não é tão fácil diante da sociedade contemporânea. Veremos nesta lição que é possível ser moralmente e espiritualmente firme e íntegro diante de Deus baseados na vida do Profeta Daniel. Estudaremos algumas características de seu caráter e analisaremos também algumas de suas qualidades como um bom servo do Senhor.

I – DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS INTEGRIDADE E CARÁTER

ü  Pode-se definir integridade como “solidez de caráter”. Pode, também, significar o estado de “ser inteiro”, “ser completo”. Deriva-se do verbo “integrar”, que significa “tornar unido para formar um todo completo ou perfeito” “retidão, perfeição”. Qualidade de alguém de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, imparcial, pureza ou castidade, o que é justo. Já a palavra caráter significa o aspecto dinâmico da nossa personalidade. É aquilo que nos faz diferentes dos outros, conjunto dos traços particulares de uma pessoa (FERREIRA, 2004, pp. 1116, 402).

II – CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE DANIEL (Dn 1.3)

“E disse o rei a Aspenaz chefe dos seus eunucos...” (Dn 1.3-a).

Eunuco do hebraico “sarís”, era um macho castrado.
Por motivos óbvios, os eunucos eram frequentemente encarregados dos haréns reais. Às vezes a  alavra, por metáfora, era usada simplesmente com referência a um oficial. Há quem defenda que exista uma grande possibilidade de que Daniel e seus amigos tenham sido desvirilizados (castrados) baseados na profecia de II Rs 20.18 e Is 39.7. No entanto, essa informação não significa a literalidade da palavra, não há nada absolutamente que prove que Daniel e seus três amigos foram castrados, mais sim, que tenham apenas se afastado do contato com mulheres e preservado o seu estado de castidade por uma livre escolha e devoção “Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus..." (Mt 19.12).

“....que trouxesse alguns dos filhos de Israel..” (Dn 1.3-b). Esses eram originalmente descendentes de Jacó ou Israel. Tinham a reputação de serem da linhagem de Davi. Esses quatro jovens de Judá, por intermédio dos seus nomes, testemunhavam do único e verdadeiro Deus. Quaisquer que tivessem sido as limitações do seu ambiente religioso em Judá, seus pais lhes deram nomes que serviam de testemunho ao Deus que serviam. Daniel significava: “Deus é meu juiz”; Hananias significava: “O Senhor tem sido gracioso ou bondoso”; Misael significava: “Quem é como é Deus?” e Azarias declarava: “O Senhor é meu Ajudador”.

“...e da linhagem real e dos nobres ou príncipes” (Dn 1.3-c). A palavra nobres no hebraico partemím” é um termo aparentemente usado com referência a pessoas importantes.

ü  Entre esses cativos da primeira leva estava os melhores da nação judaica, inclusive membros da casa real, provavelmente descendentes do rei Ezequias, conforme a profecia de Isaías 39.6,7. Também refere-se a ilustres famílias, e não somente à casa real de Davi. O sentido dos três termos, “Israel, linhagem real e nobres”, indica que a seleção tinha de ser feita entre os hebreus, tanto da família real como de outras famílias da nobreza.

III - TRÊS QUALIFICAÇÕES DE DANIEL

Poucas personagens no AT são tão conhecidas quanto Daniel, desarraigado da sua terra natal, educado numa sociedade estrangeira, que manteve a firmeza do caráter moral e espiritual e uma lealdade inabalável ao Deus do seu povo. As suas habilidades e a integridade inspirada pela sua fé o conduziu a altos escalões de governo. Vejamos algumas de suas qualificações:


QUALIDADES FÍSICAS - “Jovens sem nenhum defeito...” (Dn 1.4-a).

Esta é a primeira de uma série de qualificações estipuladas para a seleção de homens a serem treinados na corte da Babilônia. Jovens no hebraico yeladím”, entre quatorze ou quinze anos de idade ou um pouco mais é o que parece certo. Ausência de defeito “...formoso e de boa aparência...” (Dn 1.4-b). A mesma combinação de palavras se usou em relação à beleza de Raquel (Gn 24.16; 26.7), Bate-Seba (IISm 11.3), da Rainha Vasti (Et 1.11) e de Ester (Et 2.2; 3,7). Daniel e seus amigos nobres (ou reais) eram fisicamente “perfeitos”.


QUALIDADES INTELECTUAIS - “Instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e versados no conhecimento” (Dn 1.4-c).

Essas três expressões cumulativas “sabedoria, ciência e conhecimento” enfatizam a capacidade natural. A redundância da expressão hebraica é para dar ênfase e não para estabelecer distinções. Referia-se mais ao que os jovens já eram e não ao que iriam se tornar. “O programa educacional que estes jovens iriam se submeter provavelmente incluiu o estudo da agricultura, da arquitetura, da engenharia, da astrologia, da astronomia, das leis civis, da matemática e da difícil língua acádica” (CHAMPLIN, 2009, p. 3374).


QUALIDADES MORAIS - “Que fossem competentes para assistirem no palácio do rei” (Dn 1.4-d).

Talentos naturais e adquiridos que capacitassem esses homens a servirem um rei esplêndido em um edifício magnífico é o que se quis dizer. Os rapazes deviam ser humildes mas não tímidos. “E lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus” (Dn 1.4-e). A frase “competentes para assistirem no palácio”, indica claramente que deveriam ter conhecimentos em diversas áreas mais também ser moralmente justos.


IV – A INTEGRIDADE DE DANIEL COMO MODELO PARA NOSSO DIAS

A decisão de não comer das iguarias do rei era muito mais do que uma questão de conveniência ou saúde (Dn 1.8). A palavra traduzida por contaminar-se “gaal”, pode significar contaminação física (Is 63.3), "mancha", contaminação moral (Sf 3.1), ou, mais frequentemente, contaminação cerimonial (Ed 2.62; Ne 7.64). Vejamos algumas lições:


Daniel um modelo de EXCELÊNCIA.

Mesmo tendo sido levado muito jovem para o exílio babilônico, Daniel conhecia a Deus e não o trocaria por iguaria alguma que lhe fosse oferecida. É um modelo para os jovens (Ec 12.1), como também foram outros jovens na história bíblica como Samuel (1Sm 3.1-11), José (Gn 39.2), Davi (1Sm 16.12),Timóteo (2Tm 3.15). Durante toda a sua vida, Daniel foi um exemplo de fidelidade, integridade e de oração, pois orava três vezes ao dia, continuamente (Dn 6.10).


Daniel modelo de INTEGRIDADE numa sociedade corrupta (Dn 1.6,7).

Apesar de todo o esforço de seus exatores que os trouxeram para uma terra estranha e pagã, com costumes e hábitos, dedicados a outros deuses, Daniel soube, durante toda a sua vida, manter-se íntegro moral e fisicamente. A mudança de nome não os fez esquecerem de sua fé e seu Deus Vivo e Poderoso (Dn 1.6,7).


Daniel modelo de SUPERAÇÃO pela fidelidade a Deus (Dn 1.20).

Neste versículo a poderosa mão de Deus dirigiu todo o curso dos acontecimentos, bem como, a saúde física, o vigor intelectual e a capacidade de superar inteligências comuns. O texto diz que “Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria...” (Dn 1.17), tudo aquilo que os outros príncipes do palácio não tinham.


V - OS PERIGOS E RISCOS DA ACULTURAÇÃO

Daniel era radical em sua posição e não estava aberto a mudanças, se essas interferissem em sua fidelidade a Deus. Ele e seus companheiros compreenderam que a “babilonização” era uma porta aberta para a apostasia. Daniel não negociou seus valores, não se corrompeu e nem se mundanizou. Também não satanizou a cultura, dizendo que “tudo era do diabo”, mas percorreu com sabedoria os corredores da universidade e do palácio sem se corromper. Analisemos:

NOTA.
ü  BABILÔNIA – Também chamada Império Neobabilônico, suplantou a supremacia da Assiria e dominou o mundo, entre 605 e 539 a.C. O império babilônico durou cerca de setenta anos, os mesmos setente anos do cativeiro de Judá. Babilônia, por sua vez, foi conquistada pelo rei Ciro da Persa (539 a.C.), o qual autorizou os judeus a voltarem à sua pátria (2Cr 36.22,23; Ed 11-4).


O perigo da mudança dos valores (Dn 1.7).

Assim que chegaram na Babilônia seus nomes foram trocados. Com isso a Babilônia queria que eles esquecessem o passado e seu Deus. A Babilônia quis remover os marcos e arrancar suas raízes. Entre os hebreus, o nome era resultado de uma experiência com Deus. A universidade da Babilônia queria tirar a convicção de Deus da mente de Daniel e de seus amigos e implantar neles novas convicções, novas crenças, novos valores, por isso mudaram seus nomes. A Babilônia mudou os nomes deles, porém, não mudou seus corações. Daniel e seus amigos não permitiram que o ambiente, as circunstâncias e as pressões externas ditassem sua conduta.

NOTA.
ü  FATO HITÓRICO (2 Rs caps 24 e 25)

Nabucodonosor, rei de Babilônia – poderoso monarca do império babilônico, reinou de 605 -562 a.C. Em 605 ele invadiu a Palestina e levou consigo para Babilônia certo número de reféns de Judá. Aí começou o cativeiro de Judá de setenta anos de duração predito por Jeremias (Jr 25.11,12). Jeremias, Ezequiel e Daniel profetizaram durante o reinado de Nabucodonosor. O supremo líder da Babilônia era temido em todo o mundo. Quando invadia um país, seu triunfo era certo. Após uma vitória, os babilônicos normalmente levavam as pessoas mais talentosas e hábeis para Babilônia e deixavam as pessoas pobres para trás, permitindo que estes tomassem a terra que desejassem e ali vivessem pacificamente (2Rs 24.14), tal sistema favorecia a lealdade dos que permaneciam nas terras conquistadas, ao mesmo tempo que asseguravam um suprimento constante d pessoas sábias e talentosas para o serviço civil.

A destruição e o cativeiro de Judá por Nabucodonosor ocorreram em três fases, a saber:
1 - Em 605 a.C., o rei Joaquim foi aprisionado, posto a ferros e conduzido a Babilônia, com os oficiais da corte e também Daniel e seus três amigos hebreus. Os tesouros do templo foram também levados (2Rs 24.1-7; Dn 1.1-7; 2Cr 366,7).

2 - Em 597 a.C., Jerusalém foi novamente invadida e desta vez o rei Jeoaquim, juntamente com o restante dos tesouros de templo, e 10.000 homens, foi transportado para Babilônia (2Rs 24.14-16). Estando entre eles o profeta Ezequiel.

3 - Em 586 a.C., os babilônios invadiram Jerusalém pela ultima vez; quando então destruíram a cidade e o templo. O Zedequias, com todos os seus súditos, exceto aluns dos mais pobres, foram deportados para Babilônia (2Rs 25.1-12; Jr 52.29).


O perigo das iguarias do mundo (Dn 1.8-a).

Os jovens, além de ter a melhor universidade do mundo de graça, ainda teriam comida de graça, e da melhor qualidade. Os alimentos consumidos pelos pagãos continham coisas consideradas cerimonialmente imundas para os judeus. A carne da mesa do rei era sem dúvida morta de acordo com o ritual pagão e oferecida a um deus. Os judeus estavam proibidos de comer carne sacrificada a um deus pagão (Êx 34.15). Os judeus sempre enfrentaram este problema ao comer fora de sua terra (Lv 3.17; 6.26; 17.10-14; 19.26; Os 9:3, 4; Ez 4:13, 14).


O perigo das ofertas vantajosas (Dn 1.19).

Muitos judeus se dispuseram a aceitar as ofertas generosas da Babilônia. Esqueceram de Sião e dos absolutos da Palavra de Deus. A Lei já não servia mais para eles. Agora estavam num “estágio mais avançado” estudando as ciências do mundo. Além do mais, a Babilônia oferecia riquezas, prazeres e delícias. A lei de Deus, pensavam, é muito rígida, tem muitos preceitos. E assim, muitos se esqueceram de Deus e de Sua Palavra (2Rs 24.14). Para eles, tudo havia se tornado relativo e ultrapassado. No entanto, Daniel era ortodoxo, ou seja, vivia em plena obediência a Palavra do Senhor (Dn 1.8).


CONCLUSÃO

Daniel, um jovem fiel a Deus apesar de um passado de dor é um farol a ensinar-nos o caminho certo no meio da escuridão do relativismo. Seu testemunho rompeu a barreira do tempo e ainda encoraja homens e mulheres e jovens em todo o mundo a viver com integridade e santidade em nossos dias.

REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. Mundo Cristão.
CABRAL, Elienai. Integridade Moral e Espiritual: O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. CPAD CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Daniel. Editora Batista Regular.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

NOVO DICIONÁRIO BIBLICO, Editora Vida Nova

02/10/2014

LIÇÃO 01 – DANIEL, NOSSO “CONTEMPORÂNEO” - 4º TRIMESTRE 2014 (Dn 1.1,2; 7.1; 12.4)




 
  

 INTRODUÇÃO

Neste último trimestre de 2014 estudaremos mais uma riquíssima lição que tem como título: “Integridade Moral e Espiritual – o Legado de Daniel para a Igreja Hoje”. O livro de Daniel nos mostra a história de um judeu que apesar de ser deportado para a Babilônia, uma terra estranha e pagã, preservou a sua identidade moral e espiritual. Sua vida exemplar como servo de Deus se constitui num paradigma para todo aquele que deseja servir a Deus de forma agradável.

I – INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO DE DANIEL

Autor

O nome Daniel significa “Deus é juiz” ou “Deus é meu juiz”. A palavra Dã, significa “juízo ou justiça” (Gn 30.6; 49.16), e a expressão El é a abreviação do nome de Deus “Elohim” (Gn 1.1; Nm 23.8). Outras informações acerca de Daniel merecem destaque:

ü      era membro da família real e nasceu em Jerusalém, em 623 a.C. aproximadamente, durante a reforma de Josias e no principio do ministério de Jeremias;
ü      foi levado a Babilônia por ocasião do primeiro exílio em 605 a.C., foi selecionado para o serviço real depois de um período de três anos de estudos especiais, tendo recebido o nome de “Beltessazar”, uma das divindades da Babilônia;
ü      Em 603, aos 20 anos aproximadamente, Daniel foi declarado governador da província da Babilônia e chefe supremo de todos os “sábios”.
ü      Durante um período de quase setenta anos, Daniel serviu a seis governadores babilônios e a dois persas. No governo de três deles (Nabucodonosor, Belsazar e Dario I) foi elevado a primeiro-ministro. Ocupou essa função durante o cativeiro final de Judá e o regresso dos cativos” (ELLISEN, 2012, p. 258).

Provas da autoria de Daniel

Seguem alguns indícios que comprovam a autoria de Daniel:

ü    Do mesmo modo que Moisés, Samuel, Esdras e outros reconhecidos autores do Antigo Testamento, Daniel registra os capítulos históricos na terceira pessoa. Ao narrar as quatro visões (Dn 7-12), escreve sempre na primeira pessoa, identificando-se muitas vezes: “eu, Daniel”.
ü    Ezequiel reconheceu a historicidade de Daniel na sua época, mostrando com isso que sua notável sabedoria e seu caráter integro eram legendários, comparáveis aos de Noé e Jó (Ez 14.14, 20; 28.3). (3) O autor demonstra cabal conhecimento dos hábitos, costumes, história e religiões do sexto século a.C. (Dn 1.5, 10; 2.2; 3.3, 10 etc).
ü     Jesus reconheceu Daniel como o autor das visões de (Dn 9.27, 11.31 e 12.11), as últimas partes do livro (Mt 24.15).
ü     “Josefo, historiador judeu do primeiro século, mencionou que Alexandre o Grande foi anunciado no Livro de Daniel e na sua profecia sobre o poder em ascensão na Grécia e o primeiro rei que conquistaria a Pérsia (Dn 8.21; 11.3)” (JOSEFO, apud, ELLISEN, 2012, pp. 258,259 – acréscimo nosso).

Data e Lugar

“O livro de Daniel foi escrito entre 606-534 a.C., durante o exílio do povo de Deus em Babilônia. (O exílio foi mesmo de 606 a 536 a.C.). Babilônia era a capital do império” (GILBERTO, p. 08, 2010).

Divisão do livro e tema.

O livro de Daniel pode ser divido em duas partes, a saber:

ü     Parte histórica (capítulos 1 a 6) - Uma espécie de biografia de Daniel, havendo também o elemento profético, especialmente no capítulo 2.
ü     Parte profética (capítulos 7 a 12) - Visão geral e pormenorizada dos últimos impérios mundiais dos tempos dos gentios, sucedidos pelo reino dos santos do Altíssimo (Dn 7.22).
ü     O tema do livro é: Deus revela o profundo e o escondido, e governa os reinos dos homens, como está escrito: “Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz” (Dn 2.22). “Até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer” (Dn 4.25-b)” (GILBERTO, p. 08, 2010 – acréscimo nosso).

Características especiais desse livro.

“Oito características principais assinalam o livro de Daniel.
ü      É o mais breve dos quatro profetas maiores e o mais lido e estudado de todos os profetas do AT.
ü     Nos trechos proféticos do NT, Daniel é mais frequentemente citado ou aludido do que qualquer outro livro do AT.
ü    É o “apocalipse” do AT e, como o de Apocalipse do NT, revela grandes temas proféticos de vital importância para a igreja do tempo do fim.
ü      Contém o resumo profético mais detalhado de toda a história final do AT. É a única profecia do AT que estabelece a data do primeiro advento de Cristo (Dn 9.24-27).
ü      Revela mais a respeito do autor humano do que qualquer outro escrito profético do AT (com a possível exceção de Jeremias).
ü    Contém o melhor exemplo de intercessão pela restauração do povo de Deus baseada nas inspiradas promessas da Palavra de Deus (ver cap. 9, baseado em Jr 25.11-16; 29.7,10-14).
ü      As histórias de Daniel e dos seus amigos estão entre as mais queridas da Bíblia.
ü      O episódio da “escritura na parede” durante o banquete de Belsazar é muitíssimo conhecido por toda a parte (Dn 5)” (STAMPS, 1995, p. 1243).

O livro de Daniel ante o NT.

ü      “A influência de Daniel no NT vai muito além das cinco ou seis vezes que o livro é citado diretamente. Muito da história e da profecia de Daniel reaparece nos trechos proféticos dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse. A profecia de Daniel a respeito do Messias vindouro contém uma descrição dEle como a “grande pedra” que esmagaria os reinos do mundo (Dn 2.34,35,45);
ü      O Filho do homem, a quem o Ancião de Dias daria o domínio, a glória e o reino (Dn 7.13,14); e
ü      “O Messias, o Príncipe” que viria e seria tirado (Dn 9.25,26)” (STAMPS, 1995, p. 1243).

Propósito do livro.

“Há duplo propósito no livro de Daniel:

ü     Dar ao povo do concerto do AT a certeza de que o juízo de seu cativeiro entre as nações gentias não seria permanente; e
ü    legar ao povo de Deus, no decurso da história, as visões proféticas da soberania de Deus sobre as nações, e do triunfo final do seu reino na terra. Este duplo objetivo é demonstrado no decorrer do livro, nas vidas de Daniel e de seus três amigos, e na mensagem e ministério proféticos de Daniel. O livro afirma que as promessas de Deus, de preservar e restaurar o seu povo, são tão firmes como o reino messiânico vindouro que durará para sempre” (STAMPS, 1995, p. 1242).

II – DANIEL, O APOCALIPSE DO ANTIGO TESTAMENTO

O livro de Daniel é tido por muitos estudiosos da Bíblia como o Apocalipse do AT, por causa da abundância de previsões escatológicas que ambos possuem de forma que, um não pode ser entendido sem o outro. “Daniel é o primeiro grande livro do Apocalipse. Embora apocalipse seja simplesmente uma palavra grega significando “descobrimento” ou “revelação” e é portanto com bastante propriedade um nome para todas as Escrituras, especialmente as porções preditivas, os teólogos e os exegetas costumam agora aplicá-la exclusivamente a certos tipos de literatura da qual Daniel é o único exemplo no AT e o Apocalipse é o único no NT” (MOODY, sd, p. 24-acréscimo nosso). Há uma estreita afinidade entre os temas escatológicos de Daniel e Apocalipse, como se segue:



III – DANIEL, UM MODELO DE SERVO DE DEUS

O conteúdo histórico do livro de Daniel relata a sua vida piedosa. Os desafios que ele enfrentou, retratam a realidade contemporânea, e a postura que assumiu diante da hostilidade a sua fé, nos ensina como devemos agir diante dos embates atuais. Elencamos aqui alguns traços do caráter desse justo servo de Deus:



CONCLUSÃO

O livro da Daniel nos traz um duplo ensinamento: primeiro, sua história se constitui num testemunho de que é possível servir a Deus fielmente em uma cultura hostil; segundo que Deus tem o controle do futuro em suas mãos e que apesar da maldade humana, seu plano soberano será estabelecido.


REFERÊNCIAS
ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
GILBERTO, Antonio. Daniel & Apocalipse. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.